A campanha Setembro Amarelo reforça a importância de falar sobre saúde mental em todas as áreas, inclusive quando o assunto envolve as mães, que muitas vezes carregam em silêncio o peso da culpa materna. Esta culpa, alimentada por expectativas sociais e pressões internas, pode não só minar o bem-estar emocional das mulheres, mas também evoluir para distúrbios graves, como a depressão pós-parto e o esgotamento materno.
Como a falta de acesso a informações corretas causa medo e insegurança nas mães, a psicóloga perinatal Rafaela Schiavo, fundadora do Instituto MaterOnline, esclarece as dúvidas mais comuns sobre a culpa materna e oferece dicas práticas para ajudar as mães a lidar melhor com esses sentimentos.
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1. O que é a culpa da mãe e por que isso acontece tanto?
A culpa materna é um sentimento que surge devido às ligações sociais e pessoais e à realidade da maternidade. Muitas mães se sentem culpadas por não conseguirem atender a todas as demandas e expectativas que a sociedade e elas mesmas impõem. É quase como se a culpa fosse uma sombra que acompanha a maternidade.
2. Como a culpa materna pode evoluir para depressão pós-parto?
Se a culpa materna não for abordada, pode evoluir para depressão pós-parto. A sobrecarga emocional, a falta de apoio e a idealização da maternidade são fatores que aumentam o risco de depressão, principalmente no pós-parto.
3. Quando é a hora de procurar ajuda profissional?
Se a mãe sentir tristeza persistente, falta de energia, dificuldade de conexão com o bebê ou pensamentos negativos, é importante procurar ajuda. A depressão pós-parto pode surgir até um ano após o parto, e o apoio psicológico pode ser importante para o bem-estar da mãe e do bebê.
4. Como a psicologia perinatal pode ajudar no tratamento da culpa materna e da depressão pós-parto?
A psicologia perinatal oferece suporte especializado para gestantes e puérperas. O tratamento pode ser realizado por meio de sessões individuais, em grupo ou familiares, que ajudam a mãe a lidar com os desafios emocionais da maternidade e a prevenir problemas mais graves.
5. É normal às vezes sentir-se cansada da maternidade?
Claro que sim. Todas as mães se sentem cansadas ou frustradas em algum momento. O importante é saber que isso não faz de você uma mãe ruim. Aceitar e falar sobre esses sentimentos ajuda muito.
6. Como a sociedade influencia a culpa materna?
A sociedade tem grandes expectativas em relação às mães. Esta pressão cultural pode fazer com que muitas mulheres se sintam culpadas por quererem trabalhar ou por outras escolhas pessoais. Reconhecer e questionar essas expectativas é um passo importante para se sentir melhor.
Dicas para lidar com a culpa da mãe e a depressão pós-parto:
- Seja gentil consigo mesmo: entenda que não há problema em não ser uma mãe perfeita. Porque mães perfeitas, além de não existirem, podem prejudicar o desenvolvimento da criança. Não se espera que as pessoas tenham mães perfeitas, mas sim mães possíveis, ou mães suficientemente boas
- Cuide-se: É muito importante reservar um tempo para cuidar da mente e do corpo
- Converse com seu obstetra: peça recomendações de psicólogos perinatais e conheça a nova Lei 14.721, que amplia o atendimento psicológico para gestantes, parturientes e puérperas pelo Sistema Único de Saúde (SUS)
- Junte-se a grupos de apoio: Compartilhar experiências com outras mães ajuda a reduzir sentimentos de culpa e fortalece o apoio emocional
- Procure ajuda profissional quando necessário: Se a culpa e a tristeza forem persistentes, procurar o apoio de um profissional de saúde mental pode ajudar a prevenir a progressão para a depressão pós-parto.
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