Revisão de estudos confirma segurança e eficácia da vacina da dengue – Jornal Estado de Minas

Revisão de estudos confirma segurança e eficácia da vacina da dengue – Jornal Estado de Minas


BARRA MANSA, RJ (FOLHAPRESS) – Um novo estudo italiano publicado na revista científica Vaccines confirma que Vacina TAK-003 para denguevendido comercialmente como Qdenga, é eficaz e seguro. Esta é a primeira meta-análise global da investigação sobre a vacina que analisa o trabalho realizado em todo o mundo e os seus resultados.

A vacina está disponível no SUS (Serviço Único de Saúde) para crianças de 10 a 14 anos. Produzida a partir do vírus atenuado, ela pode melhorar a resposta do sistema imunológico contra infecções por dengue, evitando que a doença evolua para formas mais graves.

A vacina está disponível no Brasil desde o início do ano passado, quando foi aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), após o produto apresentar estudos científicos e evidências robustas de sua eficácia.

Segundo os resultados, a vacina reduz o risco de contrair a doença em mais de 50% dos casos. Este é considerado um excelente perfil de segurança para este tipo de vacina.

Além disso, entre aqueles que são infectados, mais de 90% desenvolvem os anticorpos necessários para combater o patógeno. Entre as crianças, esse número é alcançado com apenas uma dose.

Pesquisas

A eficácia global contra a dengue sintomática foi de 67,3%, 75,8% para o sorotipo DENV-1 e 59,7% para DENV-2.

José Felipe Batista e Renato Rodrigues/Comunicação Butantan

Quase 20 estudos foram analisados ​​nesta meta-análise, incluindo dados de mais de 20.000 pessoas envolvidas em vários ensaios clínicos. Em alguns casos, os pacientes receberam apenas uma dose e, em outros, o esquema vacinal completo. Em alguns dos estudos, os voluntários foram monitorizados durante mais de um ano após a vacinação.

A dengue é uma doença causada por um vírus e transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. Nas suas formas mais graves, que podem ou não envolver sangramento, pode levar à morte.

Emy Gouveia, infectologista do Hospital Albert Einstein, afirma que ainda não existe tratamento antiviral específico para dengue. Atualmente as terapias utilizadas são de suporte, com repouso, hidratação e controle de sintomas, como febre e dores. “É por isso que a vacina é tão importante”, diz ela.

Nos últimos anos, o país registou um aumento significativo no número de casos. Para Alexandre Naime Barbosa, professor e chefe do departamento de infectologia da Unesp (Universidade Estadual Paulista), este é o pior cenário de dengue da história.

“Em 2024, provavelmente, infelizmente, será ainda pior. Os pais devem tomar medidas para proteger os filhos. É um insumo gratuito, disponível e que não pode ser negligenciado”, afirma.

DadosSUS

Queda nos casos de dengue no Brasil deve continuar até o final de novembro

Queda nos casos de dengue no Brasil deve continuar até o final de novembro

EBC

Um estudo brasileiro que fez um levantamento com base em informações do DataSUS revela que, entre janeiro e maio de 2024, ocorreram 4,6 milhões de novos casos de dengue no Brasil, ante 1,2 milhão no mesmo período do ano anterior. O aumento ocorreu principalmente nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul do país.

A faixa etária entre 10 e 14 anos é a segunda com maior risco de internação e morte pela doença, segundo Barbosa, perdendo apenas para os maiores de 60 anos – e por isso merece atenção especial, principalmente dos pais.

Quando infectadas, as crianças manifestam os sintomas clássicos: febre, dor de cabeça, vermelhidão, cansaço, fraqueza. Após os primeiros três ou quatro dias de infecção, aumentam as chances de desenvolver dengue grave, caracterizada por perda de consciência e desidratação.

Em alguns municípios, por falta de procura, a faixa etária do público-alvo foi ampliada. O esquema vacinal completo é composto por duas doses, que devem ser tomadas com intervalo de 90 dias.

“O ritmo de vacinação tem sido lento, a percepção de risco dos pais muitas vezes não é adequada”, afirma o infectologista.

Na rede privada de saúde, o QDenga pode ser tomado pelo público com idade entre 4 e 60 anos. “A procura no mercado privado já é diferente, é muito grande. São pessoas com alto poder aquisitivo que conhecem os riscos da doença em termos de internação”.

No início deste ano, um ensaio clínico de fase 3 de longo prazo, patrocinado pelo fabricante da vacina, a empresa farmacêutica japonesa Takeda, foi publicado na revista científica Lancet. A pesquisa, realizada com parâmetros científicos padrão ouro, acompanhou 20 mil participantes por um período entre 4 e 5 anos após o recebimento da segunda dose.

Os resultados mostram eficácia de mais de 60% dos casos contra a infecção pelo vírus da dengue e de mais de 80% contra internações.

A vacina também foi considerada segura pelos pesquisadores, que observaram baixo número de eventos adversos graves entre os participantes e nenhuma morte relacionada à vacina.

A professora e pesquisadora do departamento de patologia da USP (Universidade de São Paulo), Ester Sabino, também afirma que a vacina não é a única medida de prevenção que pode ser adotada.

“É possível prevenir com uso de repelentes e tomando cuidado para diminuir o mosquito nas residências. Uma vez infectada, a pessoa deve procurar atendimento médico e precisa se hidratar bastante”.

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