Não há dúvida de que o tratamento câncer de pulmão fez grandes avanços na última década, com o surgimento de novas terapias que revolucionaram o manejo da doença. Destacaremos dois tratamentos importantes que contribuíram diretamente para a evolução do tipo mais comum de câncer de pulmão, oferecendo benefícios que vão muito além da quimioterapia tradicional. São eles: os imunoterapia e o terapia alvo.
O que seria a imunoterapia?
A imunoterapia é um tratamento inovador que estimula o sistema imunológico do paciente para que ele mesmo reconheça e combata o tumor. Representa um marco importante no tratamento do câncer de pulmão e pode ser utilizado em todas as fases da doença. Nas fases iniciais, a imunoterapia aumenta muito as chances de cura, sendo administrada antes ou depois da cirurgia. Nas fases mais avançadas, quando o cancro se espalha para outros órgãos, tem o potencial, em alguns casos, de levar a remissões muito duradouras e, possivelmente, até à cura.
E quanto à terapia direcionada?
As terapias direcionadas são medicamentos que bloqueiam produtos genéticos específicos alterados no tumor que ajudam o câncer a proliferar. Esses mudanças genéticas são muito comuns em pacientes não fumantes que desenvolvem câncer de pulmão. Exemplos desses genes são EGFR e ALK. Ao bloqueá-los, podemos destruir células cancerígenas. Hoje existem nove genes que podem ser tratados com terapia direcionada em tumores mais avançados, sendo a alteração do EGFR a mais comum.
Nestes casos, observamos respostas muito positivas, incluindo benefícios prolongados. Recentemente, também observamos grande eficácia da terapia direcionada contra EGFR e ALK nas fases iniciais da doença, aumentando significativamente as chances de cura.
Assim, tanto a imunoterapia como a terapia direcionada tornaram-se fundamentais no tratamento do câncer de pulmão. Com esse arsenal podemos oferecer tratamentos mais eficazes e personalizados, de acordo com as características do tumor e do paciente. Tudo isso está associado a uma melhoria na qualidade de vida.
Mas é importante lembrar que, embora essas inovações sejam muito animadoras, a melhor forma de combater a doença ainda é a prevenção. O Fumar continua sendo a principal causa de câncer de pulmão (cerca de 80% dos casos) e, portanto, nunca fumar ou parar de fumar o mais rápido possível é essencial para reduzir o risco.
Em suma, vivemos numa era de grandes avanços no tratamento do cancro do pulmão, graças à imunoterapia e à terapia direcionada. Com essas armas aumentaremos cada vez mais as chances de cura e a qualidade de vida dos pacientes, trazendo nova esperança para todos.
*Antonio Carlos Buzaid é Diretor Médico Geral do Centro de Oncologia BP – A Beneficência Portuguesa em São Paulo e fundador do Instituto Vencer o Câncer
*Jéssica Ribeiro Gomes é oncologista clínica da Rede Meridional (ES)
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