A felicidade pode se transformar em tristeza em questão de segundos. Como explicar isso? O transtorno de personalidade borderline (TPB), caracterizado pela instabilidade emocional, é uma condição de saúde mental que pode causar sofrimento, tanto para a pessoa afetada quanto para suas relações interpessoais. Segundo o psiquiatra, professor de medicina do Centro Universitário de Brasília (CEUB), Lucas Benevides, o diagnóstico correto permite a abordagem terapêutica para ajudar o paciente, bem como sua família.
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O transtorno de personalidade borderline causa dificuldade de relacionamento e problemas de identidade, variando de acordo com cada indivíduo. As pessoas não nascem com a doença, que pode se desenvolver devido a experiências difíceis na infância. “O borderline geralmente está ligado a traumas infantis, como abuso ou negligência, e pode haver uma predisposição genética. Pessoas com TPB tendem a ter relacionamentos turbulentos, uma visão confusa ou negativa de si mesmas e frequentemente mudam de opinião sobre quem são e sobre os outros.”
Segundo Lucas Benevides, o diagnóstico envolve a identificação de padrões de comportamento, como medo do abandono, instabilidade emocional e impulsividade, presentes desde a juventude. Ele considera a terapia como tratamento principal, especialmente a terapia comportamental dialética (TCD), que ajuda a controlar as emoções e a melhorar os relacionamentos, abordando as causas mais profundas do transtorno.
Os medicamentos podem ajudar em sintomas específicos, conforme detalha o especialista, mas a terapia é o que traz mudanças duradouras. “Ao procurar um terapeuta é importante que ele seja um profissional experiente, pois existe o risco do paciente manipulá-lo.” Com base no diagnóstico de borderline, o psiquiatra afirma que as mulheres podem manifestar mais sintomas de depressão e automutilação, enquanto os homens tendem a ter comportamento mais agressivo ou uso de substâncias, mas ambos sofrem de instabilidade emocional.
Borderline, depressão e trauma
O transtorno de personalidade borderline costuma ser acompanhado de depressão, ansiedade e outros transtornos, o que pode dificultar o diagnóstico correto, destaca Lucas Benevides. “O TPB muitas vezes anda de mãos dadas com depressão e ansiedade, o que pode complicar o diagnóstico. Compreender o transtorno é essencial para diferenciá-lo de condições como o transtorno bipolar”, explica.
Lucas destaca a importância do apoio emocional e da compreensão para a recuperação dos pacientes. “Ter uma rede de apoio formada por amigos e familiares que entendem do transtorno é fundamental para ajudar no tratamento”, afirma a psiquiatra. Segundo ele, muitos pacientes apresentam melhora significativa e podem levar uma vida mais estável após o diagnóstico e início do tratamento.
Para ajudar a controlar as emoções durante uma crise, tanto dentro quanto fora do tratamento, Lucas sugere o uso de técnicas como mindfulness, respiração profunda e encontrar uma pessoa de confiança para conversar. “Atividades que ajudam a canalizar emoções perturbadoras também são muito úteis”, aconselha o psiquiatra.
Na consciência coletiva, Lucas destaca que educar as pessoas sobre o TPB é um passo fundamental para a redução de tabus e preconceitos que cercam a condição. “É importante manter-se atualizado com os últimos desenvolvimentos no tratamento para proporcionar uma vida melhor aos pacientes”, acrescenta.
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