A obesidade, condição que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, vai além dos já conhecidos riscos relacionados a problemas de saúde como diabetes, colesterol, hipertensão e câncer. Estudos recentes mostram que o excesso de peso também pode ter um impacto significativo na fertilidade tanto em homens como em mulheres.
No Brasil, existem atualmente cerca de 41 milhões de pessoas maiores de 18 anos com obesidade, o que corresponde a 26% da população. Em 2035, a previsão é que os brasileiros com obesidade representem 41% da população, segundo estudo publicado pela Federação Mundial de Obesidade (WOF) em março de 2023.
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Estima-se que cerca de 15% dos casos de infertilidade feminina estejam relacionados ao excesso de peso, conforme aponta a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). Para os homens, a obesidade é um fator contribuinte em aproximadamente 10% dos casos de infertilidade, segundo estudos publicados pela Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA).
Nas mulheres, a obesidade pode causar distúrbios hormonais que afetam o ciclo menstrual e a ovulação, dificultando a concepção. O excesso de tecido adiposo leva a uma maior produção de estrogênio, o que pode resultar em anovulação (falta de ovulação) e irregularidades menstruais. Além disso, as mulheres com obesidade têm maior probabilidade de desenvolver a síndrome dos ovários policísticos (SOP), uma condição que está intimamente ligada à infertilidade.
Nos homens, o excesso de peso também pode afetar a fertilidade, alterando os níveis hormonais e a qualidade do esperma. A obesidade está associada à diminuição dos níveis de testosterona, o que pode levar à redução da produção de espermatozoides e à disfunção erétil. Além disso, o excesso de gordura corporal pode aumentar a temperatura dos testículos, comprometendo ainda mais a produção e a viabilidade dos espermatozoides.
“O controle do peso é uma estratégia fundamental para melhorar a saúde reprodutiva. A perda de peso pode restaurar a ovulação nas mulheres e melhorar a qualidade do esperma nos homens. Adotar um estilo de vida saudável, com alimentação balanceada e prática regular de exercícios físicos, pode não só facilitar a concepção, mas também aumentar as chances de uma gravidez saudável”, explica a nutricionista Andrea Pereira, cofundadora do Instituto Obesidade Brasil.
A psicóloga Andrea Levy, também cofundadora do Instituto Obesidade Brasil, também reforça a importância de compreender essa relação. “É essencial que tanto os homens como as mulheres que desejam ter filhos estejam conscientes do impacto que a obesidade pode ter na fertilidade. Procurar aconselhamento de um especialista em obesidade e nutrição pode ser o primeiro passo para melhorar a saúde reprodutiva”, afirma.
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