A coqueluche, antes controlada no Brasil, ressurgiu de forma preocupante. Nesta segunda-feira, 29, a Secretaria de Estado de Saúde do Paraná registrou o morte de um bebê de seis meses que residiam na cidade de Londrina, evidenciando um problema de saúde pública que se acreditava estar superado. Esta é a primeira morte registrada depois de três anos sem mortes causada pela doença no Brasil, segundo o Ministério da Saúde.
O principal fator para esse retorno é o baixa cobertura vacinal, que aumentou durante a pandemia da Covid-19, impactando diretamente na imunidade coletiva da população. Dados da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) revelam que, na região das Américas, a cobertura vacinal contra a coqueluche foi de apenas 80% em 2021, a taxa mais baixa registada nos últimos 20 anos.
O esquema básico de imunização contra coqueluche deve ser administrado no primeiro ano de vida com doses aos dois, quatro e seis meses. O reforço dessa vacina deve ocorrer aos 15 meses e aos quatro anos, conforme calendário oficial do Programa Nacional de Imunizações (PNI). A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) também recomenda outro reforço na pré-adolescência, entre 9 e 11 anos, com a vacina tríplice bacteriana (dTpa) adulto.
A falta de vacinação adequada não se restringe apenas ao esquema básico, mas também aos reforços, essenciais para manter a proteção contra a doença. O aumento de casos ocorre principalmente entre crianças menores de um ano, que não completaram o esquema básico, e entre pré-adolescentes e adolescentes que não receberam os reforços recomendados.
A tosse convulsa é uma doença bacteriana transmitida de pessoa para pessoa através de gotículas de secreção respiratória. Os sintomas iniciais aparecem entre sete e dez dias após a infecção, começando com sinais semelhantes aos de uma infecção respiratória comum: febre leve, coriza e tosse seca. Porém, a tosse progride para maior intensidade, com episódios longos e frequentes que podem levar a esforços intensos para respirar, principalmente em crianças pequenas. Este padrão de tosse é característico da doença e pode incluir uma som estridente ao puxar o ar depois de um ataque de tosse.
Em crianças menores de um anoa tosse convulsa pode levar a complicações graves, como insuficiência respiratória e pneumonia secundária. Em crianças maiores e adolescentes que não receberam reforços vacinais, a doença pode apresentar sintomas menos característicos, dificultando o diagnóstico e aumentando o risco de disseminação.
Para conter esse avanço é fundamental reforçar a importância da vacinação. A queda na cobertura vacinal durante a pandemia revelou-se um factor crítico no regresso da doença, destacando a necessidade de campanhas de sensibilização e de acesso mais fácil às vacinas. Somente cumprindo o esquema vacinal completo e seus reforços será possível garantir a proteção de toda a população, evitando tragédias evitáveis.
*Carolina dos Santos Lázari é médica infectologista e patologista clínica, membro da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML)
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