A Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH) lança nesta quinta-feira (25/7), o projeto “Aliança Onda: Menos Pressão, Mais Ação!”, durante o XXXII Congresso da Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), em São Paulo. A iniciativa tem a ambiciosa meta de controlar a hipertensão em 70% dos pacientes brasileiros até 2030.
A hipertensão arterial, conhecida como “doença silenciosa”, afeta não só o coração, mas também o cérebro, os rins e os vasos, sendo um importante fator de risco para doenças cardiovasculares, como doença coronariana, insuficiência cardíaca, fibrilação atrial, acidente vascular cerebral ( acidente vascular cerebral), doença renal crónica e morte súbita. No Brasil, estima-se que mais de 50 milhões de adultos sejam acometidos pela doença, e cerca de 70% desses pacientes não conseguem manter a pressão arterial sob controle.
Em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de pessoas com hipertensão (pressão arterial igual ou superior a 140/90 mmHg, ou que tomam medicamentos para controlá-la) duplicou entre 1990 e 2019, passando de 650 milhões para 1,3 mil milhões.
O objetivo da Aliança Onda é alinhar esforços de diferentes setores para alcançar o controle efetivo da hipertensão em 70% dos pacientes até 2030. Segundo o cardiologista Luiz Bortolotto, professor de cardiologia da Faculdade de Medicina da USP, membro do conselho da SBH de diretores e presidente do Congresso, hoje vivenciamos um panorama oposto no país. “No melhor cenário, temos 30% dos pacientes hipertensos com pressão arterial dentro dos níveis alvo, e 70% sem controle, seja porque não seguem corretamente o tratamento indicado, não tomam medicamentos ou não mudam seus hábitos de vida” , destaques.
Bortolotto destaca ainda que o principal desafio da hipertensão, assim como de outras doenças crônicas não transmissíveis, é conscientizar os pacientes de que precisam seguir o tratamento por toda a vida. “Muitas vezes as pessoas não veem com clareza os resultados do tratamento. Por ser uma doença silenciosa, não necessariamente teremos redução dos sintomas. Então, é comum o paciente interromper o tratamento por conta própria ao perceber que a pressão arterial está controlada, o que é um erro”, descreve.
Segundo a OMS, se os países se mobilizarem para alcançar o controle de 50% dos pacientes hipertensos até 2050, um total de 76 milhões de mortes poderiam ser evitadas globalmente1. A meta do SBH, mais ambiciosa, visa uma mudança significativa na saúde pública brasileira em um prazo mais curto. “Hoje, cerca de 80% dos pacientes em diálise na lista de espera para transplante renal estão nessa situação devido a duas doenças crônicas tratáveis: hipertensão e diabetes. Infelizmente, em geral, as pessoas só percebem a gravidade do problema se vivenciarem situações extremas como essa”, afirma.
Essa realidade torna-se ainda mais preocupante quando dados mostram que mais de 50% das pessoas com hipertensão não foram diagnosticadas, ou seja, desconhecem o problema1. Atualmente, as diretrizes brasileiras de hipertensão indicam que a medida da pressão arterial deve ser realizada em todas as avaliações clínicas a partir dos três anos de idade e repetida anualmente a partir desta idade2.
Para Bortolotto, a Aliança Onda é uma resposta estratégica e necessária. “Nosso objetivo é ambicioso, mas acreditamos que com esforço conjunto podemos alcançá-lo”, afirma. Os principais desafios, além de conseguir identificar a doença, segundo o cardiologista, incluem falta de informação sobre a doença, dificuldade de acesso aos medicamentos e baixa adesão ao tratamento – 8 em cada 10 pessoas com pressão arterial não controlada não aderir adequadamente ao tratamento.
Entre as estratégias propostas pela Aliança Onda estão a mudança de estilo de vida, o incentivo à alimentação saudável com baixo teor de sal, a prática regular de atividade física (pelo menos 150 minutos por semana), o controlo do peso (manter o IMC até 25kg/m2) e a cessação do tabagismo. Para atingir este objetivo, o projeto combinará vários setores, reunindo iniciativas públicas e parceiros do setor privado.
A iniciativa também incentivará o uso de ferramentas digitais para aumentar o envolvimento do paciente no tratamento, o que inclui lembretes para o uso contínuo e correto dos medicamentos prescritos e para o automonitoramento da pressão arterial, além de estratégias de gamificação.
“Precisamos educar e apoiar nossos pacientes para que entendam a importância de aderir ao tratamento e mudar hábitos de vida. A hipertensão é controlável e queremos capacitar os pacientes para que assumam o controle da própria saúde”, destaca Bortolotto.
Segundo a SBH, o controle eficaz da hipertensão pode reduzir significativamente a incidência de doenças cardiovasculares, que são a principal causa de morte no país e no mundo. Em 2022, essas doenças foram responsáveis por 400 mil mortes no Brasil. Além disso, a hipertensão e suas complicações custaram ao sistema de saúde brasileiro (SUS) R$ 3 bilhões em 2015. “Por meio da Aliança Onda, estamos implementando uma abordagem multifacetada que combina educação, tecnologia e mudanças no estilo de vida para atingir nossa meta de controlar a hipertensão em 70% dos casos. pacientes até 2030”, conclui Bortolotto.
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