Responsável por uma onda de desinformação sobre saúde em 2015, quando os supostos benefícios da “pílula contra o câncer” foram alardeados, o fosfoetanolamina sintética ressurgiu em publicações na internet e fez com que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitisse um alerta nesta terça-feira, 23, para alertar que o substância não está registrada para uso no Brasil e não pode ser vendido como medicamento ou suplemento.
Em nota, a agência destacou os riscos do uso de substâncias não registradas, principalmente em uma doença tão grave que exige tratamentos seguros e eficazes.
“Esses produtos podem interferir negativamente nos tratamentos convencionais, além de apresentarem riscos de contaminação. É essencial que os pacientes não abandonem os tratamentos médicos estabelecidos para utilizar terapias não autorizadas de eficácia desconhecida, como a fosfoetanolamina.”
A Anvisa informou que foram publicadas propagandas enganosas nas redes sociais atribuindo benefícios da “pílula do câncer” no combate a tumores. No entanto, como a investigação já comprovou, a substância não traz benefícios para o tratamento da doença.
Por não estar registrado para uso como medicamento ou suplemento alimentar, o termo fosfoetanolamina está na lista de buscas da Internet Irregular Product Exclusion (Epinet), ferramenta criada em 2021 que já registrou 57 incidentes relacionados ao produto, segundo o órgão. , que informou que embora a taxa de sucesso na retirada da “pílula do câncer” do mercado virtual seja de 97,73%.
Mesmo assim, uma rápida pesquisa na internet mostra opções de cápsulas com preços variando entre R$ 259 e R$ 659,99. Um deles, que leva o nome do criador da fórmula, o falecido professor de Química Gilberto Chierice, está hospedado em domínio americano e com valores em dólares, embora o site esteja em português.
Lembre-se do que era a “pílula do câncer”
O químico Gilberto Orivaldo Chierice, que trabalhou no Instituto de Química da USP em São Carlos, começou a estudar a fosfoetanolamina na década de 1990, mas foi em 2015 que ela se tornou conhecida nacionalmente. Começou a ser divulgado entre os pacientes e a procura aumentou em 2014. Por ser experimental, a USP proibiu a produção em seus laboratórios sem registro, o que gerou protestos nas redes sociais.
A comoção causada pelos pacientes em busca de uma alternativa para superar a doença foi tão grande que foi debatida no Senado em 2015 e foi criado um grupo de trabalho no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) para analisar a segurança e eficácia do o produto. .
A fosfoetanolamina começou a ser investigada no Instituto do Câncer de São Paulo (Icesp), mas o estudo foi interrompido por falta de evidências.
Mesmo assim, sob pressão popular e política, foi aprovado como medicamento anticâncer em abril de 2016. Projeto de lei aprovado no Congresso e sancionado pela então presidente Dilma Rousseff, porém, a lei foi suspensa no mês seguinte por decisão do Superior Tribunal Federal ( STF). /COM AGÊNCIA SENADO E JORNAL UNICAMP
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