Publicado em setembro do ano passado, pela Associação Brasileira de Nutrologia (Abran) e pela Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (Sban), o consenso sobre o consumo de leite de vaca pelo ser humano destaca as propriedades nutricionais do alimento e esclarece as principais dúvidas sobre isto. O documento foi elaborado com base em evidências científicas robustas e atuais e é resultado de uma análise crítica de 114 estudos disponíveis sobre o tema.
A diferença entre estes três leites está relacionada com a embalagem, mas também com o processamento utilizado para a sua comercialização ao público final. “Atualmente, o leite passa por dois tipos de processamento: o leite pasteurizado normalmente é embalado em garrafas e sacos; e UHT são os que encontramos nas caixas. Embora a expressão leite fresco seja popularmente utilizada para o leite pasteurizado, que é refrigerado antes de ser aberto, vale destacar que todos os tipos de leite são nutricionalmente equivalentes”, afirma Sueli Longo, nutricionista e presidente da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição.
O leite pasteurizado passa por um processo em que é aquecido a temperaturas entre 72° e 75° graus por 15 a 20 segundos e logo em seguida é resfriado até 4°C. Posteriormente, é abastecido automaticamente em circuito fechado e destinado ao consumo humano direto. Esse processo elimina microrganismos prejudiciais à saúde, mas ainda exige que o produto final seja mantido refrigerado e tenha prazo de validade aproximado de até sete dias.
Leite UHT (ultra alta temperatura) é o leite que foi submetido, durante dois a quatro segundos, a uma temperatura entre 130°C e 150°C, através de um processo térmico de fluxo contínuo, imediatamente resfriado a uma temperatura inferior a 32°C e embalado sob condições assépticas em embalagens estéreis e hermeticamente fechadas.
O processo de aquecimento elimina microrganismos, enquanto a embalagem evita que fatores externos, como microrganismos, luz e oxigênio, causem alterações nutricionais e de qualidade no leite UHT. Isso garante maior vida útil do alimento (quatro a seis meses), sem a necessidade de refrigeração antes da abertura do produto.
Propriedades nutricionais preservadas
Como atesta o relatório conjunto da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e da Organização Mundial da Saúde (OMS), o processo de ultrapasteurização (UHT) preserva as qualidades nutricionais do leite. Comparado ao leite pasteurizado, é igual não só em valor nutricional, mas também em cor e sabor.
“A ciência confirma que o leite processado, seja pasteurizado ou UHT, tem suas propriedades nutricionais preservadas. Aliás, segundo a Federação Internacional de Laticínios, muitos estudos indicam que o leite UHT tem a mesma qualidade proteica e teor de cálcio do leite cru”, afirma Sueli.
Sem conservantes
O uso de conservantes no leite é proibido pela Portaria MAPA nº 370, de 4 de setembro de 1997, independentemente do tipo de leite.
As únicas substâncias que podem ser adicionadas ao leite são os estabilizantes com o objetivo de evitar a separação de fases, garantir um produto homogêneo e garantir a estabilidade das proteínas durante o processamento.
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O uso desses estabilizantes é regulamentado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e todos os estabilizantes permitidos por lei passam por rigorosos estudos e pesquisas para garantir a segurança de seu uso (MAPA, 370/1997).
Três pacotes
As embalagens cartonadas conhecidas como “longa vida” ou apenas “caixa” são compostas por seis camadas. O resultado são embalagens de alta qualidade que evitam o contato dos alimentos com luz, ar, umidade e microorganismos e, ao mesmo tempo, evitam a perda de aroma e inibem alterações na qualidade dos alimentos.
No caso do leite UHT, a combinação do tratamento térmico e do acondicionamento nestas embalagens assépticas e tecnológicas é o que permite que o leite seja armazenado à temperatura ambiente até ao consumo de forma totalmente segura, dispensando a utilização de quaisquer conservantes para prolongar a sua utilidade. vida.
“O leite pasteurizado, comumente encontrado em garrafas e sacolas, precisa ser transportado e mantido refrigerado e tem prazo de validade menor. Portanto, para que o produto final seja seguro, dependemos de transporte e armazenamento adequados em mercados e residências. O prazo de validade mais curto também exigirá que o consumidor faça idas mais frequentes ao mercado”, destaca a nutricionista.
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