Nova pesquisa apresentada no Congresso Internacional sobre Obesidade deste ano (ICO 2024), que acontece em São Paulo entre os dias 26 e 29 de junho, sugere que, com base nas tendências atuais, quase metade dos adultos brasileiros (48%) serão obesos. até 2044, e mais 27% estarão acima do peso – portanto, dentro de 20 anos, três quartos dos adultos brasileiros estarão obesos ou com sobrepeso. Hoje, 56% dos adultos brasileiros estão obesos ou com sobrepeso (34% obesos e 22% com sobrepeso).
Os autores estimam ainda que, se a tendência atual continuar, em 20 anos, 130 milhões de adultos brasileiros estarão com sobrepeso ou obesidade (83 milhões com obesidade e 47 milhões com sobrepeso). O estudo é do Dr. Eduardo Nilson, da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), Brasília, DF, Brasil, e colegas.
O sobrepeso e a obesidade em adultos no Brasil estão aumentando rapidamente ao longo do tempo. A prevalência da obesidade quase duplicou entre 2006 e 2019, atingindo 20,3% da população adulta. Até 2030, estima-se que as prevalências atinjam 68,1% para o excesso de peso e a obesidade combinadas (29,6% para a obesidade e 38,5% para o excesso de peso), com mulheres, pessoas negras e outras etnias minoritárias a apresentarem uma maior prevalência de obesidade até 2030.
Para as mulheres, a estimativa de obesidade para 2030 é de 30,2% e o excesso de peso é de 37,7%, enquanto para os homens a estimativa de obesidade para 2030 é de 28,8% e o excesso de peso é de 39,7%. Em 2030, a estimativa para a obesidade em pessoas brancas é de 27,6% e o excesso de peso é de 38,8%, enquanto para pessoas negras e outras etnias não brancas combinadas é de 31,1% para obesidade e 38,2% para excesso de peso. E para quem tem alta escolaridade, a estimativa de obesidade para 2030 é de 26,2%, enquanto para quem tem baixa escolaridade é de 35,4%. Essa epidemia de obesidade já está causando e causará uma carga epidemiológica e econômica maior para o Brasil, considerando as comorbidades da obesidade e seus custos relacionados.
Neste estudo, os autores utilizaram um modelo de tábua de mortalidade para estimar os impactos do sobrepeso e da obesidade em 11 doenças associadas ao elevado Índice de Massa Corporal (IMC) no Brasil até 2044, assumindo que as tendências atuais sejam mantidas (cenário de tendência atual). O modelo estima mortes atribuíveis e casos incidentes de doenças cardiovasculares, diabetes, doença renal crónica, cirrose e cancros com base em dados demográficos e epidemiológicos de inquéritos nacionais e do Estudo Global Burden of Disease (GBD).
De acordo com o cenário de manutenção da tendência atual, a prevalência de sobrepeso e obesidade entre adultos brasileiros aumentará de 57% em 2023 para 75% em 2024. Consequentemente, estima-se que 10,9 milhões de novos casos de doenças crônicas associadas ao sobrepeso e à obesidade irão desenvolver-se nos próximos 20 anos e 1,2 milhões de mortes atribuíveis ao excesso de peso e à obesidade durante esse período.
Embora a distribuição de novos casos entre homens e mulheres não difira significativamente, estima-se que 64% (quase dois terços) das mortes atribuíveis estimadas durante este período ocorrem entre homens, uma vez que os homens são geralmente mais propensos a morrer prematuramente. A diabetes representou mais de 51% dos novos casos e as doenças cardiovasculares atribuíveis ao excesso de peso representariam aproximadamente 57% das mortes até 2044 (ver notas aos editores abaixo).
Os autores concluem: “Com base nas tendências atuais, a carga epidemiológica e econômica do sobrepeso e da obesidade no Brasil aumentará significativamente, portanto, políticas robustas precisam ser implementadas no país, incluindo o tratamento dos casos existentes e a prevenção do sobrepeso e da obesidade em todas as faixas etárias.”
E acrescentam: “Há muitas coisas que podemos e devemos fazer para enfrentar essa epidemia de obesidade, que já é um problema enorme, que onera o Brasil. Em primeiro lugar, dentro do sistema de saúde, é essencial tratar os casos existentes de obesidade e evitar que os casos de excesso de peso transitem para obesidade. Pensando na prevenção do excesso de peso e da obesidade, é importante trabalhar em todas as faixas etárias, desde a primeira infância até à idade adulta, melhorando os ambientes alimentares através de políticas regulamentares e fiscais que facilitem escolhas alimentares saudáveis, como o consumo de uma diversidade de alimentos frescos. e alimentos minimamente processados e, ao mesmo tempo, evitar escolhas não saudáveis, como alimentos ultraprocessados.
Dr Bruno Halpern, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO), acrescenta: “Esses dados são alarmantes e deixam claro que precisamos focar nas políticas de prevenção e nos afastar do discurso ‘conveniente’ que a obesidade é uma questão de hábitos e escolhas. Se não unificarmos esforços, com o governo e a sociedade civil, estaremos, ano após ano, congresso após congresso, apenas publicando novos dados assustadores. discussão e podemos aprender muito com as experiências de outros países da região.”
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