Já liberado para uso por um grupo de pacientes com diagnóstico de insuficiência cardíacao remédio dapagliflozina teve sua indicação ampliada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e, agora, deverá beneficiar aproximadamente 1 milhão de pessoas que convivem com a doença, caracterizada pela incapacidade do coração de bombear o sangue de forma adequada para manter o bom funcionamento do corpo.
A doença tem forte impacto na qualidade de vida dos pacientes, que podem apresentar dificuldade para respirar e inchaço nas pernas. Sem tratamento adequado, pode levar à hospitalização e, em casos mais graves, à morte.
No Brasil, o medicamento foi indicado para casos de insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICER), quando o coração não consegue bombear o sangue para fora do órgão. A nova indicação inclui pacientes com fração de ejeção preservada (ICFEp), uma limitação que faz com que o músculo cardíaco não relaxe, impedindo que sangue suficiente seja ejetado para o resto do corpo.
Redução de hospitalizações
A ampliação da indicação considerou um estudo de fase 3 denominado Deliver, que incluiu 6.263 participantes, inclusive do Brasil. O padrão ouro em pesquisa foi utilizado através de um ensaio randomizado, duplo-cego e controlado por placebo.
“Tivemos a participação de 405 brasileiros e mostramos que reduzimos em 18% a taxa de internação, agravamento ou morte. Em cada 32 pessoas foi possível evitar um desfecho negativo”, explica a pesquisadora José Francisco Kerr Saraivaprofessor de Cardiologia da PUC Campinas e um dos autores do estudo.
Segundo Saraiva, o medicamento traz benefícios que vão além da indicação para insuficiência cardíaca — já verificada e aprovada para uso — como tratamento de diabetes tipo 2 e proteção dos rins, complicações que podem acometer pacientes que apresentam problemas cardíacos.
“Pacientes com insuficiência cardíaca não só apresentam maior risco de morte e hospitalizações, mas passam por uma jornada complexa, com limitações físicas e baixa qualidade de vida. Além disso, a doença quase sempre está diretamente relacionada a outras condições como diabetes, hipertensão e doença renal crônica”, afirmou, em nota, Karina Fontão, diretora médica da AstraZeneca Brasil. “Esperamos que cerca de 1 milhão de pessoas se beneficiem dessa nova terapia no Brasil”, acrescenta.
Oferta no SUS
A nova indicação ainda não está prevista para ser incorporada para distribuição no Sistema Único de Saúde (SUS), mas este pode ser um próximo passo, considerando que o dapagliflozina Já é prescrito para casos de insuficiência cardíaca na rede pública.
“Já tivemos aprovação de outro medicamento para pacientes com essa condição. Agora temos uma nova opção que está disponível no SUS. Ter aprovado no folheto é um sucesso, pois permite ampliar a discussão por meio da incorporação”, explica Saraiva.
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