Nos últimos anos, a fertilização in vitro (FIV) é vista pelos casais com dificuldade para engravidar como uma das principais esperanças. A estimulação ovariana é uma das etapas do tratamento realizada por meio do uso de hormônios. Mas o estudo recente Protocolos de estimulação ovariana: impacto na qualidade e função do ovócito e do endométriopublicado na revista americana Fertility and Sterility, mostra que o excesso de hormônios pode prejudicar os resultados da fertilização in vitro, aumentando riscos e custos sem garantir melhores taxas de sucesso.
A estimulação ovariana intensiva muitas vezes busca obter o maior número de oócitos, que são os gametas femininos conhecidos como óvulos. Essa prática visa garantir o sucesso do procedimento. Porém, pesquisas indicam que o excesso de estimulação pode gerar oócitos com anomalias morfológicas e instabilidade genética, além de afetar a receptividade endometrial, considerada essencial para a implantação do embrião.
Segundo o especialista em reprodução assistida, João Guilherme Grassi, este trabalho mostra que a busca por um número maior de ovócitos pode comprometer a qualidade deles, ou seja, até reduzir as chances de uma gravidez bem sucedida. “Os protocolos de estimulação ovariana precisam ser cuidadosamente ajustados para cada paciente, levando em consideração não só a quantidade, mas, principalmente, a qualidade dos óvulos obtidos”.
Descobertas científicas mais recentes contribuem para desvendar os efeitos do uso excessivo de hormônios na fertilização in vitro. Um estudo publicado na revista Human Reproduction avaliou o impacto do aumento de doses do hormônio folículo-estimulante, chamado FSH, em mulheres com baixa resposta prevista à fertilização in vitro. A conclusão é que o aumento da dosagem não resultou em taxas de nascidos vivos significativamente melhores quando comparadas à dosagem padrão, mas sim em maiores riscos e custos adicionais.
“Esses estudos levantam preocupações sobre os efeitos adversos do excesso de hormônios. É fundamental que os médicos avaliem cuidadosamente cada caso, evitando intervenções desnecessárias que, além de onerosas financeiramente, podem esgotar física e emocionalmente os casais que já enfrentam a difícil jornada da infertilidade “, destaca João Guilherme.
Personalização no tratamento
No mundo da reprodução assistida, os especialistas têm o entendimento comum de que a personalização dos protocolos de estimulação é essencial para o sucesso do procedimento. “Precisamos abandonar a ideia de que mais hormônios resultam em melhores resultados. Cada paciente é único e deve ser tratado como tal. Isso significa ajustar as doses hormonais de acordo com as características individuais, evitando exageros que só trazem mais riscos e estresse aos pacientes pacientes”, reforça o especialista.
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