SÃO PAULO-SP – Pablo Marçal é formado em direito e se apresenta nas redes sociais como investidor e escritor – só no Instagram ele tem mais de 10 milhões de seguidores. Conhecido por ser palestrante motivacional e coach, é pré-candidato a prefeito de São Paulo pelo PRTB (Partido Renovador Trabalhista Brasileiro).
Na pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta-feira (29), ele aparece com 7%, num bloco intermediário da disputa.
Esta não é a primeira vez que ele tenta entrar na política. Em maio de 2022, Marçal lançou-se como pré-candidato à Presidência da República pelos Prós, apoiado pelas antigas lideranças do partido que eram suspeitas de terem tentado comprar decisões judiciais favoráveis.
Em um dos áudios obtidos pelo jornal “Folha de S.Paulo”, o então presidente do Pros, Marcus Holanda, disse que Pablo havia prometido a ele R$ 200 milhões de uma “vacina” de R$ 100 ou R$ 200 que realizaria com alunos de cursos motivacionais e seus seguidores no Instagram. Pablo negou.
Ao ver inviabilizada sua candidatura à Presidência, o treinador passou a apoiar Jair Bolsonaro (PL) e tornou-se deputado federal, tendo obtido 243 mil votos. A liderança do partido acabou sendo afastada e os Prós, sob novo comando, aderiram formalmente à campanha de Lula (PT).
No dia 30 de outubro de 2022, o então ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Ricardo Lewandowski rejeitou o registro de candidatura do treinador à Câmara dos Deputados.
Na ocasião, o treinador afirmou que não desistiu do Palácio do Planalto. Ele disse que foi alvo de perseguição por sua aspiração eleitoral: “Não bastavam os crentes, agora a política. Eles estão mudando a minha vida porque sabem que um dia serei presidente do Brasil”.
Em 2010, Marçal foi condenado por participar de uma quadrilha que desviava dinheiro de bancos em meados de 2005, quando tinha 18 anos.
O grupo criou sites falsos para instituições financeiras como Caixa e Banco do Brasil, enviou e-mails acusando falsamente as vítimas de inadimplência e roubou informações infectando computadores com programas conhecidos como cavalos de Tróia.
Marçal admitiu que colaborou com o grupo, mas disse não ter conhecimento dos atos ilícitos. Sua pena foi extinta em 2018 por prescrição retroativa.
O treinador ficou famoso em janeiro de 2022 por liderar uma expedição por uma região serrana de São Paulo, a 2.420 metros de altitude, como parte de seu programa de coaching motivacional.
Após enfrentarem chuva e ventos fortes, sob risco de morte por hipotermia, eles tiveram que ser resgatados pelo Corpo de Bombeiros.
Em 2023, foi alvo de uma operação da Polícia Federal por suspeita de crimes eleitorais. Na época, a corporação também investigava se ele havia cometido os crimes de falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e peculato nas eleições de 2022.
Segundo investigações feitas pela PF, Marçal e um sócio seu teriam feito doações para a campanha do treinador à Presidência e à Câmara, e parte desses valores foi destinada às empresas das quais são sócios. Após a operação, o treinador disse ter sido alvo de “perseguição política”.
Na altura, a defesa de Marçal afirmou que “nenhum ato ilícito foi cometido e nem um único cêntimo de dinheiro público foi utilizado em campanhas eleitorais”, que tiveram despesas pagas com recursos próprios ou doações.
Durante a tragédia no Rio Grande do Sul por causa das chuvas, nas redes sociais, as mensagens com maior volume de encaminhamentos foram conteúdos que reproduziam um vídeo publicado pelo treinador em que constava que caminhões com doações estavam sendo bloqueados pela Fazenda Estadual Departamento por falta de Supervisor de fatura.
O perfil de Marçal foi um dos citados em ofício da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom) pedindo providências do Ministério da Justiça para apurar “crimes ilícitos ou possíveis relacionados à disseminação de desinformação”.
Ao jornal “Folha de S.Paulo”, o Informação Marçal afirmou que dois dos dez camiões que enviou “foram parados por questões burocráticas”, mas que “a situação foi resolvida”.
Não há indícios de que os caminhões tenham sido impedidos de prosseguir viagem ou multados por falta de nota fiscal.
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