Lula acorda hoje com novas condições para o seu mandato. Um deles prevê a ação penal por responsabilidade criminal caso o governo gaste dinheiro em atividades relacionadas a invasões de terras. Outra o deixa aberto a processos por possíveis iniciativas na rede federal de ensino sobre orientação sexual.
São estranhas normas aprovadas pela extrema direita parlamentar, vetadas por Lula e reafirmadas pelo Congresso. Elas passam a fazer parte da Lei de Diretrizes Orçamentárias.
Esta e outras decisões parlamentares, desta terça-feira (28/5), mostram o poder presidencial liquefeito por um Congresso de 584 empresários, que gozam do bônus de controlar uma fatia do orçamento sem o peso do desequilíbrio nas contas e alheios à desorganização institucional . . Mostram também um governo prejudicado na gestão administrativa e, cada vez mais, assediado na política.
As cenas plenárias são ilustrativas. Em uma delas, o líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE), foi ao microfone para tentar agilizar a votação de um projeto de subsídios estatais ao setor automotivo, cheio de “tartarugas”, assuntos estranhos ao Texto principal. Ele pediu atenção aos deputados:
— Permita-me fazer uma pergunta para agilizar as coisas. Existem alguns aspectos consensuais. Por exemplo, este texto que o Deputado Gilson [Marques, do Partido Novo de Santa Catarina] defenderemos, somos a favor.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), interveio, manifestando perplexidade: — Mas é contra o destaque!
O líder do governo não hesitou: — O senhor é contra o destaque, deputado Gilson? A sua excelência está contra tudo e contra todos?
O deputado da oposição respondeu, ironicamente: — Não, não. Sou apenas contra o PT e contra o governo.
O bom senso é um bem cada vez mais escasso na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
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