As Nações Unidas alertam para o movimento significativo de sudaneses que abandonaram as suas casas desde o início do conflito, em 15 de abril do ano passado.
Os confrontos fatais e a violência envolvendo o Exército Nacional e os paramilitares da Força de Apoio Rápido, RSF, já forçaram 8,6 milhões de pessoas a procurar segurança e assistência humanitária noutros locais.
Desafios logísticos e custos operacionais
Esta segunda-feira, várias entidades da organização participam na Conferência Humanitária Internacional do Sudão, organizada pela França, em Paris, com o apoio da União Europeia e da Alemanha.
Segundo a Agência da ONU para os Refugiados, ACNUR, a busca por segurança aumenta os riscos para as vítimas do conflito. Um novo estudo revela que 1,8 milhões de pessoas fugiram para a República Centro-Africana, Chade, Egipto, Etiópia e Sudão do Sul.
Milhares deles continuam a chegar diariamente a zonas fronteiriças remotas e inseguras, marcadas por crescentes desafios logísticos e custos operacionais.
Quase 75% das pessoas que cruzaram as fronteiras são sudaneses e requerentes de asilo, enquanto os restantes são pessoas que já recebiam abrigo no Sudão antes de serem forçadas a regressar aos seus países de origem.
Sistema de saúde em colapso
Os sudaneses que se deslocam para os países anfitriões enfrentam o risco de redes de contrabando e tráfico que “aproveitam o caos e muitas pessoas são vítimas de exploração, extorsão e abuso” tentando obter segurança e assistência.
Para a Organização Mundial da Saúde, OMS, a crise sudanesa é uma das maiores e mais agudas do mundo. Com mais de 15 mil mortes e 33 mil feridos, o sistema de saúde está em colapso.
A agência revelou que especialmente em zonas de difícil acesso, estes locais foram danificados, saqueados ou confrontados com falta de pessoal, medicamentos, vacinas, equipamentos e materiais.
A OMS alerta que a crise no Sudão poderá piorar dramaticamente nos próximos meses e afectar toda a região sem o fim dos combates ou o pleno acesso à entrega de ajuda.
Crise subfinanciada
A agência argumenta que o que se observa é apenas a ponta do iceberg de uma situação que pode se tornar terrível. O acesso da comunidade humanitária é considerado extremamente limitado.
A comunidade humanitária não consegue alcançar metade dos estados do Sudão. As áreas sudanesas de Darfur e Cordofão estão desprovidas de ajuda humanitária.
Numa realidade global marcada por múltiplas crises, o Sudão continua a ser uma crise subfinanciada. Até à data, o apelo do Plano de Resposta Humanitária para a saúde, por exemplo, foi financiado em 17%.
A OMS revela que uma grande proporção dos feridos civis ocorreu devido ao uso de armas pesadas em áreas densamente povoadas. Mulheres e crianças constituem “uma proporção significativa de vítimas” que acreditam que o número real é muito maior.
Surtos de doenças e incapacidade de acesso a cuidados
Com deslocações frequentes, surtos de doenças e incapacidade de acesso a cuidados para outros problemas de saúde, aumentam as necessidades de saúde materna e neonatal, bem como de alimentos e água.
Entre 70 e 80% das instalações de saúde não funcionam devido ao conflito, no meio de uma crise de serviços básicos, incluindo vacinação, vigilância de doenças, laboratórios inoperáveis e equipas de resposta rápida.
O país enfrenta uma série de epidemias, destacando-se mais de 11 mil casos de cólera, 4,6 mil de sarampo, 8,5 mil de dengue e 1,3 milhão de malária.
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