As inundações “sem precedentes e devastadoras” na África Oriental causaram deslocamentos generalizados, com milhares de pessoas forçadas a fugir das suas casas no Burundi, Quénia, Ruanda, Somália, Etiópia e Tanzânia.
A Organização Internacional para as Migrações, OIM, emitiu um alerta salientando que as chuvas torrenciais causaram inundações e deslizamentos de terra catastróficos e danificaram gravemente estradas, pontes e barragens.
“Dura realidade”
Mais de 637 mil pessoas foram afectadas por semanas de inundações, incluindo 234 mil deslocados só nos últimos dias. Ainda não há números oficiais sobre o número de mortes.
A agência da ONU afirmou que a emergência das cheias revela a “dura realidade” das alterações climáticas, que “ceifam vidas e deslocam comunidades inteiras”.
A diretora regional da OIM para a região, Rana Jaber, disse que “à medida que estes indivíduos enfrentam a difícil tarefa de reconstrução, a sua vulnerabilidade só se aprofundará”.
Ela acrescentou que neste momento crítico, a OIM apela a esforços sustentáveis para abordar a mobilidade humana decorrente das alterações climáticas.
África é altamente vulnerável às alterações climáticas, apesar de contribuir apenas com cerca de 4% para as emissões globais de gases com efeito de estufa. O Leste e o Corno de África foram particularmente afectados por ciclos alternados de seca e precipitação intensa ao longo da última década, afirmou a OIM.
Assistência aos locais afetados
Face às piores chuvas e inundações das últimas décadas, a agência da ONU, com governos e parceiros, continua a prestar assistência vital às populações afectadas, que perderam familiares e enfrentam agora um risco maior de doenças transmitidas pela água.
No Burundi, a OIM distribuiu abrigos de emergência, cobertores, utensílios de cozinha, kits de dignidade, lâmpadas solares e outros artigos a mais de 5.000 pessoas. A agência da ONU também apoia a realocação de pessoas em risco para áreas seguras e menos propensas a inundações.
A ajuda também está em curso na vizinha Etiópia, atingindo mais de 70 mil pessoas, e no Quénia, onde 39 mil pessoas gravemente afetadas pelas inundações receberam ajuda.
Na Somália, cerca de 240 mil pessoas receberão abrigo, materiais, kits de higiene, cuidados médicos essenciais e apoio psicossocial, entre outros serviços.
Mobilidade climática
A OIM defende que quaisquer discussões sobre o aquecimento global e o seu impacto no ambiente devem incluir considerações sobre a mobilidade e o deslocamento humano.
Segundo a agência, os líderes da África Oriental assinaram a Declaração Ministerial de Kampala sobre Migração, Ambiente e Alterações Climáticas para enfrentar os “desafios e oportunidades da mobilidade climática”.
Para a OIM, são necessários mais esforços para apoiar a implementação deste compromisso, nomeadamente através da inclusão da mobilidade climática nas discussões globais, como a próxima COP29, em Novembro deste ano, no Azerbaijão.
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