Governo venderá arroz com rótulo próprio e preço tabelado; produtores falam em intervenção estatal

Governo venderá arroz com rótulo próprio e preço tabelado; produtores falam em intervenção estatal


A iniciativa foi tomada em resposta às enchentes no Rio Grande do Sul.

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

A iniciativa foi tomada em resposta às enchentes no Rio Grande do Sul. (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O governo Lula está em uma briga com produtores, processadores e vendedores de arroz depois de decidir importar 1 milhão de toneladas do grão para vender diretamente em supermercados e redes atacadistas de alimentos no país.

A iniciativa foi tomada em resposta às enchentes no Rio Grande do Sul. Porém, empresários e especialistas veem a intervenção do governo federal no mercado, que agora terá um rótulo próprio na prateleira com preço definido.

A operação é inédita, ou seja, é a primeira vez que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) realiza a operação completa: da importação à distribuição. Tradicionalmente, a estatal reabastece os estoques públicos e regulamenta garantias de preços mínimos aos produtores por meio de leilões em que vende produtos subsidiados a agentes privados da cadeia da indústria alimentícia.

Desta vez, além das importações, será a primeira vez que o governo venderá um produto com sua logomarca na embalagem. O arroz importado deve ser embalado no país de origem, pelo fornecedor, com rótulo que diz “Arroz adquirido pelo governo federal” e que traz a logomarca da Conab.

O volume representa cerca de 10% do consumo anual do Brasil – estimado em 10,5 milhões de toneladas – ou pouco mais de dois meses de vendas em supermercados.

O produto será destinado à venda direta em mercados de bairro, supermercados, hipermercados, cash and carry e estabelecimentos comerciais com “ampla rede de pontos de venda nas regiões metropolitanas”.

Esses estabelecimentos comerciais deverão vender o arroz exclusivamente ao consumidor final ao preço de R$ 8 o pacote de dois quilos.

Uma medida provisória editada no dia 10 limitou as vendas a pequenos estabelecimentos e uma portaria publicada quatro dias depois estabeleceu que esses estabelecimentos deveriam ter no máximo cinco caixas. Ciente da complexidade da distribuição estadual que chega aos supermercados, o governo decidiu ampliar a lista para grandes redes, que comprarão arroz por meio de leilões de vendas organizados pela Conab.

O governo argumenta que empresários da cadeia produtiva aproveitaram a crise no Rio Grande do Sul para elevar o preço do grão, acelerado por uma onda de notícias falsas nas redes sociais denunciando escassez do produto – o estado do Rio O Grande do Sul é o maior produtor de arroz do país, responsável por 70% do abastecimento nacional.

“A preocupação dos produtores de arroz (com as importações) que não querem o achatamento dos preços que as importações podem causar é legítima, mas a posição do governo de evitar a especulação e aumentar o preço do arroz em 25% a 40% em poucas semanas também é legítimo. dias é um desrespeito à população brasileira”, disse o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, em audiência na Câmara dos Deputados na semana passada.