Instituto promove debate na semana da deficiência intelectual e múltipla – Jornal Estado de Minas

Instituto promove debate na semana da deficiência intelectual e múltipla – Jornal Estado de Minas



Com uma população de 203,1 milhões de pessoas, o Brasil tem, segundo dados de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 18,6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência – o que corresponde a quase 9% dos brasileiros. Para dar visibilidade e buscar soluções para os desafios diários enfrentados por essa parcela da população, em 2017, foi criada por lei uma semana especialmente dedicada a debater a conscientização, a necessidade de mais inclusão social e o combate ao preconceito. É a Semana das Pessoas com Deficiência Intelectual e Múltipla, realizada anualmente de 21 a 28 de agosto.

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“É um momento extremamente importante para trazer à tona o quanto ainda vivemos em uma sociedade carente de informações corretas sobre as pessoas com deficiência e como esse grupo pode agregar valor para que possamos ter uma sociedade mais igualitária e inclusiva”, comenta o coordenador do Projeto Laços, do Instituto Serendipidade, Deise Campos. A organização não governamental tem como objetivo mostrar os benefícios que a diversidade oferece a todos que com ela se envolvem.

Para marcar a semana especial, a instituição promove um encontro virtual gratuito nesta terça-feira (27/8), a partir das 20h30, como forma de trazer uma visão holística sobre o desenvolvimento da pessoa com deficiência para além do diagnóstico, abordando tanto os desafios relativos ao potencial que este grupo tem.

A live será transmitida pelo Instagram da instituição, que @institutoserendipidade. “Falaremos da deficiência como uma característica, sim, mas queremos explorar todo o potencial de desenvolvimento e como o futuro dessa pessoa pode ser impactado se essas virtudes forem exploradas. O que essa pessoa pode fazer para alcançar um envelhecimento saudável? Qual o papel da família direta e da família extensa – que são avós, tios, primos, sobrinhos – nesse processo?”, comenta a gerente institucional do Instituto Serendipidade, Débora Goldzveig, que mediará o bate-papo.

O encontro contará com a presença do médico Marcelo Altona, geriatra e coordenador do Grupo de Assistência Médica (GMA) do Hospital Israelita Albert Einstein, Sônia Monken, coordenadora do Programa Envelhecimento da Associação para a Profissionalização, e Sandro Duarte, membro do Envelhecimento Ativo Programa da Serendipidade em parceria com a APOIE-SP. Serão expostas ações práticas que levam a uma melhor qualidade de vida das pessoas com deficiência intelectual e múltipla, como alimentação, hábitos diários, autocuidado, atividades da vida diária, além de questões conceituais sobre como otimizar comportamentos para proporcionar mais autonomia dessas pessoas, o uso favorável da tecnologia e os direitos de acessibilidade.

Sentindo isso em sua pele

A falta de conhecimento é um dos principais desafios que leva a preconceitos e atitudes inadequadas em relação às pessoas com deficiência. Algo sentido todos os dias pela família de Miguel Rodrigues, de 14 anos, que tem síndrome de Down e Moyamoya, uma síndrome vascular cerebral que provoca AVCs repetidos. “As pessoas ainda não estão preparadas para a convivência social plena com pessoas com deficiência. Hoje o Miguel frequenta uma escola especializada porque tivemos muita dificuldade em ter uma inclusão real na escola regular”, comenta a mãe, Fernanda Cammarota Rodrigues.

Para ela, debater as necessidades das pessoas com deficiência é urgente para desmistificar conceitos equivocadamente enraizados. “As pessoas com deficiência não devem ser colocadas em bolhas porque a sociedade ainda não está preparada para a plena convivência social. Além disso, precisamos falar das demandas de pessoas atípicas que ninguém gosta de falar: sexualidade, convívio social, inclusão, por exemplo”, reforça.

A opinião de Fernanda é compartilhada por Carol Violla, mãe de Luís Henrique, de 11 anos, que tem paralisia cerebral devido a complicações no parto. Carol já foi voluntária em projetos que apoiam pessoas com deficiência antes mesmo de ser mãe de Luís, e destaca a importância da representação de todos os tipos de deficiência. “Infelizmente, vivemos em subgrupos. Por isso precisamos lutar em geral pela inclusão, em geral pelos direitos de todos, porque só assim haverá uma sociedade mais justa, alcançando verdadeiramente visibilidade, sensibilidade e tratamentos adequados – incluídos em planos de saúde ou subsidiados pelo governo. Acho que, de mãos dadas, a gente fica mais presente, ganha muito mais recursos, consegue mais espaços”, afirma.

As duas mães representam o que muitos desejam para os filhos: mais integração para pessoas atípicas. “Às vezes, um cadeirante simplesmente não consegue andar. Às vezes, uma pessoa com paralisia cerebral tem apenas uma limitação física, mas tem habilidades cognitivas preservadas e pode fazer muito mais com as habilidades que constrói ao longo da vida. Portanto, não limite as pessoas por causa de sua deficiência. O diagnóstico não é destino e tudo. De mãos dadas podemos construir um mundo melhor a partir de nós mesmos”, afirma Carol.

“Como mãe de um adolescente atípico, meu maior desejo é que as pessoas consigam ampliar sua visão sobre a deficiência e ressignificar essa visão. Somos todos únicos, todos temos as nossas capacidades e dificuldades e as nossas dificuldades não nos definem”, acrescenta Fernanda.





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