A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, Unctad, está a apoiar Angola no desenvolvimento de uma análise e plano de acção nacional sobre empreendedorismo. A parceria acontece através do Instituto Nacional de Apoio às Micro, Pequenas e Médias Empresas, Inapem.
O desenvolvimento de uma estratégia nacional de empreendedorismo em Angola está no topo da agenda política e prevista na estratégia 2050 do país, focada na diversificação económica e no crescimento, entre outras prioridades.
Fortalecendo o ambiente de negócios
Também faz parte do Plano de Desenvolvimento Nacional 2023-2027 do governo a promoção do empreendedorismo e o posicionamento do sector privado como principal motor do desenvolvimento económico.
O secretário de Estado do Comércio de Angola, Amadeu de Jesus Leitão Nunes, disse que o objectivo é diversificar a economia para torná-la mais competitiva no mercado internacional.
Segundo ele, para isso, o país está a desenvolver “um quadro mais sólido que incentive o empreendedorismo, impulsione a inovação e facilite o acesso ao financiamento”.
Plano de ação para o empreendedorismo
A estratégia servirá de modelo para fomentar e promover o empreendedorismo em Angola, além de estabelecer uma agenda nacional abrangente para reforçar e apoiar o espírito empreendedor, especialmente entre os jovens, e fornecerá um quadro para promover a coordenação entre os principais intervenientes.
A Unctad e o Inapem realizaram um exercício de mapeamento e rondas de consulta com diversas partes interessadas, resultando num conjunto de pontos de acção. O trabalho baseou-se na metodologia do Quadro de Política de Empreendedorismo da Unctad.
As ações prioritárias incluem a normalização e simplificação de regulamentos e procedimentos burocráticos, o reforço dos balcões únicos online e o fornecimento de informações abrangentes sobre oportunidades de financiamento.
Igualmente importante é a necessidade de investir na capacidade humana e cultivar uma mentalidade empreendedora através de iniciativas para desenvolver competências específicas e promover oportunidades de negócio.
Rumo a empresas sustentáveis
O representante da Unctad, Arletter Verploegh, afirma que “a concepção e implementação de uma estratégia nacional de empreendedorismo não se concentra apenas no número de empresas criadas, mas também na sua capacidade de crescer e tornar-se sustentável”. Segundo ela, “isso requer envolvimento de várias partes interessadas e compromisso de longo prazo”.
Verploegh destaca o potencial transformador do empreendedorismo para impulsionar o desenvolvimento sustentável a nível local e promover o crescimento socioeconómico, a inovação, a democratização das tecnologias e a ecologização de uma economia.
Uma estratégia adaptada
Para a Unctad, desbloquear todo o potencial empresarial de Angola requer uma estratégia adaptada aos desafios e oportunidades únicos do país. País menos desenvolvido e em vias de sair desta categoria, Angola tinha a oitava maior economia de África em 2022, com um Produto Interno Bruto, PIB, de 107 mil milhões de dólares, segundo o Banco Mundial.
Mas é altamente dependente dos sectores do petróleo e do gás, com empresas informais e não registadas representando cerca de 80% das pequenas empresas ou um terço do PIB de Angola.
O país regista também elevadas taxas de desemprego, especialmente nas zonas urbanas e entre os jovens, segundo o Instituto Nacional de Estatística.
Em 2022, o desemprego foi estimado em 30,2% entre as pessoas com 15 anos ou mais. As disparidades no desemprego são maiores entre as mulheres, com 41,6% nas zonas urbanas, em comparação com 14,1% nas zonas rurais.
A expectativa é que a estratégia nacional de empreendedorismo ajude a enfrentar estes desafios e reforce a procura de Angola pela resiliência económica e pelo crescimento inclusivo.
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