OMS pede proteção para médicos e pacientes sitiados em hospital em Gaza

OMS pede proteção para médicos e pacientes sitiados em hospital em Gaza


A Organização Mundial de Saúde, OMS, afirmou esta terça-feira que o hospital Al-Awda, no norte de Gaza, está sitiado com cerca de 148 funcionários, 22 pacientes e seus acompanhantes impossibilitados de abandonar o local desde domingo.

Segundo o diretor-geral da agência, Tedros Ghebreyesus, “a equipe médica dentro do hospital relatou um ataque em 20 de maio, com franco-atiradores apontando para o prédio e um foguete de artilharia atingindo o quinto andar”.

Ordens de evacuação afetam instalações de saúde

Ele pediu proteção às pessoas internadas no hospital, em meio a um cenário de contínuos bombardeios, incursões terrestres e intensos combates.

Segundo a OMS, apenas cerca de um terço dos 36 hospitais de Gaza ainda funcionam. Várias unidades essenciais de saúde estão “inacessíveis” aos pacientes e profissionais afetados pela violência ou pelas ordens de evacuação.

Na cidade de Rafah, no sul, as ordens de evacuação militar israelita afectaram mais de 20 postos médicos, quatro hospitais e quatro centros de saúde primários. No norte de Gaza, 16 postos médicos foram afectados, bem como cinco centros de cuidados de saúde primários e o Hospital Kamal Adwan, além do Hospital Al-Awda.

Uma mãe e sua filha recebem cuidados no Hospital Kamal Adwan, no norte de Gaza, em abril de 2024

Médicos e pacientes em “situação precária”

A profissional de comunicação da OMS, Nika Alexander, que regressou de Gaza há uma semana, explicou que a organização está a trabalhar para fornecer combustível e suprimentos aos hospitais que estejam em condições de funcionar. Segundo ela, a agência teve que transferir o local de armazenamento dos suprimentos para áreas mais ao norte de Rafah, para “manter esses suprimentos seguros e garantir a sua entrega aos hospitais”.

O representante destacou o quão perigosa é a situação “todos os dias e todas as horas”, relatando que sempre que se ouve o som de um avião, “pouco tempo depois poderá cair uma bomba”.

Nika Alexander disse que os hospitais em Gaza não são capazes de fornecer serviços completos. Alguns deles funcionam quase como um “ponto de estabilização”, fazendo o possível para garantir que “as pessoas não morram em consequência da lesão, prestando alguns cuidados básicos”.

Segundo ela, vários pontos da Faixa são zonas de guerra, por isso os profissionais de saúde e os pacientes que tentam chegar a essas instalações médicas “estão em situação precária”.

75% da Faixa de Gaza sob ordens de evacuação

O Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, Ocha, informou que a operação militar israelita em curso e as ordens de evacuação deslocaram mais de 900.000 palestinianos nas últimas duas semanas, cerca de quatro em cada 10 habitantes de Gaza. Isto inclui 812 mil pessoas de Rafah e mais de 100 mil outras no norte de Gaza, com centenas de milhares a viver em “condições terríveis”.

Os parceiros humanitários do OCHA que trabalham para fornecer abrigo às pessoas em Gaza relatam que não há tendas e restam muito poucos itens de abrigo para distribuição.

De acordo com a agência da ONU, as pessoas deslocadas de Rafah procuram atualmente abrigo em Khan Younis e Deir al Balah em qualquer terreno aberto disponível, “incluindo estradas de acesso e terrenos agrícolas, bem como em edifícios danificados que não foram avaliados estruturalmente”.

Até à data, mais de 75% da Faixa de Gaza, ou cerca de 285 quilómetros quadrados, está sob ordens de evacuação no meio da escalada do conflito.



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