Os promotores não apresentarão acusações criminais contra duas pessoas no centro do escândalo de racismo em Los Angeles

A procuradoria da cidade de Los Angeles disse na terça-feira que não planeja apresentar acusações criminais contra duas pessoas que foram investigadas na gravação de uma conversa racista que abalou a prefeitura e levou o presidente do conselho municipal a renunciar após o vazamento do áudio em 2022.

A Associated Press não revela o nome das duas pessoas, um casal, porque não foram acusadas. Ambos trabalharam anteriormente na Federação do Trabalho do Condado de Los Angeles e moravam em uma casa que os investigadores localizaram em postagens nas redes sociais destacando a polêmica gravação.

O gabinete do procurador municipal Hydee Feldstein Soto recusou-se a apresentar contravenções contra o casal poucos meses depois de o gabinete do promotor público ter anunciado que não iria apresentar quaisquer acusações criminais contra eles.

“Após uma análise cuidadosa, foi determinado que não havia provas suficientes para cumprir o padrão constitucional de prova”, escreveu o porta-voz Ivor Pine num e-mail para a Associated Press na terça-feira. “Por causa disso, nosso escritório não apresentará acusações criminais.”

O escândalo foi desencadeado por uma gravação vazada de comentários racistas e grosseiros durante uma reunião privada em 2021, na qual quatro democratas latinos conspiraram para expandir o seu poder político às custas dos eleitores negros durante um realinhamento dos limites distritais do conselho. A gravação vazou no ano seguinte.

O presidente do conselho, Nury Martinez, e o poderoso líder trabalhista Ron Hererra renunciaram em desgraça. O mandato do vereador Gil Cedillo terminou semanas depois, mas o vereador Kevin de León resistiu aos apelos para sua destituição – inclusive da Casa Branca – e concorreu à reeleição. Ele enfrenta um segundo turno em novembro.

A reunião ocorreu na sede da Federação do Trabalho do Condado de Los Angeles, conhecida localmente como “LA Fed”. O casal trabalhava no Fed de Los Angeles na época.

Os investigadores disseram que a gravação foi postada anonimamente no Reddit em 2022 e que uma conta no Twitter ampliou a postagem. Ambas as contas estavam associadas a uma conta de e-mail que foi rastreada até um endereço IP — designação numérica que identifica sua localização na internet — e vinculada à casa do casal.

Os detetives recomendaram acusar o casal de escuta criminosa e gravações ilegais de áudio ou escutas telefônicas em relação à gravação daquela conversa de 2021, bem como outra de um telefonema de 2022 entre Herrera e um porta-voz da federação, de acordo com uma planilha de avaliação de acusações divulgada pelo gabinete do procurador distrital. O promotor distrital se recusou a apresentar acusações no início deste ano e encaminhou o caso ao gabinete do procurador da cidade.

De acordo com a lei da Califórnia, todas as partes devem consentir com a gravação de uma conversa privada ou chamada telefônica, caso contrário, a pessoa que fez a gravação poderá enfrentar penalidades criminais e civis. Os estatutos de escuta telefônica do estado estão entre os mais fortes do país e permitem que a “parte lesada” – a pessoa que está sendo gravada sem sua permissão – processe.

Cedillo e de León têm processos pendentes separados contra o casal.

A planilha de avaliação de acusações do promotor público observa que ambas as pessoas tinham “motivos semelhantes para cometer o crime”, mas não detalha os motivos alegados. Os promotores escreveram que as evidências indicam que uma das pessoas, ou ambas, fizeram a gravação.

“No entanto, não está claro como ocorreram as gravações ilegais, o dispositivo usado para fazê-las ou quem carregou as gravações online e criou as contas anônimas no Reddit, Twitter e Gmail”, afirma a planilha.