O vereador reeleito de Medina, cidade de 20 mil habitantes no Vale do Jequitinhonha, Ailson Batista de Figueiredo (MDB), conhecido na cidade como Codó, foi denunciado pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) por violência política de gênero .
Codó é acusado de crime eleitoral contra a vereadora eleita, a ex-secretária de Saúde do município, Tatyana da Saúde (Republicanos), única mulher a ocupar um assento na Câmara Municipal de Medina, cidade que, durante seis legislaturas, não tinha nenhuma mulher no conselho.
No dia da eleição, após o resultado das urnas, durante manifestação em praça pública para comemorar a vitória de Lucas Luterplan (MDB) para o cargo de prefeito, ao microfone, Codó ligou para a futura colega vereadora e sua irmã, Aline Azevedo de Figueiredo, de “vadias e putas”, além de fazer comentários misóginos contra as duas. As ofensas foram registradas e o vídeo viralizou na cidade.
O MPMG pede a suspensão dos direitos políticos do vereador, além de indenização de R$ 500 mil para a vítima.
Segundo a denúncia, a vereadora reeleita humilhou Tatyana e sua irmã, “usando desprezo ou discriminação à condição da mulher, com o objetivo de impedir ou dificultar sua campanha eleitoral ou o desempenho de seu mandato eletivo”.
Tatyana foi secretária de Saúde de Medina durante sete anos, mas foi demitida em janeiro por, segundo ela, concorrer a vereadora e não apoiar o candidato a prefeito, que acabou sendo eleito. Codó ficou em sexto lugar na disputa e teve menos votos que Tatyana, a quarta mais votada para a Câmara Municipal.
“Eles não aceitam que uma mulher possa ter voz, possa ousar não cumprir o que querem na política. No fundo, têm medo da concorrência”, afirmou o vereador eleito. Segundo ela, as ofensas foram constantes ao longo da campanha. “O vídeo apenas provou o que ele estava dizendo sobre nós. Ele até atacou nossos corpos”, disse Tatyana, que atribuiu os ataques ao “machismo flagrante da política”. “O ódio compete contra nós, mulheres, na luta por espaço na política”, afirmou.
Segundo ela, sua irmã, que trabalha na prefeitura, foi perseguida durante a campanha e transferida do local de trabalho. “Tudo porque ousei ser candidata a vereadora e não apoio a candidatura deles”, disse Tatyana.
Segundo a irmã do vereador eleito, ela foi agredida apenas por causa da família e por apoiar a eleição de Tatyana. “Atingiu seu ego masculino que minha irmã concorreu a vereadora contra a vontade deles e foi eleita com mais votos que ele”, disse Aline.
Segundo o procurador que assinou a denúncia, Uilian Carlos Barbosa de Carvalho, o vereador “procurou constranger e humilhar intencionalmente a vereadora eleita e sua irmã, em razão da candidatura e da eleição”. Carvalho afirmou ainda que as pessoas presentes no comício aplaudiram enquanto ele fazia os insultos.
Além do prefeito eleito, durante as ofensas, Codó estava acompanhado do atual prefeito Evaldo Lúcio Peixoto Sena, conhecido como Vavá (Republicanos), além de apoiadores e simpatizantes.
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O vereador não respondeu ao pedido de entrevista enviado pela reportagem para seu e-mail institucional. Assim que ele se manifestar, o texto será atualizado. Ele não pôde ser contatado por telefone.
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