Os problemas internos que o PT enfrenta devem atrasar a decisão do partido sobre quem apoiar para presidente da Câmara. E esse atraso é útil. Os petistas querem primeiro saber para que lado sopram os ventos.
Afinal, pelos preços de hoje, a expectativa é de um segundo turno. A fala do presidente da Câmara, Arthur Lira, gesto que abriu a semana política em apoio ao candidato Hugo Motta, já foi um sinal de que o sonhado consenso não aconteceu e está longe de acontecer.
Nesse sentido, crescerá a pressão para fechar a lista em breve, com os cargos do Conselho de Administração. Porém, os petistas sempre poderão dizer que esse movimento só será possível quando o partido se organizar internamente.
Vale lembrar: em conversas privadas, muitos petistas se arrependeram de ter passado direto a apoiar Lira, em 2023, quando Lula foi recém-eleito. O que moveu o partido na direção do deputado do PP naquela época foi o 8 de janeiro.
Já havia barulho suficiente para irritar o todo-poderoso presidente da Câmara. Além disso, o centro estava unido. Agora, está completamente dividido e, em votação secreta, nem mesmo os partidos que já anunciaram Motta têm os votos garantidos. Ainda haverá muito trabalho a fazer antes que um dos três candidatos possa erguer o troféu da vitória.
A gratidão do MDB
Os emedebistas agradecem muito aos republicanos, especialmente ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, por ter ajudado na reeleição de Ricardo Nunes. Por isso, muitos emedebistas vão agora ajudar os republicanos a eleger Hugo Motta como presidente da Câmara.
Falando em Hugo…
Seus adversários insistirão dia e noite que ele é “filho” do ex-prefeito Eduardo Cunha. Em alguns casos, pode até ajudar. São muitos os deputados que agradecem eternamente a Cunha por tornar as emendas obrigatórias. Aliás, o tema das emendas será um dos principais temas nas conversas dos candidatos com os parlamentares.
Michelle para o Senado
Bolsonaro aproveitou a conversa com jornalistas no Senado para dizer que a primeira-dama Michelle Bolsonaro deveria ser candidata a senadora pelo Distrito Federal. “Ela pretende concorrer ao Senado pelo Distrito Federal e acredito que tem boas chances. Ela apoiou Damares e Damares perdeu 2% e venceu Flávia Arruda. Ela está bem e quer servir ao seu país, quem sabe, aqui no Senado se o povo do DF entender isso.”
Oponentes eternos
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e o ex-presidente Jair Bolsonaro, foram ao confronto declarado. Enquanto o governador ecoa a vitória de seu aliado, Sandro Mabel, e ataca deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO)Bolsonaro reage. “Caiado, se desagradar, vira inimigo”, afirmou e ainda desafiou a direita sem que ele (Bolsonaro) lotasse aeroportos para receber candidatos.
Ainda sobre as eleições
Imagine, caro leitor, nenhum cidadão do Distrito Federal comparece para votar em uma eleição. Então é. A abstenção em São Paulo neste segundo turno foi maior. O DF tem, segundo dados do TSE da última segunda-feira, 2.176.616 eleitores. Na capital paulista, 2.940.360 não foram às urnas. Um sinal de que os partidos precisam se aproximar dos eleitores.
O corpo fala
Muita gente estranhou que o candidato republicano, Hugo Motta, não tenha pedido a palavra para agradecer o apoio de Lira. Foi uma oportunidade de mostrar, diante das câmeras, porque ele é o candidato do consenso. Ele apenas ficou ao lado do Presidente da Câmara, franzindo a testa por causa da luz.
Tópicos de tendência
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), foi um dos destaques da rede social X na tarde de ontem. Os eleitores de Guilherme Boulos (PSOL) não esqueceram a grave acusação feita pelo governador contra o deputado e insistem em crime eleitoral. O outro motivo foi o primeiro leilão para privatizar a construção e gestão de 17 escolas estaduais de SP. A empresa vencedora do leilão é a mesma que cuida dos cemitérios da capital após a privatização no governo do prefeito Ricardo Nunes (MDB).
Falando em Tarcísio…
A relação entre o governador e o presidente do PP, Ciro Nogueira, não é boa. Ciro disse claramente em entrevista à CNN que não tem obrigação de apoiar o governador caso ele seja candidato à presidência da República. E reclamou também que Tarcísio está intimamente ligado a Gilberto Kassab, presidente do PSD, que não apoia Jair Bolsonaro. (com Eduarda Espósito)
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