Uma surpresa positiva para Lula em meio a tantas d…

Pouco depois do primeiro turno, o presidente Lula lamentou, em reunião no Palácio do Planalto, a atuação do PT nas eleições municipais e listou derrotas que o incomodaram, principalmente no Estado de São Paulo, berço do partido. As falhas citadas envolveram nomes históricos da sigla. Ex-comandante do PT-SP e amigo de Lula há décadas, Emídio de Souza perdeu por larga margem a disputa pela prefeitura de Osasco. O prefeito Edinho Silva, ex-ministro de Dilma Rousseff, não conseguiu eleger um sucessor, derrotado por um bolsonarista.

Nesse cenário de frustração, Lula e ministros conseguiram elencar pelo menos uma surpresa positiva na eleição: o vereador Vinicius Castello, 29 anos, que passou em primeiro ao segundo turno na disputa pela prefeitura de Olinda (PE), deixando para trás o a até então favorita Mirella Almeida (PSD), apoiada pelo prefeito da cidade, Lupércio (PSD).

Negro, homossexual e criado na periferia, Castello conta com o apoio do prefeito reeleito do Recife, João Campos (PSB), campeão de votos no primeiro turno, e tem enfrentado ataques homofóbicos e discursos de ódio nas redes sociais. Lula também decidiu ajudar seu apoiador e gravou um vídeo ao lado dele. “Tenho certeza que como você já foi invisível, que os políticos não te viram, por favor não deixe de ver as pessoas que serão o motivo da sua eleição para prefeito de Olinda”, diz o presidente na gravação .

Renovação travada

Na avaliação preliminar das eleições municipais, chamou a atenção dos petistas o fato de jovens terem vencido disputas para vereadores em municípios paulistas. Juntamente com o caso de Olinda, esses resultados reacenderam o debate sobre a necessidade de renovação no PT. O próprio Lula abordou o assunto com seus ministros.

“O presidente fez um balanço da eventual necessidade de renovação, mas acho que ainda está quente para fazermos uma análise mais aprofundada”, disse a VEJA o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA). A renovação é um desafio monumental, dificultado pelo principal líder do partido. Desde a redemocratização, Lula participou de seis das nove eleições presidenciais. Em outros dois, não concorreu porque não podia – um por proibição constitucional, outro porque estava preso. Desde então, a linha não mudou.