SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Era final de fevereiro e tomava posse o novo presidente do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo. Ao lado do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) elogiou a Justiça Eleitoral e falou das eleições como uma “representação soberana” da vontade popular.
Dois dias depois, cogitado como possível candidato à Presidência em 2026 devido à inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Tarcísio participaria de uma manifestação na Avenida Paulista ao lado dele.
O ato foi uma tentativa de demonstrar a força de Bolsonaro, peça central na investigação da Polícia Federal que investiga se houve tentativa de golpe de Estado para mantê-lo no cargo após sua derrota para o presidente Lula (PT) nas eleições de outubro de 2019. 2022.
Para acalmar as tensões com o Judiciário, manifestando seu apreço pelas instituições e pelo processo eleitoral, e ao mesmo tempo permanecendo dentro do bolsonarismo, o governador teve uma solução lógica: negar o envolvimento do seu grupo político na tentativa de reverter os resultados eleitorais.
Então ele fez. Publicamente, ele busca afastar a responsabilidade de Bolsonaro e de seus aliados no caso. Nos bastidores, ele se aproxima dos ministros do STF, especialmente de Moraes, para esfriar a temperatura e melhorar o relacionamento com os bolsonaristas, como já afirmou para pessoas ao seu redor.
No último fim de semana, Tarcísio voltou a negar que o seu grupo político estivesse envolvido numa tentativa de golpe. Questionado sobre as investigações da PF sobre Bolsonaro e seus aliados, Tarcísio minimizou: “Não vejo por que nós, por que essa corrente, estamos sob a atenção da Polícia Federal”.
Nas semanas anteriores à manifestação na Avenida Paulista, Bolsonaro foi encurralado. Ele havia sido chamado para prestar depoimento à PF e aliados temiam que sua prisão estivesse próxima.
O próprio ex-presidente acusou a preocupação em entrevista. “Não podemos continuar vivendo aqui nesse impasse. ‘Ah, o Bolsonaro vai ser preso amanhã. Ele pode ser preso a qualquer momento’. Que crime eu cometi?”, disse ao blogueiro Esmael Morais.
Naquele mês, uma semana depois da operação da PF que atingiu o entorno do ex-presidente e apreendeu o passaporte de Bolsonaro, Tarcísio saiu em defesa do padrinho político e disse não ver nenhum elemento que o incriminasse. “Acho que as pessoas estão criando muitas coisas. Com o tempo tudo ficará esclarecido.”
A PF sustenta que o ex-presidente solicitou alterações a um projeto de golpe que lhe foi apresentado pelo ex-assessor Filipe Martins e que depois convocou uma reunião com os comandantes das Forças Armadas para pressioná-los a aderir ao documento.
Em depoimentos à polícia, os então comandantes do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, e da Aeronáutica, Carlos Baptista Júnior, detalharam reuniões e pressões da cúpula do governo Bolsonaro para a tentativa de golpe e a adoção de medidas que incluem a prisão de autoridades.
Segundo pessoas que compareceram à manifestação de fevereiro ao lado de Bolsonaro, Tarcísio acertou com o STF qual seria o tom daquele ato – ou seja, garantiu que o ex-presidente não atacaria os ministros. Naquele dia, Bolsonaro criticou as penas impostas aos envolvidos nos atentados de 8 de janeiro e reclamou dos “abusos de alguns”, mas não citou nomes.
Aos apoiadores de Bolsonaro, o governador diz que tenta se aproximar do STF para ajudar. Uma pessoa próxima ao ex-presidente afirma que essa medida conta com o aval de Bolsonaro, que ainda acredita na reversão de sua inelegibilidade e, acima de tudo, quer evitar uma possível prisão.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, Tarcísio também conversou com Moraes buscando evitar o impeachment do senador Bolsonaro Jorge Seif (PL). O governador argumentou que seria traumático cassar o mandato de um parlamentar eleito. Tarcísio também ouviu o ministro durante o processo de nomeação do novo procurador-geral de São Paulo, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa.
A aproximação do Judiciário é uma das posturas do governador que incomodam uma ala de Bolsonaro – além de elogios esporádicos ao governo Lula e ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e participações em eventos com figuras ligadas ao governo não bolsonarista direita ou centro-direita.
Este grupo de aliados de Bolsonaro acredita que, com estes movimentos, Tarcísio procura abrir caminho para a sua candidatura ao Planalto, possibilidade que nega publicamente, posicionando-se como um político moderado e desligando-se do Bolsonaroismo.
No mês passado, o governador participou de jantar organizado pelo apresentador da TV Globo, Luciano Huck. Nesta segunda-feira (10), ele promoveu um jantar em homenagem ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, com quem trabalhou durante a gestão Bolsonaro. A reunião contou com a presença dos ex-governadores João Doria e Rodrigo Garcia, ex-tucanos que deixaram o partido.
Rodrigo Garcia ainda ajudou na construção da ponte entre Tarcísio e Moraes. Ele e o ministro são próximos –ambos foram secretários do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB). Rodrigo e Tarcísio se aproximaram durante a transição governamental.
Outra ala bolsonarista reconhece que os movimentos de Tarcísio não são atípicos para o governador de um estado influente como São Paulo e afirma que ele precisa estar preparado caso seja confirmado como candidato de direita à Presidência em 2026.
Este grupo acredita que Tarcísio teve um papel importante para acalmar a relação com o Supremo e evitar, até o momento, a prisão do ex-presidente. Desde a manifestação na Paulista, as conversas sobre essa possibilidade em torno de Bolsonaro esfriaram.
Além dos fatos revelados pela PF com base em mensagens e na delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de campo de Bolsonaro, o ex-presidente já acumulava uma série de declarações de cunho golpista.
Ao longo de seu mandato, Bolsonaro questionou diversas vezes, sem provas ou provas, a segurança das urnas eletrônicas, sistema utilizado desde 1996 e considerado eficiente e confiável por autoridades e especialistas do país. Após a derrota, o PL, seu partido, tomou medidas para buscar a invalidação dos votos proferidos em parte das urnas no segundo turno das eleições.
Em diversos momentos, o ex-presidente deu a entender que não aceitaria outro resultado que não a sua reeleição, o que provocou uma forte crise institucional em 2021. A ameaça mais contundente ocorreu em julho. “As eleições do próximo ano serão limpas. Ou temos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições”, disse Bolsonaro aos seus apoiantes.
No dia 7 de setembro daquele ano, em discursos diante de milhares de eleitores em Brasília e São Paulo, o ex-presidente fez ameaças golpistas ao STF, instou à desobediência às decisões judiciais e disse que só deixaria a Presidência da República morta.
Nos poucos discursos após a derrota de 2022, enquanto os campos golpistas se multiplicavam pelo país, Bolsonaro não admitiu diretamente a derrota, reforçou as acusações sem provas contra o sistema eleitoral e manteve um discurso duvidoso insinuando que a posse de Lula como Presidente não estava garantida.
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