Tarcísio diz aprovar vice de Nunes sugerido por Bolsonaro e cobra definição

Tarcísio diz aprovar vice de Nunes sugerido por Bolsonaro e cobra definição



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta segunda-feira (10) que apoia a indicação de Jair Bolsonaro (PL) para vice na chapa do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que busca a reeleição na capital. O ex-presidente defende o nome do ex-coronel da Rota Ricardo Mello Araújo (PL), visto com reservas por quem cerca o emedebista.

Tarcísio também cobrou agilidade na definição do vice-presidente, o que foi adiado pela pré-campanha do prefeito, em meio à necessidade de equilibrar uma ampla gama de alianças em torno de sua candidatura. O desejo de quem está ao redor de Nunes é adiar a decisão para o final de julho, época das convenções partidárias.

“Serei fechado com o presidente Bolsonaro e entendo que, mesmo pela mudança de cenário, é mais do que nunca importante fazer esse acordo o mais rápido possível”, disse o governador ao ser questionado por jornalistas sobre o tema. “Estaremos juntos com o coronel Araújo e Ricardo Nunes”.

O governador embarcou na pré-candidatura de Nunes antes de Bolsonaro. Avaliado por pessoas próximas como uma pessoa pragmática, Tarcísio aderiu à tese de que a direita precisaria apoiar um candidato moderado para vencer Guilherme Boulos (PSOL) na capital. Quem está ao redor do prefeito entende que o governador será uma liderança eleitoral fundamental para a transferência de votos.

Como mostrou a Folha de S.Paulo, a pressão para que Nunes escolhesse um vice-presidente de Bolsonaro e, assim, empatasse o apoio do ex-presidente cresceu depois que o técnico Pablo Marçal (PRTB) entrou na disputa pela Prefeitura de São Paulo, ameaçando trazer para si o voto da direita conservadora e flertando com o apoio de Bolsonaro.

Na semana passada, o ex-presidente disse à Folha de S.Paulo que está comprometido com a reeleição de Nunes, mas voltou a exigir a indicação de Mello Araújo para a chapa.

Mesmo após o discurso do ex-presidente, Nunes evitou se comprometer com a escolha do ex-policial, que foi indicado por Bolsonaro para comandar a Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) durante seu governo.

“Eu te conto sobre as vezes em que tive conversas [com Bolsonaro]. Uma das vezes, a imprensa estava acompanhando, ele disse: ‘olha, quando eu era candidato a presidente, eu não aceitava que ninguém me impusesse a vice-presidência, então eu nunca faria uma imposição ao Ricardo’. Agora, claro, o desejo dele é legítimo, querer ter alguém de confiança”, disse o prefeito na semana passada, durante audiência na Reag Investimentos e no canal MyNews.

“É um nome que ele [Bolsonaro] é muito apreciado. Agradeço também, porque ele fez um trabalho muito importante na Ceagesp em um tema que todos nós combatemos, que é a corrupção. Ele colocou ordem nisso”, disse Nunes.

O prefeito mencionou que se encontrou duas ou três vezes com Mello Araújo quando era presidente da Ceagesp. “Sempre foi uma conversa muito objetiva. Nas poucas vezes que estive com ele, ele me deu uma boa impressão. Tenho uma amizade, um relacionamento, tenho celular, troco mensagens? Não. Mas tenho uma boa impressão.”

Segundo quem está ao redor de Nunes, Bolsonaro reafirmou seu apoio a ele em conversa privada. Em interações anteriores, segundo aliados do prefeito, o ex-presidente disse que a indicação do vice caberia, em última instância, a Nunes.

A pré-campanha do prefeito teme que a nomeação de Mello Araújo possa afastar mais os eleitores para o centro. Eles avaliam que a radicalização seria prejudicial para Nunes, considerando que o presidente Lula (PT) obteve 53% dos votos na capital no segundo turno de 2022.

Os aliados também temem que a escolha do coronel leve os eleitores a associar a agenda da segurança pública à responsabilidade do prefeito e não do governador. Como mostrou o Datafolha, para 23% dos paulistanos, o maior problema da cidade de São Paulo é a segurança. Nunes quer evitar ser criticado com base no tema.

O secretário de Relações Internacionais da Prefeitura, Aldo Rebelo (MDB), foi visto pela comitiva do prefeito como uma boa opção para vice-presidente – Tarcísio chegou a pedir que ele se juntasse ao Republicanos para esse fim. Rebelo, porém, decidiu permanecer no MDB, mesmo partido de Nunes, o que dificultou sua indicação. Pela lei eleitoral, ele precisaria ter deixado o cargo até a última quinta-feira (6) para poder se tornar vice-prefeito, o que não aconteceu.

Com Aldo fora das cartas, outras opções são as vereadoras Sonaira Fernandes (PL) e Rute Costa (PL).

Embora seja próxima de Bolsonaro e de Tarcísio, de quem foi secretária, a evangélica Sonaira tem um problema aos olhos do prefeito: foi contra a reforma previdenciária proposta por Nunes na Câmara e já criticou publicamente o prefeito.

Rute Costa, mulher e evangélica, tem a vantagem de não desagradar muito a ninguém. Seu nome é defendido por uma ala do chamado “PL raiz”, antes da chegada de Bolsonaro ao partido. Essa parte do partido de Valdemar Costa Neto também cita a delegada Raquel Gallinati como opção, embora com cada vez menos frequência.

Outro candidato a vice é o deputado estadual Tomé Abduch (Republicanos), que, na tentativa de ocupar o cargo, acompanhou Nunes aqui e ali – desde um jogo do Palmeiras até uma visita ao Papa no Vaticano.

Na viagem à Itália, o bolsonarista Abduch pediu a Nunes que o acompanhasse a uma reunião com o vice-primeiro-ministro e ministro da Infraestrutura italiano, Matteo Salvini, líder da ultradireita europeia.

Abduch, porém, foi contra os interesses de Tarcísio ao não aceitar deixar a Assembleia Legislativa para se tornar secretário e, sem o apoio do governador, dificilmente será escolhido como vice-presidente.



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