“O combate ao crime não pode ser justificativa para o erro policial”. A declaração do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos)ocorreu quando questionados sobre casos recentes de violência policial ocorridos no estado, alguns deles registrados em imagens.
O chefe do Executivo paulista participou do programa “Canal Livre”, do TV Bandeirantesna noite de domingo (15/12).
A gestão passa por um momento de críticas na área de segurança pública diante de diversas denúncias de violência policial, com casos de mortes e agressões sendo filmados por câmeras corporais, câmeras de monitoramento ou por testemunhas.
Pelo menos dois PMs foram presos em uma semana. Um deles por matar um homem com 11 tiros nas costas quando estava de folga. E outro por atirar um homem de uma ponte.
Policiais militares também foram demitidos por agredir uma idosa. Há três semanas, o estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos, foi morto por um policial dentro de um hotel na Vila Mariana. Em Santos, um menino de 4 anos morreu após ser baleado durante uma operação policial.
“Temos uma deficiência na formulação de políticas de segurança pública. Isso não é só em São Paulo, isso é geral. Mas estamos fazendo essa reflexão aqui no estado de São Paulo”, disse durante o programa deste domingo.
Segundo ele, as políticas públicas nas áreas de educação e saúde são traçadas com maior clareza, mas quando se trata de segurança a discussão fica restrita a temas relacionados à polícia.
“Às vezes não discutimos o que queremos resolver”, disse ele. “Gastamos muita energia combatendo o crime organizado. E na verdade temos que combatê-lo porque hoje afeta até os negócios legais. Mas o que incomoda o cidadão? O roubo. O cidadão não quer ser roubado.”
Tarcísio afirmou que está fazendo “correções de rotas” na segurança pública de São Paulo. Como exemplo de mudança, ele citou o fato de receber todos os meses indicadores de criminalidade, mas não ter realizado reunião com a Polícia Militar para entender o problema em determinada área, demonstrado pelos números.
Ainda sobre os indicadores, Tarcísio disse que também apoiarão cobranças sobre a atuação da Polícia Civil, em relação à resolução de crimes.
Ao ser questionado sobre os casos mostrados em vídeos nas últimas semanas envolvendo violência policial, o governador disse que repudia veementemente e que sua gestão está encaminhando esses profissionais para a Corregedoria.
“Isso nos afeta. Essa não é uma imagem que queremos ver. Isso não representa a Polícia Militar de São Paulo”, disse.
No início de dezembro, o governador de São Paulo disse que errou ao criticar o uso de câmeras corporais pela Polícia Militar desde o período em que era candidato ao cargo.
Ele afirmou, na época, que se esforçaria para que os novos equipamentos, adquiridos pelo governo no primeiro semestre deste ano, fossem eficazes na contenção da violência cometida por policiais. Neste domingo, ele voltou a manifestar pesar pela postura contrária ao uso do equipamento.
“Tive uma posição mais resistente no início, mas hoje, com dois anos de mandato e percebendo o que estou notando na rua, vendo o que estou vendo, mudei completamente de opinião. é um instrumento a favor da polícia e a favor da sociedade”.
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