BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A Quinta Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça) pretende julgar nesta terça-feira (17) uma série de ações relacionadas à Operação Lava Jato envolvendo personagens como ex-ministros Jose Dirceu e Antonio Palocci e o ex-governador do Rio Sérgio Cabral.
Está prevista a análise de 16 processos sob relatoria da ministra Daniela Teixeira. Em julgamentos anteriores sobre a operação, ela já se manifestou a favor da anulação dos processos da Lava Jato.
Na ocasião, o juiz destacou que o tribunal deve seguir o entendimento do ministro da STF (Supremo Tribunal Federal) Dias Toffoli, que inutilizou todas as provas advindas do denunciante da Odebrecht, corre o risco de ser alvo do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
As decisões de Toffoli foram concedidas aos envolvidos na Lava Jato em processos relacionados a diálogos obtidos pela Operação Spoofing, que investigou os responsáveis por hackear e vazar conversas de procuradores.
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O conjunto de processos em pauta no STJ é tratado internamente como uma tentativa de resolução dos processos ainda pendentes da Lava Jato na Justiça.
Além de Daniela Teixeira, fazem parte do grupo os ministros Reynaldo Soares da Fonseca, Ribeiro Dantas, Joel Ilan Paciornik e Messod Azulay Neto. A Quinta Turma é responsável pelos processos da área criminal do tribunal.
Dos 16 casos, 3 tratam de pedidos da defesa de José Dirceu, que foi ministro-chefe da Casa Civil no primeiro mandato de Lula (PT) e acabou preso por condenações nos casos Mensalão e Lava Jato.
Dirceu tenta extinguir de uma vez por todas os processos contra ele que ainda tramitam. Em um dos casos, ele pede o reconhecimento da prescrição em uma ação que o acusou de lavagem de dinheiro.
Em outro, ele tenta arquivar uma ação em que foi absolvido em primeira instância em Curitiba, mas há recurso do Ministério Público Federal. Neste caso, ele é acusado de lavagem de propina das construtoras UTC e Engevix.
Procurado, o advogado de Dirceu, Roberto Podval, disse que não comentaria até o julgamento.
No Supremo, Dirceu já obteve vitória em outubro, quando o ministro Gilmar Mendes anulou todas as condenações do ex-juiz e agora senador Sergio Moro (União Brasil) contra o ex-ministro.
Ele havia sido condenado pelo então juiz em dois processos, em 2016 e 2017. As penas somavam 34 anos de prisão (uma de 23 anos, outra de 11). A PGR (Procuradoria-Geral da República) recorreu da decisão, que deverá ser julgada pela Segunda Turma do STF.
No caso de Palocci, que será julgado nesta terça-feira no STJ, a defesa tenta que parte de seu patrimônio bloqueado pela Justiça – no valor de R$ 35 milhões – seja liberado. Procurada, a defesa do ex-ministro não respondeu.
Em abril, a Justiça Federal já havia suspendido o bloqueio de seis imóveis e cinco veículos do ex-ministro e de sua empresa, a Projeto Consultoria, que haviam sido confiscados durante a Lava Jato.
Palocci passou mais de dois anos preso no Paraná como parte de ações criminosas da Lava Jato. Ele foi condenado em 2017 por corrupção passiva e lavagem de dinheiro por Moro a mais de 12 anos de prisão. A sentença, porém, foi anulada pelo STJ em 2021.
A ação de Sérgio Cabral, que será analisada pelo STJ, diz respeito à revogação do uso de tornozeleira eletrônica pelo ex-governador do Rio.
“A ministra Daniela Teixeira concedeu monocraticamente a retirada da tornozeleira e o MPF recorreu. O recurso será julgado”, afirma a advogada de Cabral, Patrícia Proetti.
Além desses processos, também serão analisadas demandas de outros réus conhecidos da Lava Jato, como o doleiro Nelma Kodama, o lobista Julio Camargo e o operador financeiro Adir Assad.
Há também outros ex-executivos e operadores que foram alvos da operação. Há pedidos de progressão de pena e transferência de ações que ainda tramitam no Paraná para a Justiça Federal de outros estados.
Alguns dos autores das 16 ações argumentam que o ex-juiz Moro e a juíza Gabriela Hardt, que atuaram na 13ª Vara Federal de Curitiba, agiram de forma parcial e, portanto, seus processos devem ser anulados.
A sessão que poderá julgar os casos da Lava Jato está marcada para começar às 13h desta terça. Deve haver argumentos orais – quando os advogados defendem os seus clientes perante magistrados – na maioria dos casos no julgamento.
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