Sem obrigação de votar, idosos podem decidir eleições no próximo domingo

Sem obrigação de votar, idosos podem decidir eleições no próximo domingo


Amanhã, 1º de outubro, serão comemorados o Dia Nacional do Idoso (que comemora os 21 anos do Estatuto do Idoso) e o Dia Internacional do Idoso (instituído pelas Nações Unidas), ambos com o objetivo de chamar a atenção da sociedade para as demandas e necessidades desta parcela da população. No Brasil, a mudança no formato da pirâmide etária revelada pelo Censo 2022, com o aumento da população adulta, tem impacto direto no perfil do eleitorado que vai às urnas no próximo domingo. O voto aqui é obrigatório, exceto para quem é analfabeto, tem 16 e 17 anos ou tem mais de 70 anos. Esses eleitores não precisam justificar sua ausência na votação nem sofrem qualquer tipo de penalidade da Justiça Eleitoral caso decidam não participar da eleição.

O candidato a prefeito ou vereador que não dá atenção, principalmente, ao grupo de eleitores idosos, está abrindo mão de uma cesta de votos que detém quase 10% do eleitorado brasileiro —10 vezes mais que a da faixa etária de 16/16 anos . 17 anos inscritos para votar no próximo domingo. O número de eleitores seniores é significativo e pode decidir uma eleição, principalmente em cidades onde a disputa é mais acirrada, como São Paulo, Belo Horizonte e Fortaleza.

“A votação deste segmento pode ser decisiva em alguns cenários, em que a eleição tem três ou mais candidatos concorridos lutando para chegar ao segundo turno. são milhões, podem, de fato, definir uma eleição”, avalia o cientista político e especialista em eleições Leandro Gabiati, diretor da Dominium Consultoria.

Para o primeiro turno, em uma semana, há mais de 14 milhões de pessoas com 70 anos ou mais aptas a votar, um aumento de 9,02% em relação às eleições municipais de 2020. Para efeito de comparação, o Brasil tem 1,5 milhão de adolescentes elegíveis. A maioria dos eleitores veteranos está na Região Sudeste: são 7,3 milhões de pessoas, 11% da população votante. Em seguida vem o Nordeste, com 3,7 milhões (8,5%); o Sul, com 2,8 milhões (10,7%); o Norte, com 843,6 mil (6,4%); e Centro-Oeste, com 793 mil (8,1% da região).

Por estado, São Paulo lidera com 3,4 milhões de eleitores com mais de 70 anos, seguido por Minas Gerais (1,8 milhão) e Rio de Janeiro (1,7 milhão). Roraima, Amapá e Acre apresentam os menores números absolutos: 22 mil, 30 mil e 38,8 mil, respectivamente.

Por faixas etárias, 10,3 milhões têm entre 70 e 79 anos. Na faixa imediatamente acima, de 80 a 89 anos, estão 3,6 milhões. Acima dos 90 anos, são mais de 1,1 milhão de eleitores, incluindo quase 214 mil brasileiros e brasileiras com mais de 100 anos. Em termos de género, as mulheres constituem uma grande maioria neste grupo de idosos, com 8,5 milhões em condições de votar, contra 6,6 milhões de homens.

votos de idosos
(foto: votos de idosos)

Sem propostas

O problema é que os candidatos mais concorridos, em geral, não dão muita atenção aos idosos na hora de fazer promessas. Para Leandro Gabiati, esse é um erro cometido por quem está na disputa eleitoral. “Um candidato a prefeito ou vereador pode propor mais espaços comunitários, como academias ao ar livre, tem a questão da mobilidade, da infraestrutura para que esse eleitor possa circular com segurança nas ruas, (a questão da) iluminação pública, tem uma variedade importante (de medidas) em que os candidatos consigam cativar esse eleitorado”, afirma o analista político.

Mas não é isso que vemos no debate político atual, ainda contaminado pela polarização ideológica. Por outro lado, esta falta de propostas abre espaço para quem vê nesta parcela da população uma oportunidade de ampliar as suas intenções de voto. “Infelizmente, as discussões sobre políticas públicas ficam em segundo plano, mas um candidato inteligente que saiba desenvolver uma plataforma de propostas importantes pode eventualmente chamar a atenção desse segmento do eleitorado e obter apoios que, em eleições mais competitivas, fazem a diferença “, lamenta Gabiati.

Em alguns estados, como o Paraná, os tribunais regionais eleitorais e outras instituições estão incentivando os eleitores mais velhos a exercerem o seu direito de voto. Para o desembargador Sigurd Roberto Bengtsson, presidente do TRE-PR, “os idosos não podem ficar omissos porque votar representa cidadania, é importante que eles votem, marquem presença e participem da sociedade”. Em algumas cidades, como Ponta Grossa, cartórios eleitorais vão instalar postos de votação em lares de idosos, para permitir que os moradores votem sem sair da instituição, como parte do programa “Cidadania Plena – Todo voto importa” do Tribunal. paranaense.

No Piauí, o Ministério Público recomendou, na semana passada, que as instituições de longa permanência forneçam transporte aos residentes e, se necessário, acompanhantes. Muitos órgãos eleitorais também vêm promovendo palestras sobre o tema desde o ano passado. “Embora, de acordo com a lei, os idosos não precisem votar, é importante escolher candidatos comprometidos com as causas desse perfil de eleitorado. A política continua fazendo parte da vida depois que chegamos à velhice”, explica o chefe do cartório eleitoral de Primavera do Leste, no Mato Grosso, Rodrigo Filippini.

Notícias falsas

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Os eleitores idosos devem ter cuidado, porém, com as informações falsas que circulam nas redes sociais sobre as eleições do dia 6. Uma das fake news mais compartilhadas mostra uma suposta advertência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que informa que o voto serve como prova de vida para o INSS. O presidente do instituto, Alessandro Stefanutto, alertou que cabe apenas ao INSS “comprovar que o beneficiário está vivo”. Para isso, recebemos dados de outros órgãos públicos federais, preferencialmente biométricos, para cruzar informações dos cidadãos. Essas informações são cruzadas com outras informações contidas no banco de dados do governo federal”, explicou o presidente.

Em março, o Ministério da Previdência Social editou portaria que impede, até 31 de dezembro, o bloqueio do pagamento de benefícios a quem não apresentar comprovante de vida. “Não há razão para entrar em pânico ou correr para os bancos para provar sua vida”, disse Stefanutto.



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