29/08/2024 – 16h30
Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Reunião das comissões de Cultura e Trabalho
Profissionais do segmento de dublagem criticaram nesta quinta-feira (29), em audiência pública conjunta das comissões de Cultura e Trabalho da Câmara dos Deputados, o uso de vozes geradas por inteligência artificial em trabalhos de dublagem. Segundo eles, a nova tecnologia substitui empregos e compromete aspectos culturais da atividade.
Ângela Couto, representante do setor de dublagem em São Paulo, afirmou que a base da discussão é a defesa dos direitos autorais, da cultura brasileira e da soberania nacional. “Nossa diversidade linguística é imensa e é construída e reformada por nós. Automatizar o processo significaria negar isso. Gosto de dizer que este seria um novo processo de colonização”, acrescentou.
Ela defendeu a aprovação do Projeto de Lei 1376/22, em tramitação na Câmara, que determina que a dublagem e a legendagem de obras audiovisuais oferecidas comercialmente no Brasil sejam realizadas por empresas e profissionais, respectivamente, com sede e residência no Brasil.
Fábio Azevedo, do Movimento Dublagem Viva, lembrou a capacidade que uma boa dublagem tem de conectar, emocionar e deixar marca em quem consome o produto dublado. Ao dizer frases icônicas de personagens dublados no Brasil, ele ouviu diversas pessoas dizerem seus nomes.
Azevedo defendeu a aprovação do Projeto de Lei 2338/23do senador Rodrigo Pacheco, que prevê remuneração por direitos autorais para quem tiver seu trabalho utilizado para alimentar inteligência artificial.
Patrimônio imaterial
O debate foi proposto pelos deputados do Psol Pastor Henrique Vieira (RJ), Tarcísio Motta (RJ) e professora Luciene Cavalcante (SP). O deputado sustenta que o impacto da inteligência artificial no setor é apenas um exemplo dos ataques que este tipo de tecnologia é capaz contra direitos trabalhistas e autorais. “Isto também ataca a nossa herança cultural, a nossa soberania.”
Ela informou que já solicitou ao Ministério da Cultura o envio de um projeto de lei à Câmara tornando a dublagem patrimônio imaterial da cultura brasileira. “Vamos construir nessa direção, porque a proteção da dublagem, da nossa cultura, é a proteção da nossa democracia”, disse ela.
Em representação do ministério, César Morais observou que os dubladores estão na vanguarda de um processo de precariedade e de práticas abusivas de mercado. “Muitos profissionais criativos precisam firmar contratos de adesão, ou seja, são obrigados a aceitar cláusulas impostas, como a renúncia aos direitos autorais e a transferência definitiva dos direitos da personalidade, ou seja, o direito à voz própria, que são intransferíveis . e inalienável, nos termos do Código Civil”, disse.
Deryk Santana, diretor de políticas para trabalhadores culturais, afirmou que a mudança legislativa é a forma de proteger o trabalho dos dubladores e a cultura nacional. “Essas pessoas estão vendo em nós a possibilidade de não ter suas profissões extintas, de não ter que viver de outra coisa, para que possam viver do que fazem de melhor, do que ajudaram a construir: nossas memórias e as nossas identidades, ”ele disse.
Deputado estadual em São Paulo, Carlos Giannazi informou que já existem projetos em andamento que tornam a dublagem em nível estadual e municipal patrimônio cultural imaterial. “A inteligência artificial é burra. Utiliza um banco de dados que já existe, uma produção já feita por dubladores.”
Reportagem – Murilo Souza
Edição – Ana Chalub
empréstimo auxílio brasil picpay
emprestimo consignado do inss
empréstimo consignado inss
emprestimo aposentados
simulação picpay
créditos consignados
empréstimos consignados do inss
emprestimo para inss
empréstimo do inss