Se em dois anos a água da Lagoa da Pampulha não melhorar, eu renuncio

Se em dois anos a água da Lagoa da Pampulha não melhorar, eu renuncio



Alessandra Mello e Benny Cohen

A candidata a Prefeita de Belo Horizonte (PBH) pelo PDT, deputada federal Duda Salabert, diz que não foi eleita para discutir questões de identidade ou se é correto dizer “obrigada ou obriga” ou qual banheiro as pessoas trans usarão. “Fui eleito para discutir temas que são caros à cidade, como o fato, por exemplo, de Belo Horizonte ser uma das cidades com maior desigualdade socioeconômica do país”, disse Duda na sexta audiência que o Estado de Minas está empatada com todos os dez candidatos da PBH.
Duda, que cumpre seu primeiro mandato na Câmara dos Deputados, prometeu acabar com as máfias que, segundo ela, consomem dinheiro público e investem esses recursos na melhoria da saúde, educação, transporte e limpeza da Pampulha. Segundo a candidata, se eleita, se a qualidade da água do lago não melhorar dentro de dois anos de sua gestão, ela renunciará ao mandato. Duda também criticou a atual gestão da PBH e as alianças feitas por opositores e disse que parte de sua rejeição entre o eleitorado vem da exposição e da exploração negativa que a direita faz de sua condição de mulher trans.

Por que você quer ser prefeito de Belo Horizonte?
Quero ser prefeito para que a cidade de Belo Horizonte tenha a melhor educação pública do Brasil. É impossível transformar a sociedade se não começar na escola. A escola tem que ser um exemplo para a cidade, para a sociedade, para o país que queremos e sonhamos, valorizando os professores, mas para que isso aconteça há questões anteriores que devem ser resolvidas e que, infelizmente, as últimas gestões não conseguiram. resolvido. E pior, pioraram, que são as três grandes máfias responsáveis ​​por não fazerem Belo Horizonte crescer e se desenvolver. BH é a quarta cidade mais rica do país, mas temos três grandes máfias que atuam como sanguessugas do dinheiro público e impedem o desenvolvimento sustentável da cidade, que são o transporte público, o lixo e a máfia da Lagoa da Pampulha, que lucra com a lagoa suja .

Qual é o seu primeiro ato como prefeito de BH?
Serão dois. No primeiro dia após ser eleito, apresentarei um projeto de lei para que Belo Horizonte pague aos professores o maior salário entre as capitais. (…) Depois iremos até a Lagoa da Pampulha medir a qualidade da água, fazer anúncio público e fazer cadastro. Se a qualidade da água da Lagoa da Pampulha não melhorar em dois anos, vou pedir demissão.

Como podemos combater estes grupos que vocês descrevem como máfias?
Temos uma empresa que lucra com a lagoa suja. Os contratos feitos com essa empresa, mostramos e denunciamos, estão matando e assoreando a Lagoa da Pampulha. Então vamos fazer um novo contrato com uma nova empresa e dar espaço aos nossos técnicos para trabalharem de forma mais eficaz. Porque todos os anos é a mesma novela, milhões e milhões de dinheiro para limpar a lagoa, mas a qualidade da água melhorou apenas ligeiramente.

Mas a poluição da Lagoa da Pampulha não tem a ver com Contagem? Como resolver?
São Paulo, Niterói (RJ), Brasília e outras capitais e cidades do mundo já conseguiram despoluir rios e córregos em cenários complexos semelhantes ao da Lagoa da Pampulha. (…) Mas todos os prefeitos culpam Contagem e a Copasa (Companhia Estadual de Saneamento), mas depois vamos sentar com a prefeita de Contagem (Marília Campos) e discutir um projeto de despoluição da Lagoa da Pampulha. (…) Vamos encarar o problema de frente porque a lagoa tem um potencial ecoturístico único. Somos a capital dos bares e restaurantes e lá é possível desenvolver um turismo gastronômico maravilhoso que gera empregos e renda para a cidade. (…) Então vamos pegar a lagoa, que é nossa, e ligar para a Prefeitura de Contagem para discutir publicamente um plano de recuperação.

Candidato, outros prefeitos foram eleitos prometendo abrir a caixa preta do transporte e resolver essa questão, mas não houve avanço. Como realmente resolver isso?
Eu sempre digo, a cabeça pensa onde o pé pisa, então primeiro é importante ter um diagnóstico do transporte público em Belo Horizonte e não dar como certo o fato de termos o segundo pior trânsito do Brasil e um dos 50 piores no planeta. (…) Não é natural ter um trânsito caótico como este. E o que fez a Câmara Municipal para enfrentar esta realidade? Piorou, porque nos últimos anos, de 2013 a 2023, a Câmara Municipal cortou cerca de 64% do valor destinado à melhoria do transporte público e da mobilidade na cidade e, pior, destinou mais de R$ 1 bilhão de reais às empresas de ônibus. Então, em vez de melhorar a infraestrutura urbana, melhorar a mobilidade, melhorar a qualidade da Lagoa da Pampulha, melhorar os salários dos professores, melhorar a estrutura da cidade, os nossos impostos estão indo para o bolso dos empresários (…) para a máfia do transporte público e para os prefeito (Fuad Noman, candidato à reeleição) são cúmplices disso. Então o primeiro passo é elaborar um novo contrato que não priorize os empreendedores de ônibus e seja construído com base no que a sociedade entende como prioridade. (…) Vamos chamar os melhores especialistas em trânsito e construir um novo contrato pensando em quem usa o transporte público e não em quem lucra com o transporte público. (…) Como prefeito, vamos liderar um movimento, chamar os prefeitos das outras capitais, para obrigar o governo federal a tirar do papel o sistema único de mobilidade urbana para que a União possa subsidiar, fornecer recursos e também pensar na mobilidade em diálogo com prefeitos.

Para completar esse trio que você mencionou, e que chamou de máfia, falta a questão do lixo?
Belo Horizonte recicla atualmente 0,55% de seus resíduos, mas se eu for prefeito vou triplicar isso e ainda ficarei envergonhado porque o número é muito baixo. E por que há pouca reciclagem em Belo Horizonte? Porque essa máfia fez um contrato com a prefeitura (…) para que a gente mande cerca de duas mil toneladas de lixo para o aterro por dia, mas Belo Horizonte gera cerca de 1.800 toneladas de lixo por dia, ou seja, o Povo gera menos do que são obrigados a mandar para o aterro, por isso não temos conseguido ampliar a coleta seletiva nos bairros (…) nem melhorar a estrutura de trabalho dos catadores. É por isso que odeio esse cenário.

Nessas prioridades que você destacou não apareceu o item saúde, reconhecidamente um dos principais problemas da capital, como ele se enquadra no seu programa de governo?
A saúde é e será sempre uma prioridade juntamente com a educação, porque para conseguirmos melhorias e mais recursos para a saúde, temos primeiro de resolver questões básicas como as máfias que sugam dinheiro público. Cinquenta por cento do nosso IPTU vai para o bolso dos empresários de ônibus que bebem champanhe, dinheiro que poderia ser investido na melhoria da cidade. Infelizmente hoje temos cerca de 30 mil pessoas na fila para cirurgias eletivas, não podemos naturalizar e tratar esses dados como naturais. Primeiramente é preciso realizar esforços conjuntos em Belo Horizonte e parcerias com hospitais privados, e levar para a cidade o que há de melhor em tecnologia disponível no mundo para eliminar essa fila. E para prestar cuidados de saúde de qualidade são necessários recursos e muitas vezes faltam médicos, porque vão para o sector privado, que paga mais. Temos que rever os salários dos servidores para que a capital seja interessante para receber médicos.

Candidato, o senhor aparece nas pesquisas com uma das maiores rejeições. A que esse índice atribui?
Se considerarmos 100% das eleições e dos políticos que venceram, as suas rejeições foram elevadas. A do presidente Lula, por exemplo, é muito alta. A do ex-presidente Jair Bolsonaro também foi muito alta, porque é um processo comum em campanha eleitoral. Quanto mais nos expomos e nos tornamos mais conhecidos, mais aumenta o processo de rejeição. Porém, temos mais aprovação do que rejeição e esse é o critério que considero fundamental. E vamos reduzir a rejeição. Tem também uma coisa que eu acho importante, que é o preconceito também por ser uma pessoa trans. A direita, nas últimas eleições, tentou fazer uma caricatura minha, me mostrando uma pessoa intolerante, que só discute questões de identidade e jogaram isso nas redes. É por isso que este processo eleitoral também é importante para reduzir isso. Terminaremos com menos rejeição porque as pessoas vão entender que estamos discutindo saúde, educação, habitação, questões fundamentais para a cidade e que a nossa candidatura não é uma candidatura identitária, baseada exclusivamente em questões LGBT, pelo contrário. Nunca foi. (…) Não fui eleito para discutir se é obrigatório ou obrigatório. Não fui eleito para discutir qual banheiro vou usar. Fui eleito para discutir temas importantes para a cidade, como o fato, por exemplo, de Belo Horizonte ser uma das cidades com maior desigualdade socioeconômica do país.

Candidato, depois de muita discussão, o governador Romeu Zema (Novo) optou por indicar Luísa Barreto (Novo) como candidata a vice na chapa do candidato a prefeito, Mauro Tramonte (Podemos). Isso gerou um acontecimento inusitado, que foi o apoio do ex-prefeito Alexandre Kalil, adversário de Zema, à chapa. Qual é a sua avaliação?
Verdades absolutas estão cristalizadas no ditado popular “melhor sozinho do que mal acompanhado”. A política vai muito mal no Brasil por causa de costuras bizarras como essa. Você reúne setores da esquerda, da direita, do centro, uma igreja e outra estrutura de poder para competir, exclusivamente, por um espaço de poder e não por um projeto de cidade. Porque se viemos de campos ideológicos diferentes, temos visões diferentes da sociedade. Mesmo que a lógica política seja a busca do consenso, há limites. O que se discute na candidatura de Mauro Tramonte é o fatiamento da prefeitura de Belo Horizonte, que é um dos principais problemas do governo Fuad Noman. Ele dividiu, fatiou, vendeu literalmente partes da prefeitura. (…) Tramonte nem foi eleito e já está lotando a Prefeitura de Belo Horizonte, então mantém o erro da atual gestão.

Com sua chapa solo, você ficou com pouco tempo no horário eleitoral gratuito e já anunciou que não fará campanha com santos que, mesmo com o avanço das redes, ainda é um meio de comunicação com os eleitores. Como você vai contornar tudo isso para garantir a passagem ao segundo turno?
Estou em segundo lugar sem precisar de nenhum santo, nenhum papel, sem sujar a cidade. (…) Fui eleito, com número recorde de votos, deputado federal em Minas Gerais pelos 853 municípios sem nenhum papel e estou em segundo lugar nas pesquisas sem imprimir nenhum papel. Quem pensa que o jornal vai fazer as pessoas votarem nele é um tolo. O que vai fazer as pessoas votarem nela é a trajetória que ela tem na cidade, é o diálogo com o povo, as entregas na cidade, e nós temos essa trajetória.

Ainda há uma questão importante em relação ao programa do governo, que é a questão do emprego, obviamente uma discussão econômica nacional, mas em que é possível a interferência do prefeito?
Belo Horizonte é a capital mundial dos bares e restaurantes e temos que impulsionar o nosso turismo gastronômico e a economia criativa para gerar empregos. (…) Nossa culinária é maravilhosa, o que precisamos é potencializar o turismo gastronômico. Temos cerca de 10 mil bares e restaurantes que geram cerca de 60 mil empregos diretos. Ao melhorar o turismo gastronómico, podemos aumentar as oportunidades de emprego. Estive em Bruxelas, Bélgica, no ano passado. Fui convidado pela ONU para falar sobre educação no Parlamento Europeu e vi pessoas fazendo fila para comer chocolate belga. Se eu for eleito prefeito de Belo Horizonte, vai ter fila aqui para experimentar o nosso pastel da galeria do Ouvidor, vai ter fila de estrangeiros para ir ao mercado central pegar a melhor limonada, vai ter fila para experimentar a nossa catuaçaí, que é patrimônio do carnaval de BH. Isso é importante para gerar emprego e renda. Além destas, há questões estruturais, além da valorização da economia criativa. Belo Horizonte tem em torno de 20 imóveis abandonados para cada morador de rua, vamos transformá-los em moradias populares para diminuir essas demandas, mas, além disso, nesses imóveis abandonados, a prefeitura pode fazer parceria com grandes empresas para trazer investimentos para cá. (Vamos) entrar na luta, no dia 1º de janeiro, para que Belo Horizonte possa sediar os Jogos Pan-Americanos, para trazer estrutura, para trazer investimento internacional, para gerar emprego e renda.



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