O retorno ao trabalho presencial pelo menos três dias por semana a partir de janeiro preocupa os funcionários da Cidade Administrativa. Os prédios que compõem a estrutura do Executivo estadual apresentam falhas estruturais registradas pelos funcionários nos últimos meses de 2024 e o temor é que não haja condições de receber trabalhadores em maior número, conforme decretado em resolução conjunta publicada pelas Secretarias de Estado do Planeamento e do Governo em Dezembro.
Vídeos feitos por funcionários mostram que dentro da Cidade Administrativa existem banheiros com descargas que não funcionam, bebedouros que também não possuem água e, contrariando esse problema, há vazamentos e gotejamentos em diversos pontos dos prédios. Os registros enviados à reportagem indicam ainda que ficar preso em elevadores é uma situação constante para os servidores.
O teletrabalho é uma realidade para os funcionários da Cidade Administrativa desde a pandemia, quando o atendimento presencial foi inviabilizado pelas normas sanitárias. A partir de 2023, com a redução das infecções causadas pelo novo coronavírus, o comparecimento ao local de trabalho em pelo menos um dia da semana passará a ser obrigatório. As regras variam de acordo com cada órgão governamental.
As regras que permitem o teletrabalho aos funcionários públicos têm sido continuamente adiadas por diversas razões. Desde maio do ano passado, por exemplo, problemas com os elevadores da Cidade Administrativa fizeram com que os prédios passassem quase o ano inteiro praticamente desocupados, com o retorno mais acentuado apenas nos últimos dois meses.
Na última semana de 2024, uma resolução conjunta das secretarias de Planejamento e de Governo determinou que, a partir deste mês de janeiro, os servidores estaduais passem a comparecer presencialmente às pelo menos três dias por semana.
O fluxo de trabalhadores já começou a aumentar com a medida, mas o temor dos funcionários relatado à reportagem é de que um cenário verdadeiramente caótico se instale a partir de fevereiro. A justificativa se deve ao maior número de funcionários que retornam ao trabalho, já que muitos estão de férias no primeiro mês do ano.
Lista de problemas
Os elevadores fazem parte de uma longa lista de reclamações feitas por funcionários em relação à estrutura da Cidade Administrativa, inaugurada em 2010 com o objetivo de concentrar a estrutura burocrática do Executivo em um único espaço físico.
Os servidores argumentam que os prédios não possuem Relatório de Fiscalização do Corpo de Bombeiros (AVCB). Além disso, relatam que existem portas corta-fogo bloqueadas, o que representa um risco em caso de necessidade de evacuação de emergência.
Quanto aos elevadores, os colaboradores baseiam-se num relatório da Elevadores Otis que refere que os encerramentos ocorridos recentemente não se baseiam em problemas relacionados com equipamentos, mas exclusivamente em questões estruturais dos edifícios.
Ainda em relação à estrutura dos prédios mineiros e gerais, há reclamações sobre a falta de manutenção nas instalações hidráulicas e elétricas. A falta de avaliação das condições das edificações é apontada como causa de bebedouros vazios, descargas danificadas, infiltrações e vazamentos.
Nesta sexta-feira (01/03), mais um episódio de mau funcionamento de elevadores se juntou à lista de temores dos funcionários. Um policial militar ficou preso no equipamento e foi removido pelo Corpo de Bombeiros. São dezenas de colaboradores que passaram pela mesma situação, sendo que o caso mais trágico envolvendo o assunto ocorreu no final de 2023, quando um trabalhador Idoso morreu após subir 13 andares devido à falta de elevadores funcionando.
A reportagem entrou em contato com o governo do estado para solicitar informações sobre a suposta falta de relatório dos bombeiros e a existência de problemas estruturais nos prédios da Cidade Administrativa. O Executivo também foi questionado sobre possíveis obras de manutenção para sanar os problemas expostos pelos servidores em fotos e vídeos gravados no final do ano passado. Até a última atualização desta matéria, não houve resposta.
Movimento pelo teletrabalho
O contexto de retorno ao trabalho com críticas à estrutura da Cidade Administrativa levou à organização de um movimento de funcionários mineiros para o teletrabalho. O grupo está inclusive organizando uma petição para manter o regime híbrido com apenas um dia presencial por semana.
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Entre as justificativas elencadas pelos funcionários estão a defesa de que as atividades exercidas em seus cargos são compatíveis com o regime de teletrabalho; que o trabalho intelectual é favorecido pelo ambiente doméstico; que houve redução do consumo de energia elétrica, água e serviços gerais nos edifícios públicos com regime remoto; e ainda que o modelo home office tenha proporcionado uma melhora no trânsito.
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