Saiba como funciona a campanha negativa e difamatória no WhatsApp

A menos de três semanas das eleições autárquicas, cresce nas redes sociais a campanha negativa contra candidatos a prefeito de Belo Horizonte (PBH). A estratégia, utilizada de forma oficial e também forjada, tenta reverter tendências de votação que já se cristalizaram ao longo da campanha.

Portanto, algumas das propagandas que circulam em redes sociais não públicas, como o WhatsApp, por exemplo, têm como alvo candidatos com melhor desempenho nas pesquisas. Caso deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos), que aparece em primeiro lugar em todas as pesquisas de intenção de voto para PBH.

Nos últimos dias começaram a circular vídeos editados do então deputado Cleitinho Azevedo, hoje senador pelos Republicanos, criticando Tramonte por apresentar um programa diário de televisão durante os dias úteis na Assembleia. “Tem um deputado que até hoje não vi dentro desta Casa”, diz trecho de discurso do atual parlamentar na tribuna da Assembleia, referindo-se a Tramonte, que é apresentador de programa de televisão na TV Record.

O vídeo também questiona como é “possível estar em dois lugares ao mesmo tempo” e critica o candidato e apresentador que está afastado da televisão durante a campanha, como exige lei.

Um dos apoiadores de Tramonte, o ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (sem partido)também é um dos alvos. Circula nas redes um vídeo de Kalil ao lado do ex-presidente do Cruzeiro, Zezé Perrella, pedindo votos para a eleição de Antonio Anastasia, que foi governador de Minas pelo PSDB, e elogiando Aécio Neves (PDSB), que antecedeu Anastasia .

O vídeo é material de campanha antigo feito na época da disputa pelo governo de Minas e tem sido usado para ligar Kalil aos tucanos. Uma das críticas que o ex-prefeito tem feito ao seu sucessor, Fuad Noman (PSD), quem concorre à reeleição é o fato de ter ficado ao lado do PSDB nessa disputa. Todas essas mensagens vêm com as informações “encaminhadas com frequência”, sinal de que a circulação está aumentando no WhatsApp.

Da esquerda para a direita

Também circulou nas redes sociais um vídeo adulterado que acusa o petista, deputado federal Rogério Correia, de ser a favor da mineração na Serra do Curral. Em entrevistas, o candidato já disse que é contra. A gravação utiliza reportagens antigas de jornais da época da aprovação pela ALMG, no governo Fernando Pimentel (PT), de regras mais flexíveis para a mineração para afirmar que o candidato mente ao dizer que é contra a atividade econômica do cartão-postal da cidade. O conteúdo também termina com a mensagem de que nesta eleição “há muitos lobos em pele de cordeiro”.

Sem assinatura, este vídeo tem estética semelhante a uma propaganda veiculada nas redes do vereador Gabriel Azevedo (MDB), candidato à PBH. Nesta segunda gravação, ele se posiciona contra todos os seus adversários, chamados de “parceiros de Fuad” pelo prefeito.

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Neste anúncio, Gabriel ataca Tramonte, Fuad e também os candidatos Rogério Correia, Carlos Viana (Podemos), Duda Salabert (PDT) e Bruno Engler (PL), alegando que todos criticam o atual prefeito, mas têm relações com ele. “Gente, é muito fácil, agora que chegou a eleição, todos esses candidatos dizerem que não têm nada a ver com isso. Só eu sei o quanto foi difícil ser um presidente de Câmara Municipal que não diz amém ao prefeito”, diz o concorrente do MDB ao final do vídeo.

Também foi veiculado no mesmo aplicativo de mensagens um vídeo de quando a deputada federal Duda Salabert ainda não havia feito sua transição de gênero, com insinuações de que essa mudança teria caráter puramente eleitoral.

Também viralizou nas redes sociais um recorte de trecho do debate entre os candidatos à PBH promovido na semana passada pela TV Alterosa, Estado de Minas e Portal Uai, em que Azevedo diz que Engler “baba”. A trilha sonora do vídeo é “Baba”, da cantora Kelly Key, que fez sucesso nos anos 2000.

TSE de olho

No início do ano, em fevereiro, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou 12 resoluções que tratam do uso de inteligência artificial (IA) para as eleições deste ano e do próximo, com foco no combate à desinformação e ao uso malicioso deste tipo de tecnologia. Em abril, a ministra Cármen Lúcia, responsável pelos trabalhos, reuniu-se com juízes presidentes dos tribunais regionais eleitorais (TREs) para apresentar as diretrizes da Justiça Eleitoral para este ano. Foi então que ela reiterou a justiça e a segurança do processo eleitoral.

“Temos que estar preparados para este trabalho intenso e para os desafios que se colocam, nomeadamente nestas eleições autárquicas, garantindo a segurança constitucional e física dos juízes, funcionários, eleitores e demais envolvidos, e dos equipamentos e recursos tecnológicos, neste imenso ambiente democrático. processo”, disse o ministro na ocasião.

O que dizem as campanhas

Azevedo, Viana, Correia e Tramonte não quiseram comentar a investigação da reportagem. A assessoria de Engler informou que esse tipo de campanha não favorece “o debate democrático necessário ao desenvolvimento de Belo Horizonte”. “A equipa jurídica da campanha, até ao momento, considerou desnecessária a tomada de medidas neste sentido”, esclareceu. Duda, por meio de sua assessoria, afirmou que “Gabriel (Azevedo) sabe que não tenho nenhuma relação com o prefeito, tanto que a inferência que ele tentou fazer é sobre um vereador que assumiu depois que ganhei a deputado e mudei de partido (Wagner Ferreira, hoje no PV, que atuou como vice-líder do Fuad na Casa). O PDT faz parte da base do governo Fuad na Câmara. O que ele diz não faz sentido.”