RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido), acusado de ser o mandante da morte da vereadora Marielle Franco (PSOL), afirmou nesta segunda-feira (21/10) que o ex-PM Ronnie Lessa, réu confessou o crime , busca proteger alguém com seu acordo judicial.
Preso preventivamente desde março pela denúncia, Chiquinho disse que nem se lembra de ter estado junto com Lessa. Na sala virtual durante a audiência do processo criminal que responde no STF (Supremo Tribunal Federal), ele negou envolvimento no homicídio, classificou o crime como “maligno” e disse que o vereador foi respeitoso, carinhoso e afável.
“Nada aí [delação de Lessa] e verdade. Eu nunca esperei que o que está acontecendo acontecesse e estivesse aqui. Porque não tenho nada a ver com isso. Então eu me acalmei com minha vida [quando surgiram as primeiras informações sobre a delação]”, disse Chiquinho.
Questionado pelo desembargador Airton Vieira, instrutor das audiências no STF, sobre o motivo pelo qual ele considera ter sido acusado por Lessa, o deputado disse que o ex-PM busca proteger outra pessoa.
“Gostaria de ter uma resposta específica. Mas não tenho ideia. A não ser pensar que, neste caso, essa delação premiada está protegendo alguém”, disse ele, em audiência virtual no STF.
O réu não mencionou quem estava sendo protegido. A defesa, ao longo das audiências, vem explorando as suspeitas da Polícia Civil do Rio de Janeiro em relação ao ex-vereador Cristiano Girão durante as investigações do caso.
Chiquinho é acusado de, junto com o irmão, Domingos Brazão (vereador do TCE-RJ), ordenar a morte do vereador. O delegado Rivaldo Barbosa, na época chefe da Polícia Civil, é acusado de ter ajudado a planejar o crime, assim como outros dois policiais militares.
Segundo a PGR (Procuradoria-Geral da República), o crime foi ordenado após um acúmulo de divergências políticas entre os irmãos Brazão e o PSOL. Marielle, segundo as investigações, agiu para dificultar a exploração das terras ilegais da família.
Os cinco foram acusados com base no depoimento do ex-PM Ronnie Lessa, assassino confesso do vereador. Ele nomeou os cinco réus como envolvidos no crime. Como mostrou a Folha, trechos centrais do relatório do colaborador não continham evidências que corroborassem.
Chiquinho disse não se lembrar de ter tido nenhum contato com Lessa.
“Talvez eu não me lembre dele. Tem muita gente que chega perto e pede para tirar foto. Em tempos políticos as pessoas vêm e tiram foto. Mas tenho certeza que não tenho nada a ver com ele”, disse o deputado.
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O deputado confirmou ter contato com Edmilson de Oliveira, conhecido como Macalé, ex-PM assassinado em 2021 e apontado por Lessa como intermediário na contratação do homicídio. Chiquinho disse, porém, que a última vez que esteve com ele foi em 2008, durante a campanha eleitoral.
Lessa afirmou em seu depoimento que conheceu Chiquinho Brazão em um ponto de encontro de criadores de aves onde bebiam e jogavam sinuca no início dos anos 2000, na zona oeste do Rio de Janeiro. Macalé teria sido o ponto de contato dos dois.
O deputado disse que foi quatro vezes ao local, sendo que em duas delas encontrou Macalé. Afirmou, porém, que não se lembrava da presença de Lessa no local.
Chiquinho disse que mantém um bom relacionamento com toda a bancada de esquerda da Câmara Municipal do Rio de Janeiro. “Marielle sempre me procurou. Conversamos bastante. Nosso relacionamento era muito bom.”
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