10/08/2024 – 16:13
Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Reunião da Comissão de Legislação Participativa
Representantes de associações e sindicatos de policiais penais solicitaram a criação de uma Lei Geral para a categoria, durante audiência pública na Câmara Comissão de Legislação Participativa da Câmara, nesta terça-feira (8).
A presidente do Sindicato dos Policiais Criminais (Sindppen) do Ceará, Joélia Silveira, disse que naquele estado os trabalhadores não têm estatuto próprio e são regidos pela Lei Geral dos Servidores Públicos Estaduais. Para ela, é preciso haver definições claras de competência e também adequação às demais legislações existentes.
O diretor do Sindicato dos Empregados do Sistema Penitenciário de São Paulo (Sindcop), Eduardo Blasques Martins, alertou que “muitas vezes as leis são feitas por pessoas que não têm o menor entendimento de como funciona o sistema penitenciário por dentro”.
Eduardo Blasques trabalhou por 31 anos como policial criminal e se aposentou em 2020. Quando começou a carreira havia 41 penitenciárias em São Paulo – hoje são 182. Segundo ele, o sistema penitenciário paulista abriga 220 mil presos, e o a superlotação só não é maior porque há mais de 250 mil mandados de prisão no estado a serem cumpridos. “A insegurança aparece em situações em que há mais de 2 mil presos em uma unidade prisional com cinco funcionários de plantão”, afirmou.
As consequências da falta de condições de segurança foram destacadas pelo presidente nacional da Associação Brasileira de Polícia Judiciária, Ferdinando Gregório. “Os policiais criminais têm o maior número de afastamentos por problemas psicológicos, o maior número de invalidez permanente por problemas psicológicos. Trabalhamos dentro do nosso horário de trabalho e, considerando 30 anos de serviço, cumprimos 25% do nosso tempo de trabalho cumprindo pena. Estamos dentro”, comparou.
Gregório defende o fim da disparidade salarial entre os policiais penais de cada estado e lembra que a polícia criminal funciona como uma engrenagem que interliga o sistema penal e a segurança pública, pois é quem realiza a custódia e executa a pena. As medidas impostas pelo Poder Judiciário são executadas por quase cem mil policiais penais no Brasil.
Integração
A audiência pública foi presidida pela deputada Erika Kokay (PT-DF), que afirmou ser necessário discutir funções, integração com outras forças policiais e impactos na administração penitenciária. Ela lembra que a discussão da lei orgânica da Polícia Civil e da Polícia Militar foi um processo lento.
“Essa audiência pública vem na perspectiva de destacarmos elementos que são fundamentais para constarem na proposta que, creio, deveria ter o maior número possível de assinaturas como autores da proposta. Ou seja, quanto mais parlamentares estiverem nesse processo como coautores, mais força a proposta tem ao entrar nesta Casa”, disse o deputado.
Segundo ela, a criação de uma lei geral para regulamentar a atuação dos policiais penais será um marco na estruturação das atividades de segurança pública. Erika Kokay disse que o projecto de proposta deverá ser apresentado no início de Novembro, com o apoio de entidades de todo o país, sobre a lei geral dos agentes da polícia criminal.
Reportagem – Luiz Cláudio Canuto
Edição – Ana Chalub
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