Rejeição e alianças políticas conduzem debate entr…

Rejeição e alianças políticas conduzem debate entr…



O último debate entre candidatos a prefeito do Rio, na TV Globo, na noite de ontem, dia 3, foi marcado por um duelo de rejeições. Na busca por desidratar o eleitorado de Eduardo Paes (PSD), que hoje lidera as pesquisas de intenção de voto, seus adversários associaram o prefeito ao presidente da Embratur, Marcelo Freixo (PT), e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Alexandre Ramagem (PL), segundo colocado nas pesquisas, era parente do ex-prefeito do Rio Marcello Crivella (Republicanos), do ex-chefe do Planalto Jair Bolsonaro (PL) e do atual governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL) . Em comum, todos os políticos citados não estiveram presentes no confronto.

No primeiro bloco, Alexandre Ramagem (PL), ao ser questionado pelo prefeito sobre segurança, chamou o governo Cláudio Castro de “medíocre”. É a primeira vez que o bolsonarista critica diretamente o governador, seu aliado e do mesmo partido. Paes tem insistido na campanha em vincular as falhas na segurança do Estado à candidatura de Ramagem. “Não tenho padrinho, Cláudio Castro. Meu líder político se chama Jair Messias Bolsonaro. Cláudio Castro soube da minha indicação pela imprensa”, disse o delegado, respondendo então a Paes: “A gestão do Cláudio Castro é medíocre, tem muito a ser feito. Mas a sua é muito pior, nota zero.”

Ramagem tentou atacar o prefeito, acusando-o de esconder Lula “atrás de um armário”, de ser citado em denúncias envolvendo propina e até de ser “a favor do Hezbollah”. Paes obteve o direito de resposta e contra-atacou, citando o ex-governador Wilson Witzel, eleito em 2018 com o apoio de Bolsonaro. “Ele (Ramagem) é quem precisa de padrinho político. Tenho uma história nesta cidade. Ele sempre me lembra o Witzel”, disse Paes, citando sua relação política com Lula nas parcerias entre a prefeitura e o governo federal na revitalização do Galeão e do BRT e no projeto do Estádio do Flamengo, em São Cristóvão. “O carioca me conhece. Sou aliado do presidente Lula, mas não somos iguais.”

Países atacados por todos os lados

O debate contou com a presença, além de Paes e Ramagem, de Tarcísio Motta (PSOL), Marcelo Queiroz (PP) e Rodrigo Amorim (União Brasil). Enquanto Ramagem aproveitava o espaço para tentar tirar votos dos eleitores mais à direita de Paes, que almeja a vitória no primeiro turno, Tarcísio, terceiro colocado nas pesquisas, fez um apelo contra o voto útil dos eleitores progressistas para o prefeito. “O prefeito usa o medo para tentar mudar o voto de convicção”, declarou o psolista, que foi abordado tanto por Amorim quanto por Queiroz sobre o polêmico vídeo de Freixo, ex-PSOL e hoje no PT, pedindo votos a este eleitor em Paes. “Tenho respeito pelo Marcelo Freixo, pela história que construímos juntos. Foi o deputado estadual que presidiu a CPI das Milícias. Acontece que ele responde de forma diferente à mesma pergunta, o que é legítimo: o que devemos fazer para tirar a extrema direita da cena política?”, destacou Tarcísio, acrescentando que Marcelo, ao ficar ao lado do autarca, “ decidiu unir forças com o prefeito. à direita”.

Amorim, além de disparar contra Tarcísio como em outros debates e chamar Paes de “esquerdista”, dobrou-se com Ramagem em diversas ocasiões. O candidato do PL foi chamado de “querido amigo, delegado Ramagem” pelo deputado estadual, que encerrou sua participação agradecendo ao presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (União Brasil), pela candidatura, um dos nomes cogitados para concorrer contra Paes pelo governo do estado em 2026. Em um dos confrontos com Tarcísio, ele agiu como Ramagem e citou o Hamas: “Você e o outro candidato da esquerda fazem parte do mesmo pote. O fato é que você defende o aborto, o seu grupo político defende o Hamas”.

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Queiroz tentou se retratar como o “candidato sem lado”, colocando outros à direita e à esquerda. Ele duelou com o prefeito em mais de uma ocasião. Num dos confrontos, disse que hoje a fila para conseguir uma consulta com um endocrinologista na cidade é de “278 dias” e que o político do PSD, entretanto, prefere prometer Ozempic à população. Paes respondeu afirmando que reduziu pela metade o tempo de espera no Sisreg e pediu aos adversários que não convocassem Queiroz para cargos de secretário – o deputado federal já foi secretário nos governos Crivella, Paes e Cláudio Castro. A ironia foi uma resposta a uma crítica do candidato do PP ao governo Paes: “Me a rotação de energia é muito preocupante; havia cinco secretários de Habitação no governo Paes”.

Na área de saúde, Amorim disse que Paes preferiu trazer um Super Centro de Saúde para a Zona Norte, e não para a Zona Oeste. Esta região é o maior alvo da campanha de Ramagem, na tentativa de conquistar mais votos. Lá, Paes costuma ter bons votos, mas Bolsonaro também é forte. Na conferência de imprensa pós-debate, o autarca, que se considera um político centrista, falou sobre ter sido transformado numa “janela de vidro”: “É difícil lidar com propostas, sendo candidato a prefeito. Tentei me sublimar de todos os ataques que aconteceram.”

Segundo pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira, 3, Paes segue à frente para vencer no primeiro turno, com 54% das intenções de voto. Porém, em comparação com a pesquisa realizada há duas semanas, caiu cinco pontos. A Ramagem subiu cinco, passando de 17% para 22%. A margem de erro é de mais ou menos três pontos.

Em terceiro lugar está Tarcísio, com 4%. Queiroz somou 2%, e Amorim, 1%. A campanha de Tarcísio chegou a pedir nesta quinta-feira ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) que Amorim fosse excluído do debate da TV Globo: à tarde, sua candidatura foi rejeitada, mas a presidência do tribunal negou a exclusão porque o candidato já havia recorrido ao Tribunal Superior Eleitoral ( TSE). Amorim comentou na entrevista coletiva que sua candidatura faz parte de uma estratégia para levar Ramagem ao segundo turno: “A eleição é matemática. Pedi o voto número 44 para levar a eleição ao segundo turno. E no segundo turno apoiarei o Ramagem. O que é preciso é que o grupo de candidatos tenha uma verba para levar ao segundo turno”.

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O debate foi mediado pela jornalista Ana Paula Araújo. Os candidatos foram posicionados lado a lado no estúdio, e o debate foi dividido em quatro blocos: o primeiro e o terceiro com temas livres, e o segundo e o quarto blocos com temas determinados.

Os temas que mais chamaram a atenção dos candidatos foram segurança, saúde e educação. Paes prometeu criar mais dois novos Supercentros Cariocas de Saúde, um na Zona Oeste, e implementar um programa de cargos e salários para trabalhadores da saúde. Na Educação, Ramagem disse que, se for eleito, abrirá escolas cívico-militares e formará parcerias público-privadas para a gestão das unidades municipais. Tarcísio afirmou que seu programa de governo inclui 50 mil novas unidades habitacionais no Rio. Queiroz defendeu a instalação de câmeras de alta definição nas ruas para aumentar a segurança.

Pelas regras do debate, participaram candidatos de partidos com representação no Congresso Nacional de pelo menos cinco parlamentares; que alcançaram pelo menos 6% de intenções de voto na última pesquisa Quaest, de 30 de setembro; e que não tenham impedimento judicial, seja eleitoral ou comum.



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