Qual será um dos maiores desafios dos novos prefeitos

Onze capitais já escolheram seus prefeitos em primeiro turno nas eleições que aconteceram no domingo, dia 6. Os outros quinze conhecerão os vencedores no dia 27. Um desafio comum a todos os futuros chefes de executivos municipais será enfrentar o déficit habitacional do país, estimado em 6 milhões, o que representa 8,3% do total de domicílios ocupados no Brasil, segundo dados da Fundação João Pinheiro (FJP). instituição responsável pelo cálculo do déficit habitacional do Brasil em parceria com a Secretaria Nacional de Habitação do Ministério das Cidades.

A questão habitacional não é um desafio que possa ser resolvido isoladamente, pois é uma questão que envolve questões sociais, como a violência e a desigualdade, e está diretamente relacionada ao mercado. Para criar uma agenda que discuta esse problema com o devido aprofundamento, é necessária a formação de uma mesa multitarefa, na qual pensemos de forma ampla para que todos esses setores possam ser levados em conta no planejamento urbano das cidades.

A predominância do déficit habitacional no país está em famílias com rendimento domiciliar de até dois salários mínimos (R$ 2.640), principalmente aquelas da Faixa 1 do Programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal (74,5%). Ou seja, a questão da desigualdade é uma realidade apresentada nos números, portanto construir casas por si só não resolveria o problema, uma vez que essas famílias de baixa renda precisam de outras ações que andem de mãos dadas com essas construções. É importante que o planeamento urbano inclua escolas, centros de saúde e transportes públicos para que as novas habitações cumpram efectivamente o seu objectivo social.

Construir casas é mais que tijolos, é toda uma infraestrutura que deve ser pensada em conjunto. A população de baixa renda, a que mais necessita de abrigo, também não pode estar localizada em regiões distantes dos empregos, sem uma rede de transporte público que atenda essa população ou sem escolas e creches que apoiem as famílias que muito necessitam desses serviços. Diante dessa questão complexa que vai muito além da construção de conjuntos habitacionais nas periferias, os novos prefeitos precisam se organizar para tentar encontrar soluções o mais rápido possível. É preciso pensar em novas soluções e parcerias, pois os chefes do executivo municipal enfrentarão as limitações dos cofres públicos das cidades. Quase metade dos municípios terminará o ano no vermelho. Segundo a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), o prejuízo é estimado em 16,2 bilhões de reais. Sem recursos, como podemos implementar as promessas de campanha e tentar superar estas questões sociais?

Em São Paulo, uma das capitais mais ricas do país, a Cracolândia é um tema presente nas promessas de todos os candidatos a prefeito da cidade. A dificuldade em solucionar o problema advém justamente do desafio de lidar com eficiência com uma questão que envolve diversas frentes. Sem esse esforço não há solução. Com a Cracolândia perdurando ano após ano, não adianta falar em recuperar a ocupação do centro da cidade com novos projetos voltados à sua renovação. No contexto atual, esses planos dificilmente sairão do papel, pois incorporadoras e construtoras se recusam a investir na região, que é sinônimo de insegurança devido ao número de usuários de drogas e ao número de moradores de rua que vivem no local. .

As campanhas eleitorais vendem muitos sonhos e soluções fáceis para problemas complexos. Espero que os novos prefeitos sejam mais eficientes no trato com a realidade das grandes cidades.