PROMESSAS PARA ESTRADAS EM DIFERENTES ESTÁGIOS

PROMESSAS PARA ESTRADAS EM DIFERENTES ESTÁGIOS



Dias antes do prazo para assinatura do contrato de concessão, a consolidação da entrega da BR-040 entre Belo Horizonte e Juiz de Fora à EPR, empresa que venceu o leilão da rodovia em abril passado, foi parar na Justiça. O imbróglio envolvendo o ex-administrador rodoviário abre com incertezas o segundo semestre de 2024, ano em que o Ministério dos Transportes colocou Minas Gerais na vanguarda de sua agenda de privatizações.

Além do trecho entre BH e Juiz de Fora, o cronograma federal de concessões em Minas também abrange o prolongamento da rodovia entre a capital mineira e Goiás. Pontos da BR-262 também estão em pauta, além da ‘Rodovia da Morte’, termo usado para denominar a BR-381 da capital mineira até Governador Valadares. Após o primeiro semestre, o Estado de Minas relembra as promessas feitas para a malha viária mineira e a situação de cada uma delas no início de julho.

Em abril, a EPR venceu o leilão da concessão 040 entre BH e Juiz de Fora. O leilão ocorreu após a Via 040, responsável pelo trecho desde 2014, solicitar a devolução da rodovia ao governo federal, alegando inviabilidade financeira. A assinatura do novo contrato, conforme cronograma disponibilizado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), deve ocorrer até a próxima terça-feira (7/9), mas a decisão está suspensa por decisão da 4ª Vara Federal de Brasília.

A Via 040 entrou na Justiça pedindo a suspensão da assinatura do contrato. A empresa afirmou em comunicado que não comentará processos judiciais em andamento, mas tem histórico de pleitear indenização após o processo de concessão rodoviária. A ANTT informou que tomará as medidas necessárias para reverter a decisão e seguir com o cronograma de assinatura do contrato até o dia 9 de julho. Por enquanto, o primeiro leilão de estradas de mineração realizado pelo governo federal neste ano está em dúvida.

O trecho oeste da BR-040, que liga a capital mineira a Goiás, tem leilão marcado para 26 de setembro. O trecho de 595 quilômetros terá sete praças de pedágio, localizadas em Paracatu, Lagoa Grande, João Pinheiro, São Gonçalo do Abaeté, Felixlândia, Curvelo e Capim Branco. O modelo de leilão define como um dos critérios o vencedor com maior taxa de desconto na cobrança dos usuários.

Rodovia da Morte em diferentes estágios

Na última sexta-feira (28/6), o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB-AL), integrou a comitiva que veio de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a Belo Horizonte para cerimônia de anúncio dos investimentos federais no estado . A BR-381, assim como na primeira visita presidencial à capital mineira, voltou a ocupar um ponto central no discurso do chefe do departamento.

Em fevereiro, também acompanhando Lula em BH, Renan Filho anunciou que o governo federal seria responsável pela duplicação da estrada entre a capital e Caeté, ponto mais crítico da estrada devido às falhas geológicas e aos riscos jurídicos ligados à necessidade de remoção cerca de duas mil famílias que vivem às margens da rodovia.

A maior parte da estrada, que vai até Governador Valadares, será executada pela concessionária vencedora do leilão, já marcado para 29 de agosto. A assunção do governo federal pelo trecho mais próximo de BH foi uma decisão governamental após dois leilões em anos consecutivos terem terminado sem ninguém interessado nas obras de administração e duplicação.

O trecho entre BH e Caeté foi dividido pelo governo em dois lotes. Um deles, o 8B, teve edital publicado em maio. O documento traz especificações para a duplicação de cerca de 18 quilômetros entre Ravena e Caeté, intervenções orçadas em quase R$ 400 milhões.

O edital para obras do lote 8A, entre BH e Ravena, ainda está em fase de elaboração. Este é o ponto mais crítico da estrada, que abrange a saída e chegada da capital mineira pelo Rodoanel. É também onde se concentra a maioria das famílias que vivem em casas anexas ao asfalto e que precisarão ser removidas para duplicação.

Urgência

As obras do lote 8A são tratadas com urgência por ativistas que fazem campanha por obras na via, como o Movimento Pró-Vidas BR-381. Em documento enviado à reportagem, o grupo elaborou uma série de sugestões paliativas para o gargalo da BR-381 na chegada a BH, por considerar inviável aguardar a conclusão das obras de duplicação para mitigar engarrafamentos e riscos de acidentes no trecho.

As medidas incluem pontos como: a criação de uma faixa adicional entre o final do Rodoanel e o posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF); instalação de ponte metálica sobre a ferrovia na Estação Beija-flor; a retirada da chicane localizada em frente à estação da PRF; e a mudança de direção nos finais de semana e antes dos feriados para favorecer o sentido de maior trânsito. O movimento enviará as observações às autoridades federais e informa que trabalhará com lideranças políticas da região, como prefeitos e deputados locais que representam cidades vizinhas à BR-381 para facilitar a adoção de sugestões paliativas.

Sem aviso

A agenda do Ministério dos Transportes em 2024 inclui mais dois lotes que ainda não têm data prevista para leilão. Ambos incluem obras na BR-262. Uma delas é a ‘Rota do Zebu’, entre Uberaba, no Triângulo Mineiro, e Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

O troço de 438 quilómetros será concedido à iniciativa privada por 30 euros, ao abrigo de um contrato que prevê obras como a duplicação de cerca de 44 quilómetros de estrada e 168 quilómetros de faixas adicionais. Estão previstas seis praças de pedágio localizadas em Florestal, Luz, Campos Altos, Perdizes, Nova Serrana e Araxá.

A concessão Rota do Zebu está sendo avaliada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), última etapa antes da publicação do edital. Segundo o Ministério dos Transportes, o leilão está previsto para acontecer no último trimestre deste ano, com contrato assinado com a concessionária no início de 2025.

O outro lote é a ‘Rota Sertaneja’, que começa na BR-153 em Hidrolândia-GO e vai até o entroncamento com a BR-262, no Triângulo Mineiro, seguindo os dois trajetos em direção às cidades de Fronteira e Uberaba.

No terreno está prevista a instalação de cinco praças de pedágio, duas em Goiás e três em Minas. As cobranças em território goiano serão feitas em Piracanjuba e Itumbiara e em território mineiro em Prata, Fronteira e Campo Florido (única na BR-262).

O lote Rota Sertaneja está em análise pelo TCU desde setembro do ano passado. A publicação do edital está prevista para o 3º trimestre deste ano e o leilão para o último trimestre. O cronograma prevê a assinatura do contrato para o início do próximo ano.



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