Projetos sobre nome de ruas e data comemorativa são maioria

Projetos sobre nome de ruas e data comemorativa são maioria



A partir de janeiro, a Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) inicia uma nova legislatura cheia de caras novas, mas com a menor renovação das últimas quatro eleições. O resultado das pesquisas indicou que 23 dos atuais vereadores permanecerão no cargo. Antes dos veteranos iniciarem outro mandato, o Estado de Minas realizou um levantamento para mostrar como foram os últimos anos dos parlamentares que conquistaram um novo mandato, usando como referência propostas apresentadas por eles que se transformaram em leis municipais.

Os reeleitos são Bráulio Lara (Novo), Bruno Miranda (PDT), Bruno Pedralva (PT), Cida Falabella (Psol), Cláudio do Mundo Novo (PL), Cleiton Xavier (MDB), Fernanda Pereira Altoé (Novo), Flávia Borja (Nova), Helinho da Farmácia (PSD), Irlan Melo (Republicanos), Iza Lourença (Psol), Janaina Cardoso (União Brasil), José Ferreira (Podemos), Juninho Los Hermanos (Avante), Loíde Gonçalves (MDB), Maninho Félix (PSD), Marcela Trópia (Novo), Marilda Portela (PL), Pedro Patrus (PT), Professor Juliano Lopes (Podemos), Professor Marli (PP), Wagner Ferreira (PV) e Wanderley Porto (PRD).

Entre eles, quatro exerceram mandatos em apenas dois anos de legislatura, pois só tomaram posse em 2023 para substituir parlamentares eleitos para cargos no pleito do ano anterior. A chegada de Bella Gonçalves (Psol), Bim da Ambulância (PSD) e Macaé Evaristo (PT) à Assembleia Legislativa deu lugar na Câmara a Cida Falabella, Maninho Félix e Bruno Pedralva, respectivamente. A eleição de Duda Salabert (PDT) e Nely Aquino (Podemos) como deputados federais culminou na nomeação de Wagner Ferreira e Loíde Gonçalves.

Os vereadores reconduzidos foram responsáveis ​​por 236 novas leis entre 2021 e 2024. Os dados foram retirados do site da CMBH com base nos projetos de lei aprovados. O conteúdo das propostas também foi avaliado. Das 236 leis que tiveram pelo menos um vereador reeleito entre os autores, 66 pretendiam alterar nomes de espaços públicos como ruas, avenidas, praças, parques e vias de pedestres. Assuntos desse tipo encabeçam a lista com quase 28% do total analisado.

Seguindo a lista de temas das leis aprovadas aparece a criação de datas comemorativas. Nos últimos quatro anos, foram 35 textos que marcaram novos marcos no calendário oficial de Belo Horizonte. Somados aqueles que alteram nomes de logradouros públicos da capital mineira, esse tipo de projeto representa cerca de 43% do total de propostas legislativas. As leis que tratam dos direitos dos animais aparecem como o terceiro tema mais comum entre a atuação dos vereadores que seguirão na Câmara, com 16 projetos nesse sentido. Saúde e educação vêm em seguida com 14 e 13 projetos de lei aprovados, respectivamente.

O serviço público municipal foi objeto de 11 projetos que tiveram como autor pelo menos um dos 23 vereadores reeleitos. Acessibilidade para pessoas com deficiência, com 10 novas leis, fecha a lista de temas em projetos aprovados pelo grupo de veteranos com pelo menos uma dezena de textos.

As mudanças na postura e no código de transporte foram objeto de nove leis cada; propostas para os direitos das mulheres e variações nas regras de planejamento urbano foram aprovadas em seis ocasiões cada. Novos padrões para a transparência do Executivo e para o meio ambiente foram objeto de cinco projetos cada. O levantamento feito pela reportagem aponta ainda que 99 dos projetos, 42% do total, foram protocolados por pelo menos um dos vereadores reeleitos tendo outros parlamentares como coautores. Outros 137 foram assinados por um único nome.

Baixa renovação

A partir de 2025, a Câmara de BH será composta por 23 veteranos e 18 estreantes, taxa de renovação de 43,9%. Foi o menor índice desde 2008, quando 24 vereadores conseguiram ser reeleitos. Desde então, o Legislativo teve mais caras novas a cada eleição, com uma variação de 53,5% em 2012; 56% em 2016; e 58,5% em 2020. O percentual de reeleição no pleito de outubro em BH foi de 56%, um pouco superior ao de Minas Gerais, que foi de 55,12% segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) organizado pela Agência Brasil. No cenário nacional, os números mostram que 40,79% das candidaturas aprovadas a conselhos municipais em todo o Brasil foram de vereadores reeleitos. Dos 58,4 mil eleitos pelos brasileiros, 23.823 já tinham mandato.

AS NOVAS LEIS

Temas que predominaram nos projetos aprovados

QUANTIDADE DE ASSUNTO

Nome do espaço público 66
Data comemorativa 35
Direitos dos animais 16
Saúde pública 14
educação 13
servidores públicos 11
acessibilidade 10
mudança no código de postura 9
Transporte 9
Direitos das mulheres 6
Regras de planejamento urbano 6
Meio Ambiente 5
Transparência 5
Normas burocráticas 4
Proibição 3
Segurança pública 3
Esporte/Lazer 2
Eventos 2
Inspeção 2
Proteção infantil 2
Religião 2
Revogação da lei 2
Alimentação 1
Cidade Irmã 1
Comércio 1
Cultura 1
Economia/Financeira 1
Equipamento privado 1
Obras/Infraestrutura 1
Parceria público-privadaPP 1
Proteção aos idosos 1

Propostas de coautoria diversificam o mandato

Entre os vereadores reeleitos para mais um mandato na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), quem mais aprovou novas leis entre 2021 e 2024 foi Wanderley Porto (PRD). No total, foi autor ou coautor de 53 dos 236 projetos sancionados pelo Executivo que viraram leis, segundo levantamento feito pelo Estado de Minas. Desse total, 46 deles foram assinados com outros nomes e sete são de autoria exclusiva de Porto.

No relatório, disse que o elevado número de parcerias ajuda a diversificar o âmbito do seu mandato. O tema principal dos projetos do Porto é precisamente a sua principal bandeira de campanha e a sua atividade parlamentar, a defesa dos animais. Ao longo desta gestão, o vereador foi autor de 13 novas leis que tratam dessa causa.

Na sequência aparecem os temas criação de datas comemorativas (7), nomenclatura de espaços públicos (6), normas para transporte público (6), saúde pública (4), mudança no código de atitudes (3) e direitos das mulheres (2). Outros 12 temas foram abordados em uma lei cada pelo vereador. “Por mais que seja um número significativo, primeiro nos preocupamos com a qualidade dos projetos; Queríamos que os PL fossem transformadores para a vida das pessoas e, através das nossas ações, para os animais. Nessa linha, tivemos vitórias importantes como a redução do prazo para o fim da tração animal na cidade e o fim dessa escravidão”, destacou Porto. A lei citada pelo vereador vem do PL 545/2023, que foi assinado por Janaina Cardoso (União Brasil), também reeleita.

Reeleito, Irlan Melo (Republicanos), com 49 leis de sua autoria ou coautoria, vem em seguida na lista. Com 11 e 7 projetos, respectivamente, a criação de datas comemorativas e a nomenclatura de espaços públicos lideram a lista. Leis de transporte, direitos dos animais, alterações no código de postura, saúde pública e acessibilidade seguem os temas principais mais frequentes. Vários projetos da vereadora, porém, tratam da defesa da mulher como subtema, como é o caso do texto oriundo do PL 537/2023, que cria o “Protocolo Mulher Segura” para prevenir a violência e listado como proposta de ação pública. segurança.

“As leis que mais me fazem feliz são aquelas que defendem as mulheres. Aprovação do protocolo de segurança para mulheres; o direito da mulher de ter acompanhante durante exames e consultas; a lei que permite que mulheres surdas tenham intérprete de Libra durante o parto para evitar violência obstétrica. Temos muita legislação em termos de defesa das mulheres”, disse Irlan EM.

O professor Juliano Lopes (Podemos) é o terceiro com mais leis aprovadas entre os reeleitos. O vereador tem 40 projetos de sucesso, sendo 18 sobre nomenclatura de espaços públicos ou sobre funcionários do Executivo, 9 para cada. Seguindo a lista de temas estão a criação de datas comemorativas, com 5 leis; e direitos dos animais, alterações no código de postura e transporte público, com duas propostas cada. Procurado pela reportagem, o vereador não comentou.

A professora Marli (PP) é a quarta vereadora com mais projetos que viraram lei. Durante esta gestão foi autora ou coautora de 35 textos que integram a legislação municipal, sendo que seis deles tratavam da sua principal área de atuação, a acessibilidade para pessoas com deficiência ou doenças raras. A lista de temas da vereadora inclui 5 criações para datas comemorativas, quatro propostas para educação, 3 para saúde pública e 3 para direitos das mulheres. O parlamentar foi procurado para a reportagem, mas não respondeu.

VARIEDADE

Bráulio Lara (Novo), Bruno Miranda (PDT) e Marcela Trópia (Novo) são autores ou coautores de 26 leis cada e ocupam o quinto lugar entre os reeleitos com propostas mais aprovadas. Lara teve 11 projetos aprovados para nomenclatura de espaços públicos, 3 para textos relacionados a transporte. Educação, mudanças no código de atitudes e mudanças nas regras de planejamento urbano foram temas de dois PLs cada. Lara projeta no novo mandato a manutenção de propostas que buscam rever a organização do espaço urbano da capital mineira e destaca que pretende reapresentar projetos que não tiveram êxito nesta legislatura. Ele destaca a proposta de adequar o pagamento da Taxa de Fiscalização de Localização e Operação (TFLF) de acordo com os meses em que o empreendimento efetivamente funcionou na cidade e não como um imposto com valor anual fixo.

Sobre o grande número de projetos para nomear ruas, ele diz que o fato teve origem em um episódio inusitado. “Quando comecei meu mandato, enviei emendas para um projeto de uma rua do Bairro Buritis que ainda tinha codinome. Quando as obras estavam prontas, quis dar à estrada o nome de uma das vítimas do Caso Backer, já que fica em Buritis, onde ocorreram os casos de contaminação. Mas primeiro um vereador fez um projeto e deu nome à rua. Em seguida, mapeei todas as estradas sem nome do bairro e apresentei os planos de uma só vez.”

Das 26 leis aprovadas por Marcela Trópia, 6 são sobre serviço público e assinadas em parceria com outros vereadores. Questionada sobre sua atuação, a parlamentar destaca os demais temas que aparecem em sua lista, como educação (ponto central de 3 leis) e mudanças no código de atitudes, direitos das mulheres, transparência do Executivo e normas burocráticas – com 2 leis cada um – como mais relevante para o seu mandato.

“A aprovação dos projetos reflete o foco das minhas propostas e os compromissos que assumi com os eleitores em 2020. São projetos relacionados à inovação, desburocratização, transparência e educação. Fui presidente da comissão de educação durante três anos – tenho conhecimento técnico para contribuir no desenvolvimento de políticas públicas para criar políticas de estado e não de governo para a área”, disse o vereador.



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