18/10/2024 – 11h38
Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
Erika Hilton compara proposta de cotas trans às cotas raciais adotadas hoje
O Projeto de Lei 3.109/23 reserva 5% das vagas nos cursos de graduação das universidades federais e demais instituições federais de ensino superior para trans e travestis. Para cursos com menos de 50 vagas, deverão ser reservadas três vagas para este grupo.
Em análise na Câmara dos Deputados, o projeto foi apresentado pela deputada Erika Hilton (Psol-SP).
O texto considera pessoas trans e travestis aquelas que não se identificam com o gênero que lhes foi atribuído ao nascer, com base no critério da autodeclaração.
Eles terão que se submeter à fiscalização das instituições de ensino para que sua autodeclaração seja confirmada.
Esta fiscalização deve ter em conta o respeito pela dignidade humana, sendo proibida a exigência de apresentação de relatórios médicos que comprovem a identidade destas pessoas.
Fraude
Havendo fraude na autodeclaração, a pessoa será eliminada do vestibular e, caso esteja matriculada, estará sujeita ao cancelamento da matrícula, mediante procedimento administrativo em que lhe será assegurado o direito de ser matriculado. ouvido e tenha plena defesa.
Vagas não preenchidas
Caso o número de pessoas trans e travestis aprovadas seja inferior à cota reservada, as vagas restantes serão preenchidas pelos demais candidatos aprovados, observada a ordem de classificação.
Seguir
Os Ministérios da Educação e dos Direitos Humanos, por meio da Secretaria Nacional dos Direitos da População LGBTQIA+, serão responsáveis pelo monitoramento e avaliação deste programa de cotas.
As instituições de ensino devem estabelecer e coordenar comitês técnicos, em conjunto com organizações e atores LGBTQIA+, para:
- facilitar a recepção e investigação de denúncias de transfobia;
- estruturar ações que visem garantir a permanência desses beneficiários de cotas na universidade;
- possibilitar o uso de banheiros e vestiários de acordo com a identidade de gênero;
- promover o respeito pelo uso de nomes sociais.
Iniciativas estaduais
A deputada Erika Hilton destaca que universidades federais de diversas regiões do país já implementaram vagas reservadas para pessoas trans e travestis em seus cursos de pós-graduação, mas, na graduação, poucas possuem cotas para essas pessoas.
“Dentre as que já contemplam essas reservas, três estão localizadas no Nordeste, no estado da Bahia (Uneb, UFSB e UEFS), uma no Sudeste do estado de São Paulo (UFABC) e uma no Norte, em do estado do Amapá (UEAP)”, detalha Erika.
Ela lembra que, no caso das cotas para negros nas universidades, “a implementação nacional garantiu que três vezes mais negros, quilombolas e indígenas pudessem ingressar nas universidades e institutos federais”.
Erika Hilton afirma que seu projeto busca garantir o acesso e a permanência dessas pessoas no ambiente acadêmico.
Processamento
A proposta será analisada em caráter conclusivo pelas comissões de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial; da Educação; e Constituição e Justiça e Cidadania.
Para virar lei, a medida precisa ser aprovada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal.
Relatório – Lara Haje
Edição – Natalia Doederlein
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