10/08/2024 – 12h11
Mário Agra/Câmara dos Deputados
Tabata: medir o bem-estar pode mostrar a urgência de ações que não estão sendo priorizadas
O Projeto de Lei 2.518/24 prevê a realização de pesquisas de bem-estar para medir a satisfação subjetiva dos cidadãos em relação à própria vida e para formular políticas públicas de saúde mental, emprego e convivência social. A proposta é da deputada Tabata Amaral (PSB-SP) e está em análise na Câmara dos Deputados.
O Sistema de Contas Nacionais de Previdência, criado pelo projeto, será baseado em pesquisas periódicas entre a população, incluindo aqueles que vivem em situação de rua, e considerará renda, ocupação, sexo, região, idade, raça, moradia, vida social ou solidão e acessar cultura e esporte, entre outros dados.
Este sistema será atualizado anualmente e também levará em consideração aspectos de satisfação com a vida e estados emocionais positivos e negativos.
Segundo Tabata Amaral, a proposta é de fácil implementação e tem baixo custo. Poderia ser aplicado por meio de pesquisas ou levantamentos já existentes no Ministério da Saúde, por exemplo.
Métodos inadequados
Tabata Amaral argumenta que o Brasil ainda não possui boas medidas do bem-estar da população. O Produto Interno Bruto (PIB), na sua avaliação, não seria adequado para mensurar os principais desafios do país no que diz respeito à redução das desigualdades, ao combate às mudanças climáticas e aos cuidados de saúde mental.
Segundo o parlamentar, em muitos países o PIB cresce junto com as taxas de suicídio, os níveis de poluição e a concentração de renda. “Os dados crescentes de consumo ignoram a epidemia de depressão. As taxas de produção são omissas em relação ao desmatamento e o aumento da renda às vezes pouco faz para refletir as taxas de pobreza”, lamenta.
“Censo do bem-estar”
Fazer um “censo de bem-estar”, segundo o deputado, permitirá ao Brasil mapear onde estão os brasileiros que mais precisam de ajuda e orientar as ações do Estado. A identificação de mães vulneráveis, por exemplo, poderia levar à construção de novas creches.
Tabata acrescenta que vários países já pesquisam diretamente os cidadãos sobre a satisfação com a vida. “A monitorização da saúde mental da população não é útil apenas para o combate à doença, mas é importante para a participação dos cidadãos na economia”, acrescenta o deputado.
“Estima-se que os custos da má saúde mental atinjam 4% do PIB mundial. Essa proporção no Brasil implicaria uma perda de cerca de R$ 400 bilhões por ano em produtividade”, calcula Tabata.
Próximas etapas
O projeto está em andamento em caráter conclusivo e será analisado pelas comissões de Administração e Função Pública; Finanças e Fiscalidade; e Constituição e Justiça e Cidadania.
Para virar lei, a proposta precisa ser aprovada por deputados e senadores.
Reportagem – Noeli Nobre
Edição – Natalia Doederlein
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