Projeto na África explorado por Marçal na eleição é de ONG

Projeto na África explorado por Marçal na eleição é de ONG



SÃO PAULO, SP, E CAMIZUNGO, ANGOLA (FOLHAPRESS) – Toca uma música angelical e aparece na tela uma sequência de imagens de negros rezando e olhando para o céu. “Sei que várias ‘mamães’ aqui já oraram por água potável, pedindo uma vida digna. A oração que você fez a Deus será atendida”, afirma Pablo Marçal, do alto de uma árvore.

O local fica na região de Camizungo, comunidade rural a 50 km de Luanda, capital de Angola, cenário de um projeto que o influenciador e candidato do PRTB tem usado como trunfo para exemplificar como vai desfavorecer São Paulo caso seja eleito prefeito – e que o repórter visitou na última segunda-feira (8).

As cenas são mostradas em um documentário que o autointitulado ex-técnico lançou em seu canal no YouTube no mesmo dia em que oficializou sua candidatura, há pouco mais de um mês. O tom heroico e radiante que coloca Marçal no centro da narrativa, porém, contrasta com a realidade.

O projeto foi idealizado pela ONG cristã brasileira Atos, presente no país há 14 anos, e conta com o apoio de cerca de mil doadores, entre eles outros famosos como a pastora Ana Paula Valadão, o jogador do Palmeiras Felipe Anderson e até a cantora Anitta – contexto que Marçal menciona, mas não explica em profundidade.

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O empresário, na verdade, tem sido o principal financiador desde que descobriu o projeto por meio de um seguidor em 2019, segundo a ONG, e a iniciativa realmente transformou a realidade da comunidade, criando a única escola e posto de saúde em quilômetros, além de um cafetaria, sustentabilidade da horta e centros de formação.

Há uma parte, porém, que não aparece no anúncio.

Das quase 350 famílias que Marçal promete realocar com mão-de-obra local, mais de 300 ainda vivem em barracos de lata que atingem os 50°C durante o dia. E a electricidade e a água que se gaba de ter trazido muitas vezes nem chegam às 42 casas construídas até agora, o que provocou novos conflitos pela terra.

A “mudança de mentalidade” que o influenciador e os seus parceiros dizem ter causado também é subjetiva, numa comunidade onde, segundo eles, “ninguém trabalhava antes”. “As pessoas tinham a mentalidade de não fazer nada e não produzir nada”, afirma seu advogado, Tassio Renam, diante das câmeras.

Pedro Fortaleza, coordenador da associação de moradores, conta que em 2018, antes da chegada de Marçal, os moradores já trabalhavam no centro de agricultura sustentável gerido pela ONG. “É uma comunidade, em princípio, composta por 90% de camponeses e 10% de servidores públicos”, afirma.

Para quem já recebeu as casas, como os idosos Morais Yaconda e Margarida João Lopez, Marçal, que entregou as chaves, é visto como “um pai, um anjo enviado por Deus”. Alguns dos que ainda não foram beneficiados estão desconfiados e protestaram contra o uso das terras onde sobrevivem.

Na tentativa de compensar um desses descontentamentos, Fortaleza conta que a ONG Atos rapidamente cedeu uma casa a um agricultor que possuía um terreno de 50 m². Ele conta que esses conflitos têm sido acompanhados de perto pela associação de moradores, para que não prejudiquem a continuidade do projeto.

Após o surgimento da iniciativa, outras famílias em extrema pobreza do entorno, alimentadas pela esperança de serem contempladas, começaram a chegar e a construir mais casas de lata ao lado das novas feitas de tijolos ecológicos (produzidas por cinco máquinas doadas por Marçal, quatro delas eles nomeados com os nomes de seus filhos).

Por aqui ainda há cenas como crianças comendo entre ratos, segundo a própria ONG, que afirma que as famílias originais estão cadastradas e que o governo local está monitorando a situação.

Como está o Camizungo hoje e como é o projeto?

Num outro filme lançado em 2020, Marçal aparece a dar água na boca aos rapazes angolanos. “Vai chegar agora um caminhão para perfurar o seu poço de água”, diz ele, em 2024. Mas a história é mais longa do que isso. A primeira doação para um poço na região veio em 2017, por duas sul-coreanas.

A profundidade não era suficiente e um agricultor português vizinho deu-lhe a sua para uso agrícola. Além dessa, hoje existem ali outras duas fontes do recurso, que as pessoas buscam com baldes: a água do governo, que a ONG canaliza e é esporádica, e um poço artesiano que cem empresários trazidos por Marçal doaram em dezembro de 2023, para bebendo.

Um segundo poço que refere no discurso acima, financiado por ele na aldeia de Ombu a 15 minutos, encontrou água contaminada com petróleo quando atingiu os 90 metros de profundidade, pelo que agora a ideia é tirar água de um lago que está 1 km de distância. Segundo a Atos, o custo foi de R$ 250 mil e a obra ainda está sendo orçada.

“Doei a rede elétrica”, disse também o influenciador à Revista Oeste nesta terça-feira (10), outro comunicado que omite nuances. “Há um ano a energia chegou, mas só na propriedade da instituição [ONG]. Em 2022, a administradora municipal nos doou 30 postes de madeira. Então fizemos uma contribuição [vaquinha] para comprar os cabos”, diz Fortaleza, da associação de moradores.

Mesmo assim, a luz é fraca e às vezes nem dá para ligar a televisão.

Marçal trata como exemplo de política pública para São Paulo uma iniciativa filantrópica que depende de contribuições voluntárias e cujo custo total nem é conhecido. A ONG Atos afirma que é difícil estimar isso devido à natureza das doações, que chegam gradativamente e incluem estruturas inteiras trazidas da China ou da Espanha, sem os valores.

Questionado pela reportagem sobre quanto já doou, Marçal simplesmente respondeu: “Em breve irei pessoalmente mostrar São Paulo”. Ele teria arrecadado pelo menos R$ 4,5 milhões em dois leilões transmitidos ao vivo em 2023 e 2024, mas não está claro o valor dado com dinheiro próprio ou o uso exato do dinheiro.

O assunto virou munição até para o pastor Bolsonaro Silas Malafaia: “O Política O Intercept traz uma acusação grave que é preciso explicar muito bem. Era para ter 90 casas, o que vocês fizeram com o dinheiro? . “

O site citado por Malafaia publicou que as doações solicitadas por Marçal à Atos foram feitas para dois CNPJs da cidade de Prata, na Paraíba. A ONG rebate que tem escritório físico no município, de onde é seu fundador e pastor Itamar Vieira, e que o Centro Vida Nordeste, dono dos demais CNPJ, é seu parceiro desde 2017 e envia recursos do Brasil.

Segundo Vieira, dez casas estão em fase de produção de tijolos, e as 300 estão previstas para 2025. Mas como a chegada de recursos ao país demora e a construção é feita pelos moradores, os prazos não são fixos: “Nós respeitem o seu tempo”, afirma o pastor, lamentando a repercussão politizada do tema na campanha eleitoral.

Em um dos vídeos, mostrando arrepios no braço ao descobrir que o nome Camizungo significa “a fruta que não deu certo”, Marçal diz que “no dia que você vier aqui vai ter uma placa na frente escrita assim: Camizungo […]a terra que frutificou”. A placa, hoje, ainda diz apenas Camizungo.



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