30/09/2024 – 18:32
Mário Agra/Câmara dos Deputados
Junior Mano: uso crescente de IA já impactou as relações de trabalho
O Projeto de Lei 3.088/24 altera o Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) incluir medidas para proteger os trabalhadores, incluindo os seus dados e privacidade, e a preservação dos empregos face à utilização da inteligência artificial (IA). A proposta está em análise na Câmara dos Deputados.
“O uso crescente da IA já impactou as relações de trabalho”, explica o autor do artigo, deputado Júnior Mano (PL-CE). “Estabelecer uma estrutura que proteja os direitos e garanta transparência e justiça nos processos automatizados torna-se imperativo. A IA, embora ofereça avanços significativos, traz desafios que precisam ser gerenciados para mitigar os impactos negativos.”
Discriminação
O projeto procura evitar, por exemplo, que a utilização de ferramentas de IA esconda padrões de discriminação. Para tanto, o texto exige transparência dos algoritmos utilizados na seleção e promoção de trabalhadores, garantindo que sejam auditáveis.
Os trabalhadores, por sua vez, devem ser informados e treinados sobre o uso da IA. Treinamentos periódicos, segundo Júnior Mano, permitirão que os colaboradores conheçam melhor a tecnologia, suas funcionalidades e implicações.
O projeto também aborda a necessidade de supervisão humana em decisões críticas tomadas pela IA. “A supervisão humana é essencial para garantir a imparcialidade e o acerto nos processos de tomada de decisão que impactam diretamente a vida dos trabalhadores. O projeto exige que a supervisão humana prevaleça nessas decisões, protegendo os interesses dos colaboradores”, explica Júnior Mano.
Outro ponto da proposta diz respeito à requalificação dos trabalhadores. A utilização da automação robótica de processos deve ser acompanhada de programas de requalificação que harmonizem o trabalho da IA com atividades que exijam mais intervenção humana. O objetivo é preservar empregos.
Além disso, o projeto estabelece diretrizes para a prevenção de doenças psicológicas ou físicas decorrentes do uso de IA. “A atenção à saúde no trabalho é prioritária, e os empregadores devem adotar medidas para prevenir a ansiedade e o estresse”, defende o autor do artigo.
Executivo
O Poder Executivo também poderá emitir diretrizes e recomendações para harmonizar o uso da IA com o trabalho humano.
Por fim, o projeto prevê a criação de um selo, por parte do Executivo, reconhecendo as empresas que adotam boas práticas na utilização de IA. Por outro lado, prevê fiscalização rigorosa e aplicação de multas para quem violar as disposições.
Próximas etapas
O projeto está em andamento em caráter conclusivo e serão analisados pelos comitês de Ciência, Tecnologia e Inovação; do Trabalho; e Constituição e Justiça e Cidadania. Para virar lei, a medida precisa ser aprovada pela Câmara e pelo Senado.
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Reportagem – Noeli Nobre
Edição – Geórgia Moraes
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