27/09/2024 – 15:26
Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
Julio Lopes, autor da proposta
O Projeto de Lei 1.924/24 cria o Operador Nacional do Sistema Mineral (ONSM) para monitorar em tempo real os estoques e movimentações da produção mineral no Brasil.
O monitoramento abrange um sistema de coleta de informações em tempo real sobre atividades de produção, comercialização ou consumo, importação e exportação de bens minerais. Com base nesses dados, o ONSM deverá elaborar relatórios e encaminhá-los aos ministérios de Minas e Energia, do Meio Ambiente e da Justiça, à agência reguladora, ao fisco, ao Ministério Público e entidades consumidoras.
O operador deverá informar as autoridades sobre inconsistências e irregularidades constatadas, especialmente se houver consequências tributárias, ambientais ou conexas à mineração ilegal e à cobrança de Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM).
O ONSM será fiscalizado e regulamentado pela Agência Nacional de Mineração (ANM) e será integrado por empresas que atuam nas áreas de refino de petróleo, produção de biocombustíveis, processamento de gás natural, transporte, importação e exportação de combustíveis.
A proposta inclui a criação do novo operador no Código Mineiro.
Conselho e impostos
A operadora terá cinco diretores, sendo três indicados pelo Executivo e dois por agentes do setor, com mandato de quatro anos com uma recondução.
Os administradores só podem ser destituídos sem justa causa nos primeiros 4 meses do seu mandato.
Qualquer receita fiscal proveniente das atividades do ONSC deve ser alocada ao Fundo Nacional de Segurança Pública. Desse total, 70% serão redistribuídos aos estados, proporcionalmente ao aumento da receita de cada um.
Desburocratização
A ideia do ONSC surgiu do relatório final do grupo de trabalho da Câmara dos Deputados sobre digitalização e desburocratização da gestão governamental.
O deputado Julio Lopes (PP-RJ), autor da proposta, foi o relator do grupo, que concluiu seus trabalhos em outubro de 2023. A ideia é seguir o modelo do Operador Nacional do Sistema Elétrico, responsável pelo planejamento e monitoramento da área de energia. .
Combate às irregularidades
Segundo Lopes, a obtenção de dados em tempo real sobre a produção e comercialização de bens minerais pela ONSM constituirá um mecanismo robusto e centralizado de monitorização, planeamento e gestão deste sector.
“A análise dos dados obtidos deverá contribuir decisivamente para prevenir práticas irregulares e ilegais, como sonegação fiscal, contrabando e exploração mineral sem a devida autorização e sem o devido licenciamento ambiental”, explicou o deputado.
Com o monitoramento, disse Lopes, será possível verificar a efetiva produção de uma área licenciada para exploração de ouro. “Evitar que nesta mesma área sejam atribuídas substâncias minerais extraídas no garimpo ilegal, o que evitaria os elevados danos ambientais e sociais que têm ocorrido atualmente”, disse.
Próximas etapas
A proposta será analisada em caráter conclusivo pelas comissões de Minas e Energia; Finanças e Fiscalidade; e Constituição e Justiça e Cidadania. Para virar lei, a proposta precisa ser aprovada pela Câmara e pelo Senado.
Reportagem – Tiago Miranda
Edição – Natalia Doederlein
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