O Brasil descobriu, chocado, que, só em agosto, 24 milhões de pessoas gastaram mais de 20 bilhões de reais em apostas. O choque foi duplo porque cerca de 3 bilhões de reais vieram dos beneficiários do Bolsa Família, o que pressagia uma devastação social.
“É como se tivéssemos aberto as portas do inferno, não tínhamos ideia do que isso poderia causar”, disse a presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
Qualquer pessoa que esteja no mundo há mais de meia hora sabe que o jogo, sem uma regulamentação forte, traz alcoolismo, drogas, desemprego, prostituição, ruína financeira para famílias inteiras e crimes de todos os tipos. Mas o grupo do Congresso Nacional — que, como sabemos, não tem noção — achou que seria uma boa ideia lançar o jogo de forma geral… na Internet (!) E o governo (tanto este como o anterior) não pagou o suficiente atenção.
Como esperado, deu errado. E foi muito ruim.
O governo quer agora resolver o problema proibindo os membros da Cadastro Único para Programas Sociaisque reúne 44% da população, para utilizar os seus benefícios para jogar.
Vai ser ruim de novo. Perguntar não ofende:
- E os outros 56% da população? Está tudo bem para eles terminarem?
- Se o governo pensa que o jogo é tão mau que quer proibir metade da população de jogar, qual é o seu argumento para deixar o resto da população jogar?
- O Bolsa Família funciona porque entrega o dinheiro nas mãos dos cidadãos, e eles decidem o que fazer. Se ele for proibido de usar seu dinheiro para jogar, quanto tempo levará até que alguém queira proibi-lo de comprar álcool, tabaco, alimentos ultraprocessados ou o que quer que seja?
- Como esta proibição será implementada na prática? Como evitar que os cidadãos aluguem seus CPFs, ou pratiquem outros tipos de fraudes, para que seus vizinhos possam jogar?
- Sem falar que permitir que algo seja oferecido a todos e depois banir uma parcela da população — justamente a mais vulnerável — é insultuoso e autoritário.
O jogo, tal como o consumo de álcool, tabaco e outras drogas, é uma actividade viciante e funciona melhor para restringir a oferta do que para proibir a procura. Existem muitas maneiras de fazer isso, aqui estão algumas:
- Crie regras rígidas para sites que oferecem jogos de azar e monitore-os rigorosamente
- Proibir publicidade e promoções
- Impedir o acesso de crianças (é possível estimar a idade do usuário por meio de questionários online)
- Limite o tempo on-line
- Limite o número de apostas em um determinado intervalo de tempo
- Limitar os horários em que o jogo é permitido, como já fazem alguns países (é mais comum que as pessoas se sintam solitárias, deprimidas ou drogadas e tenham tendência a jogar, à noite e de manhã cedo)
- Forçar os sites a alertar que o jogo é viciante e apresenta riscos
- Exigir que sites ofereçam apoio psicológico (de terceiros aprovados pelo Ministério da Saúde)
- Forçar os sites a alertar os usuários sobre o quanto eles perderam
- Crie cadastros para que os usuários possam se banir
- Proibir jogos de azar com cartões de crédito (sem empréstimos para jogar), como alguns países já fazem
- Limite o uso do PIX
- Promova campanha de conscientização sobre riscos
O jogo é uma coisa séria e arriscada, medidas como estas (e outras) deveriam ter sido discutidas quando a lei foi aprovada, mas as autoridades estavam mais interessadas em aumentar as receitas, e os fundos delas decorrentes, e em fazer lobby junto dos empresários do sector. Antes tarde do que nunca, é melhor discuti-los agora do que acreditar em soluções mágicas.
(Por Ricardo Rangel em 30/09/2024)
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