31/10/2024 – 14h03
Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Debatedores defenderam a importância de aumentar a renda dos professores
Representantes dos professores defenderam, em debate na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados nesta quinta-feira (31), que a categoria seja isenta do pagamento do Imposto de Renda. Para os participantes, a medida seria uma forma de valorizar os profissionais da educação. Atualmente, segundo o deputado Prof. Reginaldo Veras (PV-DF), que solicitou o debate, mais de 60% dos professores ganham apenas o salário mínimo da categoria, atualmente R$ 4.580.
O diretor jurídico do Sindicato dos Professores dos Estabelecimentos de Ensino Privados do Distrito Federal (Sinproep), Rodrigo de Paula, disse que a isenção do Imposto de Renda seria especialmente importante para os profissionais da rede privada. Isso porque, conforme explicou, na rede privada os professores não têm garantia de salário mínimo, e muitas vezes trabalham em mais de uma escola, o que significa pagar ainda mais imposto.
“Os professores compõem seu salário com base na jornada de trabalho e nas negociações coletivas. É a única categoria cujo salário é por hora: sem jornada de trabalho não há garantia de salário”, afirma. A consequência é que o professor tem que trabalhar em diversas escolas para conseguir um salário que se aproxime do mínimo nacional na rede pública de ensino. “Quando o professor atua em mais de uma escola, a Receita Federal já tributa de diferentes fontes pagadoras”, explica Rodrigo de Paula.
Medida inconstitucional
Apesar de reconhecer a necessidade de medidas de valorização do trabalhador docente, o diretor de programas da Secretaria de Articulação Intersetorial com Sistemas Educacionais do Ministério da Educação (MEC), Armando Amorim Simões, alertou que isentar os professores do Imposto de Renda é inconstitucional. Ele explicou que a Constituição Federal proíbe expressamente a concessão de benefícios fiscais por categorias profissionais.
Armando Simões esclareceu ainda que a arrecadação do imposto de renda pago pelos servidores estaduais e municipais constitui receita desses entes federados. Portanto, uma lei federal não poderia promover a isenção pretendida, pois também iria contra a Constituição.
O vice-professor Reginaldo Veras propôs então que o texto constitucional fosse modificado. “A gente aprova aqui uma PEC atrás da outra quando é para beneficiar os empresários, para dar isenção de impostos para as grandes empresas. Por que os pobres e a classe média têm que pagar impostos, e muito, enquanto quem tem mais fortuna não paga ?” ele perguntou.
Conta
O deputado Rubens Otoni (PT-GO), autor do Projeto de Lei 165/22, que concede isenções aos professores, destacou a necessidade de promover o debate para chegar a um consenso com o Executivo, a fim de construir uma legislação viável. O parlamentar destacou ainda que a história mundial mostra a importância do investimento na educação para o desenvolvimento dos países.
Segundo Armando Amorim Simões, do MEC, o Brasil tem um déficit de 40 mil professores. Se o cálculo levar em conta educadores sem formação adequada às disciplinas que ministram, a demanda sobe para 200 mil profissionais.
Segundo a deputada professora Goreth (PDT-AP), dados do Banco Mundial mostram que cada ano adicional de escolaridade da população aumenta em até 10% o PIB de uma nação.
Relatório – Maria Neves
Edição – Rachel Librelon
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