O procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou uma Ação Direta de Inconstitucionalidade ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a derrubada das chamadas “emendas do Pix”.
Nesse tipo de emenda, deputados e senadores enviam recursos diretamente para os cofres dos estados e municípios, sem a necessidade de definir para que serão destinados os recursos.
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Gonet afirma que a alteração, formalmente denominada transferência especial, “não é admissível, pois implica perda de transparência e rastreabilidade dos recursos atribuídos”.
“O método reduz a capacidade de controle da aplicação de recursos federais, prejudicando o planejamento orçamentário da União”, afirma o procurador-geral.
Diz ainda, na mesma ação, que esse tipo de transferência é um potencial “instrumento que distorce as práticas republicanas de relacionamento entre agentes públicos, proporcionando o benefício de interesses diferentes daqueles que a atividade política deveria perseguir”.
Como medida cautelar, Gonet pede ao STF a suspensão desse tipo de financiamento. O pedido final do procurador-geral é que o tribunal declare inconstitucional a emenda do Pix.
Essa modalidade de repasse soma cerca de R$ 8,2 bilhões em 2024 e é direcionada principalmente às prefeituras.
Na prática, o recurso serve para reforçar os cofres municipais com uma espécie de cheque em branco. Os parlamentares usam até os recursos para aumentar os cofres do governo administrados por parentes.
A alteração Pix foi criada em 2019 e foi incluída no Orçamento do ano seguinte. Em geral, os parlamentares podem destinar parte de suas emendas individuais para esse tipo de transferência. Existem algumas limitações, como o veto ao pagamento da folha de pagamento.
Em 2020, foram repassados R$ 621 milhões por meio do aditivo Pix. O valor chegou a R$ 7 bilhões no ano passado.
Em 2024, antes da suspensão de novas transferências imposta pela legislação eleitoral, o governo pagou R$ 4,4 bilhõesum valor que corresponde a mais da metade do Alterações Pix planejado para o ano.
Na ação apresentada ao STF, Gonet afirma ainda que esse tipo de emenda reduz o poder do Executivo federal de organizar o orçamento.
“Também é necessário tolerar a entrega de recursos a outro ente da Federação de forma direta, sem prévia assinatura pelo mesmo Executivo Federal de acordo, convênio, ajuste ou instrumento similar. o programa, o projeto ou a atividade a ser promovida com os recursos alocados, o valor pertence simplesmente ao ente político beneficiário do simples repasse”, afirmou Gonet.
Contexto
A falta de transparência na execução das emendas parlamentares voltou à pauta do STF este ano, cerca de dois anos depois de o Supremo declarar inconstitucional a chamada emenda do relator. O valor derrubado pela Justiça havia se tornado a principal moeda de troca nas negociações entre o Congresso e o governo Bolsonaro.
Na semana passada, o ministro Flávio Dino determinou a suspensão do pagamento de recursos que ainda são entregues sem transparência. Na terça-feira (8/6), o Congresso Nacional informou ao STF que não conseguiu identificar os parlamentares autores dos pedidos originais de emendas da comissão.
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