Os principais líderes políticos do país, Lula e JairBolsonaro delineou diferentes objetivos para as eleições municipais deste ano. De olho na reeleição, o presidente determinou PT abrir mão de candidatura em importantes colégios eleitorais em nome de partidos aliados, na esperança de que estes, na próxima disputa pelo Palácio do Planalto, integrem a coligação que será montada para tentar renovar seu mandato.
O capitão priorizou reforçar sua liderança na direita. Declarado inelegível até 2030, o ex-presidente faz de tudo para evitar ser considerado nova página e manter mobilizada a sua base de apoio popular e parlamentar, o que é fundamental para o seu plano de reconquistar o direito de disputar eleições —preferencialmente, ainda em 2026.
De certa forma, Lula e Bolsonaro alcançaram esses objetivos maiores até agora. O PT foi devidamente enquadrado, e o ex-presidente escolheu e vetou candidatos mesmo em municípios pequenos. Apesar disso, os dois, que compartilhavam o mesmo desejo de demonstrar força, correm o risco de sofrer uma grave derrota neste domingo, quando será realizado o primeiro turno.
A força dos padrinhos
Nesta campanha, Lula apostou alto na candidatura do deputado federal Guilherme Boulos (PSol) a prefeito de São Paulo. O presidente queria sair vitorioso do que seria uma espécie de confronto direto, na maior cidade do país, com Bolsonaro, que depois de idas e vindas decidiu apoiar a candidatura à reeleição de Ricardo Nunes (MDB).
A nacionalização da disputa não ocorreu como esperavam. Pior: Boulos e Nunes, inicialmente considerados favoritos, não têm vaga garantida no segundo turno. Segundo pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira, 3, o deputado tem 26% das intenções de voto, enquanto o prefeito tem 24%, mesmo percentual de Pablo Marçal (PRTB). Ou seja: há uma situação de triplo empate técnico. Dos três, apenas dois chegarão à fase final de votação.
Se Boulos atrapalhar, Lula será derrotado em sua aposta principal. Se Nunes não avançar, o revés será de Bolsonaro, que ainda terá que lidar com o sucesso de Marçal, que se diz aliado do capitão mas, segundo alguns importantes apoiadores de Bolsonaro, quer mesmo tirar o poder do ex-presidente. lugar na liderança do campo da direita e concorrer ao Planalto em 2026. Mesmo que Boulos e Nunes passem ao segundo turno, a influência de Lula e Bolsonaro não terá sido tão grande quanto ambos projetavam.
O ex-presidente está ameaçado por um duplo fracasso. Ele nunca escondeu que sua prioridade são as eleições no Rio de Janeiro, segundo maior colégio eleitoral do país. Lá foi indicado para prefeito o deputado federal Alexandre Ramagem (PL), que, apesar do crescimento recente, ainda não tem vaga garantida no segundo turno. Segundo pesquisas, o prefeito Eduardo Paes (PSD) provavelmente vencerá no primeiro turno.
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