BRASÍLIA, DF E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, foi a autoridade que mais utilizou aeronaves da FAB (Força Aérea Brasileira) em viagens em 2024.
O ministro realizou pelo menos 143 voos de janeiro a dezembro. As viagens em aeronaves oficiais eram justificadas por questões de “segurança” ou “serviço”.
As rotas solicitadas por Barroso incluem voos de Miami a Brasília, nos primeiros dias do ano, além de viagens nacionais.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), viajou pelo menos 126 vezes, sendo o segundo funcionário que mais utilizou aeronaves. O deputado foi para Salvador e Rio de Janeiro em voo da FAB no último Carnaval.
O ranking de utilização de aeronaves da FAB foi publicado pelo jornal O Globo e confirmado pela Folha de S.Paulo.
Terceiro passageiro mais frequente neste tipo de voo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), fez pelo menos 126 viagens.
A seguir, Ricardo Lewandowski realizou pelo menos 91 voos desde fevereiro, quando se tornou ministro da Justiça.
Ainda há 91 voos em que a FAB não indica quais passageiros estavam. Afirma apenas que a aeronave estava “à disposição do Ministério da Defesa”. Esse tipo de voo foi o quinto mais frequente no ano passado, atrás dos solicitados por Barroso, Lira e Haddad e empatado com Lewandowski.
Em 2024, os ministros utilizaram voos da FAB mais de 1.100 vezes. Em alguns casos, membros do mais alto escalão do governo partilhavam aeronaves.
Ainda há espaço para outras autoridades e pessoas de fora do governo pegarem carona nesses voos. Em agosto, a advogada Viviane Barci, esposa do ministro do STF Alexandre de Moraes, foi de Brasília a São Paulo em voo solicitado por Haddad, conforme revelou o portal Metrópoles.
Decreto da Presidência da República de 2020 estabelece que autoridades como ministros de Estado e presidentes do Congresso e da Câmara podem solicitar transporte aéreo em aeronave do Comando da Aeronáutica.
A regra também estabelece que as solicitações serão tratadas por ordem de prioridade envolvendo emergências médicas, motivos de segurança e motivos de viagens de negócios.
Afirma ainda que cabe à autoridade requerente “analisar a efetiva necessidade de utilização de aeronaves do Comando da Aeronáutica em substituição aos voos comerciais”. “Sempre que possível, as aeronaves serão compartilhadas por mais de uma das autoridades”, afirma outro trecho do decreto.
Em 2023, o atual presidente da Câmara havia liderado voos em aeronaves da FAB, com 137 implantações.
A presidência do Supremo solicitou voos oficiais em 82 ocasiões em 2023. Até o final de setembro daquele ano, a chefia do STF era ocupada pela ministra Rosa Weber.
O Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu, em maio do ano passado, que informações sobre fugas de altas autoridades, como o presidente da República, o vice-presidente, os presidentes dos demais Poderes, bem como ministros do STF e Procurador-Geral da República.
O argumento apresentado pelo tribunal de contas é que a divulgação de informações, como listas de passageiros de voos, poderia colocar em risco a segurança das autoridades superiores.
Os voos do presidente Lula, por exemplo, nem sequer são mencionados nos dados da FAB sobre a utilização de aeronaves oficiais. O governo também colocou sob sigilo as listas de passageiros das viagens do Presidente da República.
A utilização em larga escala de aeronaves da FAB é uma prática que atravessa governos. Ao assumir a Presidência em 2019, Jair Bolsonaro (PL) prometeu endurecer regras, mas ministros de seu governo levaram de tudo, desde parentes até pastores e lobistas, em voos oficiais em aeronaves oficiais.
A reportagem procurou as referidas autoridades para comentar o assunto.
O Ministério da Justiça disse, em nota, que todos os voos foram solicitados por questões de segurança, “de acordo com o disposto no Decreto nº 10.267, de 5 de março de 2020, que dispõe sobre o transporte aéreo de autoridades do Comando da Aeronáutica”. Aeronáutica”.
O Ministério das Finanças citou ainda o decreto de 2020 e a lei de 1990, sobre o regime jurídico dos funcionários públicos na União, dizendo que utiliza os voos de acordo com o disposto na lei.
“A solicitação é feita com base na legislação, com o apoio logístico do Comando da Aeronáutica, e de acordo com a necessidade de deslocamento em horários de acordo com os compromissos programados”, disse.
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O ministério destacou ainda que possui dois escritórios fora de Brasília, incluindo um em São Paulo, onde Haddad costuma ter horário às sextas-feiras.
Os demais não responderam até a publicação da reportagem.
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