27/11/2024 – 18h30
Renato Araújo/Câmara dos Deputados
Debate aconteceu na Comissão de Minas e Energia
O presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, afirmou nesta quarta-feira (27) que o órgão não interfere na Petrobrás, mas sim trabalha em parceria com a empresa. Segundo ele, a análise para licenciamento da exploração de petróleo na Foz do Amazonas, parte da Margem Equatorial, será concluída assim que for comprovada a segurança do projeto.
As declarações foram feitas em audiência pública na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados.
800 licenças
“O Ibama não atrapalha, 100% da produção de petróleo no Brasil é licenciada pelo Ibama. O órgão não foi responsável pelo bloqueio da produção de petróleo até o momento”, disse, lembrando que, entre 2003 e 2024, 800 licenças e foram emitidas autorizações para a Petrobras.
“Não temos apenas esse bloco licenciado pela Petrobras. offshore do Brasil é feito com o Ibama. Todos os dias assino licenças para a Petrobras”, acrescentou Agostinho.
Segundo ele, o atual impasse na aprovação do licenciamento na chamada Margem Equatorial se deve à falta de infraestrutura no Amapá para conter eventuais acidentes relacionados à exploração da petroleira. Neste momento, a Petrobras apresentou proposta para construção de um ponto de apoio no Oiapoque, que está em análise pelo Ibama.
Região remota
“O principal é que possamos garantir a segurança desta atividade onde quer que ela esteja”, disse. Ele lembrou que, diferentemente do que acontece na bacia de Santos, que possui estrutura portuária, a Margem Equatorial é considerada uma região remota e pouco explorada.
Ainda sobre as condições de licenciamento na área, o presidente do Ibama disse que o órgão busca reduzir riscos, mitigar impactos, compensar impactos não mitigáveis e dar segurança jurídica: “O que se busca no processo de licenciamento é sempre a melhoria contínua e, obviamente, as licenças são emitidas quando o projeto é ambientalmente viável”.
Renato Araújo/Câmara dos Deputados
Júnior Ferrari destacou competência e experiência comprovadas da Petrobras em exploração em águas profundas
Atraso económico
Durante o debate, especialistas e deputados questionaram a demora no licenciamento ambiental e os seus impactos negativos no desenvolvimento económico da região.
Em 2023, o Ibama recusou a licença para exploração do bloco FZA-M-59, localizado na Bacia da Foz do Amazonas (veja infográfico abaixo). Contudo, o potencial de exploração da área já havia sido identificado em 2004, quando foram estimadas reservas de 10 bilhões de barris de petróleo. No total, o projeto custaria R$ 280 bilhões e geraria 350 mil empregos.
Com base nesses números, o diretor da área de petróleo e gás natural do Ministério de Minas e Energia, Jair Rodrigues dos Anjos, defendeu a urgência na aprovação da licença. “Há dez anos que não há exploração lá porque não foram emitidas as licenças ambientais. Se tivermos previsibilidade, estabilidade regulatória, atraímos investimento e é possível desenvolver aquela região basicamente com investimento privado”, disse.
Perda de receita
Segundo ele, sem novas descobertas, o Brasil poderá se tornar importador de petróleo até 2040. O diretor do MME também estimou em R$ 3 trilhões a perda de receita acumulada, entre 2032 e 2055, sem a perfuração de novos poços.
Na mesma linha, falou o deputado Júnior Ferrari (PSD-PA), um dos autores do pedido de realização da sabatina. “O país tem urgência nessa exploração de petróleo, principalmente porque está comprovada a competência e experiência da Petrobras na exploração em águas profundas”, afirmou.
Na visão do deputado Sidney Leite (PSD-AM), esta iniciativa pode contribuir para mudar a realidade da região. “A Amazónia não é algo que apenas olhamos e admiramos. Lá vivem homens, mulheres, jovens, crianças e idosos que têm direito a viver com dignidade, e não há incoerência entre desenvolvimento económico e sustentabilidade ambiental”, reforçou o parlamentar.
A favor do licenciamento da Margem Equatorial, a deputada Silvia Waiãpi (PL-AP) defendeu a redução das áreas reservadas aos povos indígenas no Amapá. Segundo ela, a atual organização do território contribui para o subdesenvolvimento económico da região.
“A legislação diz que na região amazônica precisamos ter a nossa reserva legal de 80%, enquanto no Sudeste, Sul e Centro-Oeste a reserva legal é de 20%. Então, os estados do Norte já foram condenados à pobreza por interesses internacionais”, argumentou.
Reportagem – Emanuelle Brasil
Edição – Georgia Moraes
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